Vendedor de vacinas diz que foi procurado por ex-diretor do Ministério da Saúde — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Vendedor de vacinas diz que foi procurado por ex-diretor do Ministério da Saúde

O vendedor Cristiano Carvalho, representante da empresa Davati, disse que foi procurado por Luiz Dominghetti e pelo ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias para intermediar a compra de vacinas Astrazeneca. Ele declarou também que o ex-assessor do Ministério Marcelo Blanco teria pedido comissionamento na operação - não propina.

15/07/2021, 19h23 - ATUALIZADO EM 15/07/2021, 19h23
Duração de áudio: 04:09
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
VENDEDOR DA DAVATI DIZ QUE FOI PROCURADO POR EX-DIRETOR PARA VENDER VACINAS AO MINISTÉRIO DA SAÚDE E CONFIRMA PEDIDO DE COMISSIONAMENTO NO LUGAR DE PROPINA. SENADORES GOVERNISTAS CITAM TENTATIVAS DE GOLPES DE EMPRESAS NA PANDEMIA E OPOSIÇÃO DESTACA EXISTÊNCIA DE GRUPOS QUE DISPUTAVAM PODER NO MINISTÉRIO DA SAÚDE. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Ao declarar que não tinha vínculo formal com a Davati Medical Supply, o vendedor Cristiano Carvalho disse à CPI que contava apenas com uma carta da  empresa norte-americana para representá-la no Brasil. Ao destacar resistências para entrar nas negociações, ele revelou que foi procurado por Luiz Dominghetti para apresentar uma empresa de venda de vacinas para o Ministério da Saúde. Disse que Dominguetti citou que o reverendo Amilton de Paula tinha contato com o alto escalão do Ministério, o que facilitaria os negócios. Cristiano Carvalho se declarou surpreso com as ligações insistentes do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias. Eu retornei para ele por volta das 21h, e ele conversou rapidamente comigo, se apresentou, que ele fazia a contratação das despensas internacionais de vacinas, e tal. Eu fui até checar isso na internet, porque eu realmente estava achando que era fake news, ou coisa que o valha, e cheguei a verificar que realmente ele era o Diretor de Logística. Era o Diretor de Logística e inclusive tinha sido indicado para a Anvisa. Então, realmente verifiquei que era um funcionário público no exercício da função. Cristiano Carvalho citou que a Davati ofereceu doses da Astrazeneca e da Janssen ao Ministério da Saúde. Mas questionado sobre as garantias da existência dos imunizantes, disse que a Davati tinha um fornecedor nos Estados Unidos. Segundo Cristiano Carvalho, Luiz Domingueti não mencionou a palavra propina, mas relatou um pedido de comissionamento pelo coronel Marcelo Blanco, ex-assessor de Roberto Dias, que, segundo ele, continuava atuando informalmente. Cristiano Carvalho afirmou que o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, demonstrou surpresa ao saber que Roberto Dias negociava a compra de vacinas com a Davati e negou qualquer pedido de propina por parte dele.  A senadora Simone Tebet, do MDB de Mato Grosso do Sul, chamou atenção para uma disputa interna no Ministério da Saúde envolvendo o núcleo militar ao citar que Cristiano Carvalho negociou a mesma proposta com grupos diferentes. Havia no Ministério da Saúde alguns núcleos, antes um núcleo envolvendo agentes políticos, agora um núcleo militar, numa briga ali interna por compra de vacinas não no sentido de se conseguirem vacinas para colocar no braço da população brasileira, mas para fazer qualquer tipo de negociação ou negociata, porque não é possível. Não estamos falando de pouca coisa. Só em propina, suposta propina, nós estamos falando de que alguém teria que desembolsar R$2 bilhões em propina.      Ao classificar de tentativa de golpe pela Davati, investigada no Canadá, o líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho, do MDB de Pernambuco, destacou que o Ministério da Saúde foi procurado por diversas empresas prometendo vacinas. E afirmou que já foram exonerados todos os suspeitos de envolvimento em irregularidades. Ao admitir um certo constrangimento pelo fato de a cúpula do Ministério ter negociado com vendedores sem credibilidade, ressaltou que o estelionato não prosperou. Eu estou realmente constrangido com os diálogos que estão sendo aqui mostrados. Mas é importante também deixar claro que, apesar de todas essas contradições ou equívocos, ou falhas, ou transgressões que possam ter sido praticados por eventuais colaboradores ou servidores, essas negociações não foram à frente, não se comprou uma dose de vacina. Os senadores aprovaram dezenas de pedidos de informações. Entre eles, documentos do Ministério da Saúde sobre a compra da vacina indiana, cópia do contrato da Precisa Medicamentos com a Bharat Biotech e do inquérito da Polícia Federal que investiga as irregularidades na aquisição da covaxin.  Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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