CPI decide convocar novamente líder do governo após ataques às investigações
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), anunciou que o deputado Ricardo Barros (PP-PR) voltará a depor, mas na condição de convocado. Em resposta à declaração de que a CPI atrapalhou a venda de vacinas, Omar Aziz ressaltou que as investigações impediram desvios de recursos públicos. Antes de marcarem novo depoimento, os senadores querem ouvir o dono da Precisa Medicamentos e analisar documentos.
Transcrição
PRESIDENTE DA CPI DECIDE CANCELAR DEPOIMENTO DO LÍDER DO GOVERNO E CONVOCÁ-LO PARA UMA NOVA SESSÃO AINDA SEM DATA.
AO NEGAR ENVOLVIMENTO COM CONTRATOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, O DEPUTADO AFIRMOU QUE FALTAM VACINAS NO BRASIL POR CONTA DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN.
Em respostas a ataques do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, do PP do Paraná, o presidente da CPI, senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, decidiu encerrar o depoimento e anunciar que o deputado voltará à Comissão na condição de convocado, no lugar de convidado. Após negar envolvimento na venda da vacina indiana covaxin e admitir proximidade da empresa que comercializaria o imunizante chinês da Cansino, Ricardo Barros declarou que a CPI afugentou laboratórios estrangeiros.
Era uma vacina de dose única a US$17. Portanto, uma compra muito vantajosa para o Brasil e que a CanSino descredenciou o representante no Brasil e não colocou outro lugar. Portanto, mostra que não tem mais interesse em vender para o Brasil. O mundo inteiro quer comprar vacinas. E eu espero que esta CPI traga bons resultados para o Brasil, produza um efeito positivo para o Brasil, porque o negativo já produziu muito: afastou muitas empresas interessadas em vender vacina no Brasil.
Ao rebater o líder do governo, o presidente da CPI ressaltou que a comissão impediu “golpes” ao investigar denúncias de superfaturamento, pagamento adiantado em paraíso fiscal de vacinas sem registro na Anvisa e vendidas por empresas brasileiras intermediárias. E afirmou que o laboratório chinês contradisse o deputado ao reforçar o interesse de vendas para o Ministério da Saúde e que descredenciou o laboratório Belcher por ser investigado por irregularidades. Omar Aziz anunciou ainda que a CPI vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra “mentiras” e contradições do deputado nesse depoimento.
Todas que tinham intermediário e queriam receber adiantado, parece que é o modo já que se opera nesse sistema. A Precisa e outras empresas, que têm que receber adiantado, queriam pagar US$45 milhões em Singapura para fazer o contrato. Aí esta CPI atrapalhou sim. Então, eu quero colocar bem claro aqui à população: se hoje estamos vacinando, e se estamos vacinando com uma vacina que está chegando a um preço justo, é graças a esta CPI.
O novo depoimento de Ricardo Barros ainda não tem data marcada. Os senadores querem ouvir primeiro o dono da Precisa Medicamentos e da Global, Francisco Maximiano, e analisar documentos, a exemplo do contrato da covaxin e das quebras de sigilo do deputado. Na sessão dessa quinta-feira, Ricardo Barros negou que o presidente Bolsonaro tivesse citado o nome dele por envolvimento em irregularidades no contrato da covaxin em conversa com o deputado Luis Miranda, do Democratas do Distrito Federal. Confirmou que incluiu numa medida provisória a vacina indiana na lista de imunizantes que poderiam ser comprados sem autorização da Anvisa para garantir mais imunizantes à população. E esclareceu que a Precisa Medicamentos foi escolha da Bharat Biotech para representá-la no Brasil diante da exigência da lei de que os laboratórios precisam ter CNPJ no País. Ainda no depoimento disse que quando ministro da Saúde, entre 2016 e 2018, não nomeou servidores, defendeu a Global da acusação de calote no Ministério da Saúde no contrato de remédios de alto custo não entregues e explicou que a VTC Log, transportadora e distribuidora, foi contratada após ele deixar o cargo em abril de 2018. Da Rádio Senado, Hérica Christian.