Empresário alega liberdade de expressão nas postagens contra a ciência e a favor do governo Bolsonaro — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Empresário alega liberdade de expressão nas postagens contra a ciência e a favor do governo Bolsonaro

O empresário Otávio Fakhoury negou ser propagador de notícias falsas e de discurso de ódio. Mas defendeu postagens contrárias à vacinação e favoráveis ao kit covid. E alegou perseguição por ser ativista político da direita. Apesar de destacar discordância com o empresário, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) alertou para desrespeito à liberdade de expressão. Argumento rebatido por Rogério Carvalho (PT-SE), que citou o cometimento de crime.

30/09/2021, 20h28 - ATUALIZADO EM 30/09/2021, 20h28
Duração de áudio: 03:16
Leopoldo Silva/Agência Senado

Transcrição
EMPRESÁRIO NEGA POSTAGENS DE FAKE NEWS E CONTRÁRIAS À DEMOCRACIA E SE DIZ PERSEGUIDO POR SER ATIVISTA POLÍTICO. GOVERNISTAS ALEGAM LIBERDADE DE EXPRESSÃO, MAS OPOSIÇÃO ALERTA QUE NOTÍCIAS FALSAS SOBRE A PANDEMIA CONFIGURAM CRIME. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. O empresário Otávio Fakhoury negou a acusação de ser propagador de notícias falsas e de discurso de ódio. Ele confirmou postagens nas redes sociais em que se manifesta contrariamente à vacinação e ao uso de máscaras e favoravelmente ao chamado kit covid e à tese da imunidade de rebanho com base em experiências próprias. Disse que são opiniões pessoais dentro do direito de liberdade de expressão. Otávio Fakhoury declarou que não é amigo do presidente Bolsonaro, mas confirmou proximidade com o deputado federal Eduardo Bolsonaro e doações de campanha nas eleições de 2018 e recentemente de atos em favor do governo. Sobre o Instituto Força Brasil, que intermediou um suposto contrato da Astrazeneca junto ao Ministério da Saúde por meio de vendedores de vacina, Otávio Fakhoury disse ser vice-presidente e financiador do IFB, mas negou participação nas postagens antidemocráticas e contrárias à ciência. O empresário é investigado pelo Supremo Tribunal Federal no inquérito das Fake News, mas alegou perseguição por ser um ativista político. É muito claro e evidente uma perseguição ao ponto de vista, ao campo de ideias conservador. Inclusive, a manifestação do procurador Augusto Aras, quando analisou os mesmos tuítes que foram colocados aqui, disse que ainda que sejam manifestações ásperas, que não constituíam um crime. Então, esse parecer existe. A forma que eu entendo, é que estão criminalizando a opinião no Brasil.   Ao afirmar que discorda de muitos posicionamentos de Otávio Fakhoury, o senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, alertou para uma tentativa de censura porque o empresário defende o governo. Isso representa uma garantia de voz aos cidadãos na manifestação de suas várias correntes político-ideológicas presentes na sociedade. A liberdade de expressão funciona como um termômetro do Estado democrático. Quando a liberdade de expressão começa a ser cerceada, a tendência é que se torne um Estado autoritário. O ex-presidente da República falou uma asneira. E aí? Eu vou cercear a liberdade dele? O presidente atual também fala asneira. Eu vou cercear a liberdade dele?  Já o senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, rebateu o argumento da liberdade de expressão. Uma coisa é liberdade de expressão, a outra coisa é estimular, levar as pessoas a terem um comportamento que coloca em risco a sua vida e a vida de outros. Oo depoente de hoje também contribuiu para que houvesse 596.163 mortes. Ele não exerceu liberdade de expressão, ele formou a opinião que gerou comportamento de risco de morte nas pessoas. E isso é crime. Otávio Fakhoury confirmou um contrato com a Petrobras de locação de um imóvel, mas negou que o dinheiro seja usado para impulsionar sites bolsonaristas. Ele também saiu em defesa da Prevent Senior e disse que tinha a intenção de lançar um aplicativo de teleconsulta para prescrição do kit covid, a exemplo do Tratecov do Ministério da Saúde, que acabou cancelado.  Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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