Estudo aponta para necessária promoção de candidaturas femininas por partidos — Rádio Senado
Eleições

Estudo aponta para necessária promoção de candidaturas femininas por partidos

Diversos entraves para a participação da mulher na política podem ser amenizados com a atuação dos partidos para promoverem as candidaturas femininas. Professora da Universidade de Brasília e responsável por pesquisa realizada em parceria com o Observatório Nacional da Mulher na Política, vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, Flávia Birolli ressalta o apoio partidário para as candidatas, que inclui os recursos financeiros. O instrumento também é apontado como essencial pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

12/09/2022, 18h50 - ATUALIZADO EM 12/09/2022, 18h50
Duração de áudio: 02:57
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Transcrição
O APOIO PARTIDÁRIO PARA CANDIDATAS, INCLUSIVE FINANCEIRO, PODE SUPERAR AS DIFICULDADES PARA A REPRESENTATIVIDADE FEMININA NA POLÍTICA. TEMPO DISPONÍVEL DAS MULHERES, PREDOMÍNIO DE HOMENS NAS ESTRUTURAS DOS PARTIDOS E VIOLÊNCIA POLÍTICA SÃO ALGUNS DOS DESAFIOS ATUAIS. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO. Pesquisa em parceria entre o Observatório Nacional da Mulher na Política, vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara, e o Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília demonstra a necessidade de os partidos políticos promoverem candidaturas femininas. Professora da UnB, Flávia Birolli coordena o estudo e aponta as dificuldades para a participação feminina na política, como a divisão sexual do trabalho que leva as mulheres a assumirem mais responsabilidades no cotidiano, restringindo sua disponibilidade de tempo. Mas a professora afirma que há momentos críticos de construção das carreiras políticas femininas, que são a definição das candidaturas e quando elas precisam de apoio dos partidos para se tornarem efetivas. Em entrevista à Rádio Câmara, Flávia Birolli argumentou que as mulheres já participam da política em outros espaços, como movimentos sociais, sindicatos e, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, são 45% dos filiados nos partidos políticos. Para a pesquisadora, o maior entrave para aumentar a representatividade feminina nos cargos políticos está ligado a um problema histórico e estrutural dos partidos: Flávia Birolli Há um ponto central que é o fato de que os partidos políticos historicamente tiveram ampla maioria masculina no controle dos seus recursos e na ocupação dos espaços: candidaturas e cargos eletivos e não eletivos. Então na reprodução desse equilíbrio de poder o que a gente vê é que os partidos políticos são espaços difíceis para as mulheres, pra não dizer hostis, de construção das carreiras políticas. A senadora Eliziane Gama, do Cidadania do Maranhão, considera que há um engajamento muito maior das mulheres na política atualmente, estando atentas para a importância que têm no fortalecimento da democracia no país. No seminário Mais mulheres na política, realizado no Senado no primeiro semestre deste ano, Eliziane falou sobre sua trajetória e opinou sobre o assunto: Eliziane Gama Eu entrei na vida pública aos 28 anos de idade. E, às vezes, algumas pessoas chegam para mim, sobretudo as mulheres, e dizem: ‘Eliziane, eu acho que a gente não vai conseguir, porque é tudo muito difícil’. E não é fácil mesmo. Quando eu vim para Brasília, ainda como deputada federal, eu deixei minhas duas filhas no Maranhão com sete e oito anos de idade. Vocês imaginem o que é deixar duas crianças em casa, tendo que ficar três, quatro ou, às vezes, cinco dias longe delas. E, por não ser fácil, às vezes, há um desânimo em muitas delas, por falta de recursos. É muito bom destacar: é necessário, na verdade, o acesso ao recurso eleitoral. A professora Flávia Birolli avalia que outro obstáculo para a participação das mulheres é o fenômeno da violência política, que não é novo mas agora é tipificado na legislação. Para a pesquisadora, o problema restringe a representatividade feminina e compromete a democracia. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

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