CCT discute extinção do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada — Rádio Senado
Comissões

CCT discute extinção do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada

A Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) discutiu em audiência pública, nesta segunda-feira (25), a decisão do governo de extinguir o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), uma empresa pública de semicondutores. Ao defender que a atividade seja feita pelo setor privado, a secretária do Programa de Parceria e Investimentos (PPI), Martha Seillier, explicou que a extinção vai ocorrer porque a empresa é deficitária. Já o ex-diretor técnico da Associação Civil do Ceitec Sérgio Bampi afirmou que o centro de pesquisa faz parte de uma política de Estado para o desenvolvimento tecnológico do país. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que é presidente da Frente Parlamentar de Ciência e Tecnologia, vai se reunir com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e com a ministra Ana Arraes, presidente do Tribunal de Contas da União, para tentar evitar a extinção do Ceitec.

25/10/2021, 17h19 - ATUALIZADO EM 25/10/2021, 17h19
Duração de áudio: 02:49
Acervo CEITEC

Transcrição
EM AUDIÊNCIA PÚBLICA NESTA SEGUNDA-FEIRA NA COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, REPRESENTANTES DO GOVERNO JUSTIFICARAM A EXTINÇÃO DA ESTATAL CEITEC, EMPRESA DE SEMICONDUTORES DO BRASIL. ESPECIALISTAS TÉCNICOS QUE PARTICIPARAM DO DEBATE CONSIDERARAM A DECISÃO EQUIVOCADA E DEFENDERAM PARCERIAS COM O SETOR PRIVADO. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. Criado em 2008, o Ceitec, Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, é a única empresa de semicondutores no Brasil e é considerado o centro de microeletrônica mais avançado da América Latina. Em dezembro 2020, o presidente Jair Bolsonaro decretou a sua extinção. A secretária do Programa de Parceria e Investimentos, Martha Seillier, explicou que o governo decidiu liquidar em vez de vender a empresa por ser deficitária. Segundo informou, as receitas da empresa não chegam nem a 10% das despesas. Martha defendeu a atuação privada na área de microtecnologia. Eu gostaria muito que a Ceitec tivesse justificado o investimento que foi feito. E a gente está diante de um antagonismo. O setor que é mais dependente de tecnologia, de celeridade, de tomada de decisão rápida, de pensar fora da caixa, como um setor relativo aos semicondutores, depende de uma gestão privada, eficiente, rápida e é nesse modelo que a gente acredita.   Já para o pesquisador e ex-diretor técnico da Associação Civil do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, Sérgio Bampi, o Ceitec faz parte de uma política de Estado para o desenvolvimento tecnológico do país e precisa receber investimentos públicos e privados. E citou países como China, Alemanha e Japão, potências tecnológicas que receberam investimentos estatais. Se o Estado sinaliza, através da venda e liquidação abrupta de um patrimônio como esse, estratégico, o Estado dá a sinalização errada para o investimento privado. E o Ministério da Economia está equivocado na metodologia de avaliação desse investimento. E digo mais: está equivocado numa visão estratégica. Porque essas economias desenvolvidas fazem essas atividades financiadas também pelos governos. O senador Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal, que pediu a audiência e é presidente da Frente Parlamentar de Ciência e Tecnologia, defendeu a manutenção do Ceitec. Há um descompasso, não tenho nenhuma dúvida, da economia com a ciência e tecnologia. E se a gente quer um país desenvolvido, só tem uma solução: ciência, tecnologia, inovação, pesquisa, educação de qualidade. Tem que ter a parceria público-privada e é isso que vamos buscar. Vamos lutar para que não haja continuidade da liquidação, que haja um outro modelo, alguma solução. O senador Izalci anunciou que vai se reunir com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e com a ministra Ana Arraes, presidente do Tribunal de Contas da União, para evitar a extinção do Ceitec. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

Ao vivo
00:0000:00