Brasil pode reconhecer Holodomor, genocídio ucraniano há 90 anos — Rádio Senado

Brasil pode reconhecer Holodomor, genocídio ucraniano há 90 anos

O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) apresentou o Projeto de Lei 423/2022, que propõe o reconhecimento oficial pelo Brasil do Holomodor. O genocídio ucraniano, entre 1932 e 1933, aconteceu durante o regime comunista soviético, que confiscava toda a produção de grãos dos camponeses. Historiadores estimam que entre 3 e 10 milhões de ucranianos tenha morrido de inanição neste período. O projeto institui o quarto sábado de novembro como Dia de Memória do Holodomor.

07/03/2022, 15h50 - ATUALIZADO EM 07/03/2022, 15h50
Duração de áudio: 02:34
Alexander Wienerberger / Wikipedia

Transcrição
O SENADOR ALVARO DIAS APRESENTOU UMA PROPOSTA PARA QUE O BRASIL RECONHEÇA OFICIALMENTE O GENOCÍDIO UCRANIANO OCORRIDO HÁ 90 ANOS. O CHAMADO HOLODOMOR FOI A MORTE POR FOME DE MILHÕES DE UCRANIANOS NO REGIME SOVIÉTICO, QUE CONFISCAVA A PRODUÇÃO DE CAMPONESES. A  REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA. O senador Alvaro Dias, do Podemos do Paraná, apresentou um projeto de lei que propõe o reconhecimento oficial pelo Brasil do Holodomor. A palavra significa, em ucraniano, morte por fome, e se refere à crise alimentar generalizada que atingiu a Ucrânia, entre 1932 e 1933, durante o regime comunista soviético. Josef Stalin adotou uma política que obrigava camponeses a entregar sua produção de grãos e cereais, com campanhas de confisco em grande escala. Na época, a Ucrânia era conhecida como o celeiro da Europa e a exportação de grãos poderia financiar a política de industrialização da União Soviética. Historiadores ucranianos consideram se tratar de uma política de extermínio deliberado para acabar com a resistência contra o regime comunista e impedir a criação de um estado ucraniano independente. Eles estimam que entre 3 e 10 milhões de ucranianos tenha morrido de inanição neste período. Para o Alvaro Dias, o genocídio deve ser reconhecido independentemente do número de mortos, mas pelo extermínio proposital dos ucranianos. Os historiadores divergem em relação ao número, não importa quantos na verdade. Mais de 3 milhões de ucranianos mortos pela forme, trata inevitavelmente de um genocídio, um crime hediondo contra a humanidade. No Brasil, o STF decidiu em 2006 pela condenação por genocídio de garimpeiros no caso Haximu, comunidade Yanomami na fronteira com a Venezuela. Foi o que lembrou o presidente da Representação Central Ucraniana-Brasileira, Vitorio Sorotiuk. Você tem razão, Alvaro Dias. Não é o quantitativo que vai definir se é genocídio ou não. Nós tivemos aqui no Brasil, no STF, condenação por genocídio por garimpeiro quanto aos indídios Yanomami. Não foram muitos que morreram, foram só oito. Mas assim mesmo caracteriza genocídio. O projeto institui o quarto sábado de novembro como Dia de Memória do Holodomor. No texto, ele justifica que o reconhecimento do genocídio pelo Brasil é uma manifestação à memória das vítimas, especialmente para os 600 mil descendentes de ucranianos que vivem no País. Entre os países que já reconhecem o genocídio ucraniano estão Austrália, Canadá, Argentina, Estônia, México e Polônia. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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