Debatedores denunciam descaso do governo federal com patrimônio mundial que marca a luta contra a escravidão — Rádio Senado
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Debatedores denunciam descaso do governo federal com patrimônio mundial que marca a luta contra a escravidão

Debatedores denunciaram, na Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados, o descaso do governo federal com o Cais do Valongo, patrimônio mundial que marca a luta contra a escravidão. O local histórico, no Rio de Janeiro, foi a maior porta de entrada de escravos em todo o mundo e faz parte da identidade brasileira. O presidente do colegiado, Paulo Paim (PT-RS), apresentou um projeto (PL 2000/2021) com diretrizes para a preservação do sítio arqueológico.

22/10/2021, 19h00 - ATUALIZADO EM 22/10/2021, 19h04
Duração de áudio: 02:03
Agência Brasil/Tomaz Silva

Transcrição
DEBATEDORES DENUNCIAM DESCASO DO GOVERNO FEDERAL COM PATRIMÔNIO MUNDIAL QUE MARCA A LUTA CONTRA A ESCRAVIDÃO. O CAIS DO VALONGO, NO RIO DE JANEIRO, FOI A MAIOR PORTA DE ENTRADA DE ESCRAVOS EM TODO O MUNDO E FAZ PARTE DA IDENTIDADE BRASILEIRA. REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO. Descoberto em 2011 durante obras na zona portuária do Rio de Janeiro, o sítio arqueológico do Cais do Valongo foi a maior porta de entrada de escravos africanos em todo o mundo e um dos principais vestígios materiais do tráfico de pessoas na América Latina. Por sua importância histórica e cultural, a Unesco reconheceu as ruínas como patrimônio mundial em 2017. O antropólogo Milton Guran, que coordenou o dossiê da candidatura do cais junto à Unesco, lembrou que ele é um sítio arqueológico de caráter sensível, mesma categoria de Auschwitz, campo de concentração alemão da segunda guerra mundial. Trata-se de um crime contra a humanidade. E esse crime ele se perpetua nas suas consequências. Então a patrominialização do Valongo é sobretudo uma ação de reparação que o Brasil deve a mais de metade da sua população. E que só será completa quando só conseguirmos instituir o Museu do Valongo para que mais da metade da nossa população possa realmente ter orgulho de ter construído essa nação. A preservação do local, no entanto, vem sendo negligenciada pelo governo federal, denunciou o procurador da República Sergio Suiama. O cenário é de descaso, sem limpeza, iluminação ou mesmo placas informativas para turistas que visitam o local. Mas o mais grave, segundo Sergio Suiama, é que que o comitê gestor, criado em 2018, foi extinto em 2019 por um decreto presidencial. A posição do Iphan, infelizmente, é uma posição lamentável. Já depois de garantido o título, eles querem alterar a regra e negar a participação do título nesse comitê gestor. Isso além de não ser correto do ponto de vista técnico, é ilegal na medida em que ele implica uma modificação unilateral de um compromisso assumido com uma organização internacional por ocasião do reconhecimento do cais do Valongo como patrimônio mundial. Os participantes manifestaram apoio a um projeto que cria diretrizes para a proteção do Cais do Valongo. O autor senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, se comprometeu ainda a mobilizar o colegiado para buscar recursos para a preservação do sítio histórico. Da Rádio Senado, Roberto Fragoso.

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