CPI convoca ex-mulher de Bolsonaro por envolvimento com lobista suspeito de fraude no Ministério da Saúde — Rádio Senado
CPI da Pandemia

CPI convoca ex-mulher de Bolsonaro por envolvimento com lobista suspeito de fraude no Ministério da Saúde

Por sugestão do senador Alessandro Vieira (Cidadania – SE), a CPI da Pandemia aprovou a convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro, por ligação com o lobista Marconny Faria. Em depoimento, ele responsabilizou a empresa Precisa Medicamentos por tentativa de fraude no Ministério da Saúde e confirmou amizade com Jair Renan Bolsonaro e Karina Kufa, advogada da família. Ao ironizar a “influência” de Marconny, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) destacou que o contrato não foi fechado. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL) incluiu o lobista na lista de investigados.

15/09/2021, 19h21 - ATUALIZADO EM 15/09/2021, 19h21
Duração de áudio: 03:50
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Transcrição
LOC:  A CPI DA PANDEMIA APROVA A CONVOCAÇÃO DA EX-MULHER DE BOLSONARO POR LIGAÇÃO COM LOBISTA. EMPRESÁRIO CONFIRMA TENTATIVA DE FRAUDE NO MINISTÉRIO DA SAÚDE PELA PRECISA MEDICAMENTOS.  REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Com base em mensagens de celular do empresário Marconny Faria, os integrantes da CPI da Pandemia aprovaram a convocação de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro. Os dois discutiram indicações de nomes para ocupação de cargos públicos e sobre investigações da Controladoria Geral da União. O senador Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, considera importante o depoimento de Ana Cristina até para explicar o padrão de vida que leva em Brasília. O senhor entrou em contato com uma pessoa que tem vinculações com poderosos, no caso específico a Cristina, apelidada Cristina Bolsonaro, ex-esposa e mãe de alguns dos filhos do Presidente da República, e demandou a ela pelo menos duas vezes: a primeira delas demandando algum tipo de atenção – abre aspas – "especial" para um caso de investigação de corrupção; a segunda delas pedindo interferência direta pra nomeação para um cargo público relevante, de uma pessoa que o senhor disse que apenas conhece. Um dos indicados por Marconny para o Instituto Evandro Chagas, Márcio Nunes, acabou preso por corrupção no ano passado. Ainda no depoimento, ele confirmou amizade ou contatos com o filho de Bolsonaro, Jair Renan; com a advogada de Bolsonaro, Karina Kufa; com o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano; e com ex-servidores do Ministério da Saúde, como Ricardo Santana e Roberto Dias. Ele confirmou uma tentativa de fraude na licitação para a venda de teste rápido para o Ministério da Saúde. Mas afirmou que as orientações para desclassificar as duas empresas vencedoras foram da área técnica da Precisa Medicamentos. Marconny Faria negou, no entanto, envolvimento no contrato de R$ 1,6 bilhão para a venda da vacina indiana Covaxin pela Precisa ao governo federal. Houve uma mudança na diretriz do Ministério da Saúde, que optou pela testagem por outros meios, e a aquisição dos testes foi cancelada pelo próprio Ministério da Saúde. Não houve tratativas, pagamento de valores ou qualquer tipo de vantagem a mim ou a qualquer outra pessoa. Não fui contactado para nenhum outro serviço relacionado à Precisa ou ao Ministério da Saúde e muito menos à vacina. Marconny Faria afirmou que tem uma empresa de assessoria e consultoria política e que foi procurado pela Precisa Medicamentos para atuar na venda de teste rápido para o Ministério da Saúde. E se recusou a responder a diversas perguntas citando o habeas corpus e disse não se lembrar do senador que ajudaria nos contratos do Ministério da Saúde. O senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, voltou a declarar que não houve irregularidade por parte do governo porque nenhuma compra foi feita. E disse que o lobista tentou se valer da proximidade da família Bolsonaro. Mas V. Sa. está mais para vendedor de ilusão, alguém que promete o que não pode entregar. Diz que é consultor político, mas não tem contato com ninguém do Parlamento. Aí aqui tentam mostrar o sucesso da ação. Conseguiu fazer com que a proposta avançasse? Não, não conseguiu. Não estou defendendo o Sr. Marconny, porque ele me parece mais um falastrão, que tenta mostrar um nível de relacionamento e de contato e de influência que não tem. O relator, Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, incluiu Marconny Faria na lista de investigados. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, encaminhou as notas taquigráficas para o Ministério Público Federal e do Distrito Federal para investigação de eventual crime de falso testemunho do empresário. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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