400 mil mortes poderiam ter sido evitadas, dizem especialistas na CPI — Rádio Senado

400 mil mortes poderiam ter sido evitadas, dizem especialistas na CPI

Em depoimento à CPI, a diretora-executiva da Anistia Internacional e coordenadora do Movimento Alerta, Jurema Werneck, e o epidemiologista Pedro Hallal declararam que 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse adotado práticas científicas no controle da pandemia. Nesta sexta-feira, a CPI vai ouvir o servidor do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, e o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), sobre denúncias de irregularidades na compra de vacina indiana. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que CPI passa agora a investigar denúncias de corrupção. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que o governo está investigando as denúncias. 

24/06/2021, 19h13 - ATUALIZADO EM 24/06/2021, 19h13
Duração de áudio: 03:52
Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
ESPECIALISTAS DIZEM NA CPI QUE MAIS DE QUATROCENTAS MIL MORTES PODERIAM TER SIDO EVITADAS. ELES APONTAM FALTA DE TESTES E LENTIDÃO NAS VACINAS PELOS RESULTADOS NO BRASIL. SENADORES OUVEM NESTA SEXTA-FEIRA SERVIDORES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE QUE DENUNCIOU IRREGULARIDADES NA COMPRA DE IMUNIZANTE INDIANO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TEC: (0624 Hérica T: ) Com base em estudos, a diretora-executiva da Anistia Internacional e coordenadora do Movimento Alerta, Jurema Werneck, declarou que 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas no País. Segundo ela, a falta de uma coordenação do governo federal resultou na não testagem em massa e na disseminação do vírus. Uma é a redução da transmissão, isso é assim para qualquer doença infecciosa, para qualquer epidemia, para qualquer surto. Vamos tentar impedir a redução da transmissão. E como poderia ter sido feito isso, como se poderia fazer isso? Através de uma técnica básica da saúde pública, a vigilância epidemiológica. A testagem para identificação daquelas pessoas que estão infectadas, fazendo busca ativa, procurando, o vírus está em algum lugar, a gente tem que ir atrás, tem que encontrar, tem que testar para reduzir as mortes. O epidemiologista Pedro Hallal apontou o estímulo ao tratamento precoce e a demora na compra de vacinas pelos resultados da pandemia no País. Especificamente o atraso na compra das vacinas da Pfizer e da coronavac resultou em 95,5 mil mortes. E logo depois outros pesquisadores analisaram os dados, não especificamente dessas vacinas, mas o ritmo da vacinação que teria sido caso tivéssemos adquirido, e eles estimaram 145 mil mortes especificamente pela falta de aquisição de vacinas tempestivamente pelo Governo Federal. Os dois condenaram a tese da imunidade de rebanho e responsabilizaram o presidente Bolsonaro pela piora nos números por declarações contrárias à ciência. Eles destacaram que o Brasil não passou por ondas da pandemia porque os números sempre estiveram altos. E alertaram que sem a vacinação, mesmo em ritmo lento, haveria uma piora do quadro. Os especialistas mantiveram a recomendação para o uso de máscaras e defenderam um lockdown nacional de 3 semanas. Nesta sexta-feira, a CPI vai ouvir o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, pressionado para acelerar a compra da vacina indiana covaxin. Também prestará depoimento o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que levou as denúncias de irregularidades no contrato ao presidente da República. Ao citar o preço mais alto, o adiantamento do pagamento, a falta de autorização da Anvisa e a intermediação de uma empresa para a aquisição da covaxin, o senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, afirmou que a oitiva desta sexta-feira inaugura uma nova fase das investigações de denúncias de corrupção. Os elementos dão conta de que pelo menos alguém tentou pedir uma antecipação de US$ 45 milhões, R$ 230 milhões. O crime pode, como está sendo alegado pelo governo, não ter sido consumado, mas houve claramente um crime tentado. E existe uma nota de empenho de R$ 1 bilhão. Quem conhece um pouco a Administração Pública sabe que o empenho é quando se faz a previsão de um pagamento determinado.   O senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, afirmou que a Polícia Federal está investigando as denúncias. (Marcos Rogério) Até agora não vi nenhum dado que aponte para prática de fraude, de favorecimento ilícito, de corrupção. O que houve ali foi uma troca de mensagens que veio da empresa indiana, uma informação equivocada e que um outro funcionário questiona a empresa, a empresa corrige a informação e o processo avança. Houve um pré-contrato condicionado à liberação da vacina, mas não houve ainda a chegada de vacina, portanto, não foi pago nada em relação a esse contrato. Os senadores devem aprovar a convocação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, que declarou que nenhum centavo foi pago pela vacina indiana. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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