Diretora da Precisa nega irregularidades no contrato da Covaxin e pede acareação — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Diretora da Precisa nega irregularidades no contrato da Covaxin e pede acareação

A diretora-técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, negou irregularidades no contrato de compra da vacina Covaxin. Ela contestou ata do Ministério da Saúde que cita o preço de US$ 10 por dose. Ao pedir uma acareação, afirmou que a primeira nota fiscal foi enviada no dia 22 de março e não no dia 18, como declararam Luis Ricardo Miranda e William Santana, do Ministério da Saúde. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou contradição da depoente com o ministro Onyx Lorenzoni. Ao reafirmar a inexistência de ilegalidades, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) citou que a Polícia Federal deverá concluir uma perícia sobre essa data. O dono da Precisa, Francisco Maximiano, será ouvido em agosto.

14/07/2021, 19h39 - ATUALIZADO EM 14/07/2021, 19h58
Duração de áudio: 03:58
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
A DIRETORA DA PRECISA MEDICAMENTOS PEDIU UMA ACAREAÇÃO AO NEGAR IRREGULARIDADES NO CONTRATO DA VACINA INDIANA COVAXIN. A COMISSÃO DECIDIU ADIAR O DEPOIMENTO DO DONO DO LABORATÓRIO RESPONSÁVEL PELO CONTRATO DE UM BILHÃO E SEISCENTOS MILHÕES DE REAIS. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Após decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, contra eventual “abuso” do direito de permanecer em silêncio alertando para o crime de desobediência, a diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, decidiu responder às perguntas dos senadores da CPI.  Revelou que a empresa procurou o laboratório indiano Bharat Biotech para representá-lo no Brasil em julho do ano passado e que após o fechamento da parceria, a Precisa iniciou as tratativas com o Ministério da Saúde em novembro para a venda de 20 milhões de doses da covaxin. Segundo ela, o contrato de R$ 1,6 bilhão foi assinado rápido porque a Precisa aceitou todas as exigências do governo federal.  Questionada sobre o aumento do preço da covaxin, que deveria ser menor em função da quantidade de doses, Emanuela Medrades contestou a memória de uma reunião do Ministério da Saúde que registra US$ 10. Em seguida, disse que esse valor era uma expectativa dela. Por fim, afirmou que a Precisa negociou a vacina por um preço menor do que o apresentado pelo laboratório indiano.   Inclusive, a Precisa recebeu uma oferta de US$18. Essa oferta a gente não repassou para o ministério e, no e-mail eu escrevo: "Esse valor está muito longe do que eu gostaria de ofertar para o Brasil". Eu escrevo isto: Se na memória de reunião constavam US$10, é uma memória unilateral, eu não ofertei esse valor, esse valor não foi praticado. Podia ser uma expectativa; e era. Eu tinha essa expectativa. Ao pedir uma acareação, Emanuela Medrades declarou à CPI que William Santana e Luis Ricardo Miranda, ambos do Ministério da Saúde, mentiram sobre o envio da primeira nota fiscal no dia 18 de março com falhas. Entre as irregularidades estão a antecipação de pagamento para uma terceira empresa com sede em paraíso fiscal e a responsabilidade do Ministério da Saúde pelas despesas de frete, seguro e impostos. Disse que no dia 18 de março encaminhou um e-mail com especificações técnicas da vacina e que somente no dia 22 chegou ao Ministério da Saúde a primeira invoce. Mas explicou que essa antecipação é padrão nos contratos da Bharat Biotech. Segundo ela, as correções de informações são naturais em negociações envolvendo empresas estrangeiras. A senadora Simone Tebet, do MDB de Mato Grosso do Sul, apontou que Emanuela Medrades contradisse o próprio governo. Ela disse que o William e o Luis Miranda, servidores humildes, mentiram e no mesmo ato e com a mesma fala dos hierarquicamente superiores, o Elcio Franco e o ministro Onyx Lorenzoni, que falaram a mesma coisa, ela disse “não”, “eu acho que eles equivocaram”. Então, já aí demonstra uma certa tentativa de proteger alguém e de acusar outrem. E quem tem que agora fazer os esclarecimentos devidos para fecharmos esse cerco é o Francisco Maximiano. Ao reafirmar a inexistência de irregularidades e destacar que não houve pagamento, o senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, declarou que uma perícia da Polícia Federal vai esclarecer a data de entrega do documento. Um ponto apenas no depoimento dela precisa ser confirmado ou numa acareação ou, muito mais do que isso. Acho que a perícia feita nos documentos pela Polícia Federal vai nos dar essa informação com maior segurança em relação à data de entrega da invoce ao Ministério da Saúde. Porque o senhor Luiz Ricardo Miranda disse que recebeu no dia 18, o senhor William também disse que viu no dia 18 e a empresa diz que esse documento só chegou ao Ministério da Saúde no dia 22. Alguém não está falando a verdade. O dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, que seria ouvido nessa quarta-feira, teve o depoimento remarcado para agosto. Da Rádio Senado, Hérica Christian. 

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