Ao negar ligação com o governo, reverendo se diz enganado por vendedores de vacinas — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Ao negar ligação com o governo, reverendo se diz enganado por vendedores de vacinas

Em depoimento à CPI da Pandemia, o reverendo Amilton Gomes, presidente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, confirmou a intermediação da venda da Astrazeneca. Mas negou ligações com o governo e encontros com Bolsonaro. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), questionou a facilidade de acesso do reverendo ao Ministério da Saúde. Já Marcos Rogério (DEM-RO) argumentou que o religioso foi enganado pelos vendedores de vacina Luiz Dominguetti e Cristiano Carvalho.

03/08/2021, 19h27 - ATUALIZADO EM 03/08/2021, 19h27
Duração de áudio: 03:23
Leopoldo Silva/Agência Senado

Transcrição
EM DEPOIMENTO, REVERENDO NEGOU LIGAÇÕES COM O GOVERNO E SE DISSE USADO PELOS VENDEDORES DE VACINAS OPOSIÇÃO DIZ QUE O RELIGIOSO ESTÁ PROTEGENDO “ALGUÉM”, ENQUANTO GOVERNISTAS ALEGAM QUE ELE FOI VÍTIMA DE UMA TENTATIVA DE GOLPE. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. O reverendo Amilton Gomes, presidente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, afirmou que foi procurado pelos vendedores de vacinas Luis Dominguetti e Cristiano Carvalho para intermediar a venda de 400 milhões de doses da Astrazeneca para o Ministério da Saúde ao valor de US$ 3,50. E admitiu que ao final ofereceu o imunizante a US$ 11 apesar da proposta da Davati Medical Supply ser de US$ 10. Ele afirmou que se envolveu na negociação após perder alguém próximo por covid-19 e por questões humanitárias. Amilton Gomes confirmou contatos com o dono da Davati, Herman Cardenas, além de encontros com representantes do Ministério da Saúde. Mas negou ligações com pessoas do governo ao dizer que foi recebido a partir do envio de e-mail com a oferta de vacinas. O reverendo saiu em defesa do ex-secretário-executivo, Elcio Franco, que no breve encontro teria pedido documentos que comprovassem a existência de vacinas, já que mantinha contatos com os próprios laboratórios. Ao se dizer arrependido, Amilton Gomes declarou à CPI que foi “enganado” por Dominguetti e Cristiano e que receberia doações pelas negociações sem valores definidos. Ele negou encontros com o presidente Jair Bolsonaro respondendo que mensagens trocadas com Dominguetti e Cristiano com essa referência eram bravatas. Não teve encontro. O próprio Dominguetti e o Cristiano diziam: "Olha, vamos esquecer o reverendo, que ele não tem contato com ninguém". Aqui mesmo, nesta Comissão, esse áudio foi transmitido. Então, eu não tive contato com o presidente no dia 15. Para diversos senadores, o reverendo Amilton Gomes está protegendo “alguém” por não explicar como teve acesso tão fácil ao Ministério da Saúde. O presidente da CPI, Omar Aziz, do PSD do Amazonas, lembrou que o governo se recusou a receber laboratórios oficiais. A Pfizer manda 101 e-mails para o Ministério da Saúde e o pastor consegue, em horas, que as portas se abram para ele numa mágica, numa coisa espantosa. Daí o argumento do governo é não pagou. Não, tripudiou na compra da vacina. Recebe em horas, e se abrem as portas para o reverendo entrar no Ministério da Saúde, coisa que nenhum senador consegue fazer aqui. Mas deixa de responder mais de cem e-mails para a Pfizer. Ao reforçar que o governo não comprou nenhuma dose dessas vacinas, o senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, lamentou que o reverendo tenha sido enganado pelos vendedores Dominguetti e Cristiano.  Não fiz essa ponderação com relação a Dominguetti, em relação a Cristiano, porque ali me pareceu absolutamente se tratar de dois trambiqueiros. Mas em relação a V. Exa., eu não quero fazer essa mesma presunção. Eu prefiro crer na sua boa-fé. E que V. Sa. tenha sido vítima dessa situação toda, porque, naquele momento, e a gente precisa entender à luz do momento, todo mundo estava em busca de vacina. Antes do depoimento, a CPI da Pandemia aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do reverendo Amilton Gomes. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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