Dono da Precisa fica em silêncio, mas senadores apontam irregularidades no contrato para a venda de vacina indiana — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Dono da Precisa fica em silêncio, mas senadores apontam irregularidades no contrato para a venda de vacina indiana

Munido de um habeas corpus, o sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, se recusou a responder às perguntas sobre irregularidades no contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra da vacina indiana Covaxin. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse que a proximidade do empresário com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) pode ter facilitado a negociação, que acabou cancelada após a CPI investigar o contrato. Até governistas, como Marcos Rogério (DEM-RO), condenaram o silêncio do empresário.

19/08/2021, 19h33 - ATUALIZADO EM 19/08/2021, 19h33
Duração de áudio: 03:33
Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
DONO DA PRECISA MEDICAMENTOS FICA EM SILÊNCIO DURANTE DEPOIMENTO À CPI DA PANDEMIA, MAS CONFIRMA PROXIMIDADE COM O LÍDER DO GOVERNO NA CÂMARA. SENADORES REVELAM QUE A COMPRA DA VACINA INDIANA ENVOLVEU DOCUMENTOS FALSOS E GARANTIAS INEXISTENTES. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.   Depois de quatro adiamentos, dois deles por viagens à Índia, o que exigiu quarentena de 14 dias para cada uma, o sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, compareceu à CPI da Pandemia. Mas munido de um habeas corpus, se recusou a responder às perguntas. Com todo respeito, vou exercer a prerrogativa garantida a mim pela decisão do Supremo Tribunal em preservar a minha autodefesa. A CPI passou a investigar a Precisa Medicamentos após denúncias de irregularidades no contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra da vacina indiana covaxin. Entre elas, superfaturamento do preço, pagamento antecipado para uma terceira empresa com sede em paraíso fiscal, falsificação de documentos e pressão pelo fechamento imediato do negócio pelo Ministério da Saúde. Francisco Maximiano se recusou a responder até sobre a existência do contrato com o laboratório indiano Bharat Biotech, que informou ter assinado apenas um memorando de entendimento com a empresa brasileira e revelou a falsificação de documentos entregues ao Ministério da Saúde. Diversos senadores citaram que Francisco Maximiano tem mais de 50 empresas que buscam contratos com o governo. Nas poucas respostas que deu, o dono da Precisa Medicamentos confirmou conhecer o deputado Ricardo Barros, do PP do Paraná, mas negou que o líder do governo tenha favorecido os negócios da empresa. O senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, no entanto, lembrou que coube a Ricardo Barros incluir numa medida provisória a autorização para importação de vacinas indianas. Para uma empresa assim conseguir um negócio desse, foi gente muito importante que fez essa negociação e ajudou a botar a Precisa no meio dessa história. Além do mais, uma negociação rápida, a mais rápida, o preço mais alto e o comissionamento. A Folha de S.Paulo diz aqui: "Precisa e Envixia esperavam receber US$23 milhões em comissões com venda da Covaxin ao governo". As recusas do empresário levantaram suspeitas até na base aliada, a exemplo do senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia. (Marcos) A Precisa tinha ou não contrato formal com a Bharat Biotech? (Maximiano) Eu vou exercer o direito do silêncio para essa pergunta. (Marcos) Até para essa pergunta? (Maximiano) Sim, senhor. (Marcos)  Bom, se eu tiver a possibilidade de interpretar a negativa quanto a essa pergunta, que é elementar, ela pode sugerir muita coisa. Mas eu não vou lhe perguntar mais neste momento, porque, se essa pergunta, que é base, não pode ser respondida, certamente que não vai me acrescentar nada insistir nas demais.   Os senadores questionaram o fato de o FIB Bank, que não é um banco, ter dado as garantias financeiras para a Precisa Medicamentos no contrato com o Ministério da Saúde. E revelaram que o patrimônio da espécie de corretora é em terrenos que não existem. Francisco Maximiano também não explicou a incompatibilidade dos rendimentos declarados no Imposto de Renda com o alto padrão de vida que leva. E se recusou a antecipar se teve prejuízos com o cancelamento do contrato por parte do Ministério da Saúde e se vai entrar com uma ação judicial. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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