Especialistas defendem uso de máscara e criticam falta de ação coordenada do Ministério da Saúde — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Especialistas defendem uso de máscara e criticam falta de ação coordenada do Ministério da Saúde

Em depoimento à CPI da Pandemia, a microbiologista Natalia Pasternak e o médico sanitarista Cláudio Maierovitch reafirmaram a ineficácia do tratamento precoce e a necessidade de vacinação em massa. Segundo eles, a terceira onda poderá ser pior se a imunização não for acelerada. Para o senador Jorginho Mello (PL-SC), os dois politizaram o debate por serem adversários políticos do presidente da República. Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) destacou que um eventual decreto para flexibilização do uso de máscaras será derrubado pelo Congresso Nacional.  

11/06/2021, 20h02 - ATUALIZADO EM 11/06/2021, 20h05
Duração de áudio: 03:49
Waldemir Barreto/Agência Senado

Transcrição
LOC: EM AUDIÊNCIA NA CPI DA PANDEMIA, ESPECIALISTAS DEFENDEM O USO DE MÁSCARA DIANTE DA ALTA DO NÚMERO DE MORTES E CASOS. LOC: ELES TAMBÉM DESCARTAM EFICÁCIA DO TRATAMENTO PRECOCE E CRITICAM A FALTA DE AÇÃO COORDENADA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TÉC: A microbiologista Natalia Pasternak, e o médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz, Cláudio Maierovitch, citaram diversos estudos que reafirmam a ineficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Reforçaram que esse vírus só é combatido com vacina e alertaram para a falta de testes sobre o uso combinado dos medicamentos do kit-covid, que mistura antibiótico, vitaminas e vermífugo. Natalia Pasternak citou que todos os países que testaram a cloroquina desistiram do seu uso. (Natália) Foi para casos leves, foi para casos graves. Cobriu tudo! Não funciona em células do trato respiratório, não funciona em camundongos, não funciona em macacos, e também já sabemos que não funciona em humanos. A cloroquina já foi testada em tudo! A gente testou em animais, a gente testou em humanos. A gente só não testou em emas, porque as emas fugiram, mas, no resto, a gente testou em tudo, e não funcionou. REP: Cláudio Maierovitch citou ainda a inexistência de um plano para frear a contaminação após mais de um ano de pandemia e de uma coordenação do Ministério da Saúde. (Cláudio) Não houve e não há um plano nacional para enfrentar a epidemia, não há uma coordenação nacional que vise reduzir a transmissão vírus. Houve medidas destinando recursos para os Estados e para os Municípios para equipar hospitais, eventualmente para aquisição de alguns tipos de insumos, mas não houve nenhuma medida nacional para diminuir a transmissão, diminuir a circulação do vírus. Para isso, seria necessária uma coordenação nacional. REP: Ao destacar as declarações dos dois especialistas de que o uso de máscara só poderá ser flexibilizado após uma redução significativa do número de casos e mortes, a senadora Simone Tebet, do MDB de Mato Grosso do Sul, avisou que um eventual decreto do Ministério da Saúde não se sobrepõe a nenhuma lei ao lembrar que já existe uma legislação que torna obrigatório o uso dessa proteção. (Tebet) Então, agora querer flexibilizar no ápice da terceira onda a uso de máscaras no Brasil, isso não procede. E qualquer alteração sobre esse assunto nesse momento, principalmente fora das regras da ciência, do que diz a ciência, não passará. Eu não tenho dúvida disso. É a ciência que tem que nortear e vai nortear o momento em que nós iremos tirar a máscara do rosto. REP: Apesar de ressaltar o perfil técnico, o senador Jorginho Mello, do PL de Santa Catarina, apontou o viés político dos dois especialistas. (Jorginho) O depoimento é muito técnico, especialista. É um depoimento bom e eu não vou entrar no mérito do depoimento. Mas a forma política do tratamento. Eles são literalmente adversários do governo Bolsonaro e isso está claro nas manifestações deles na imprensa. REP: Os dois especialistas condenaram a tese de imunidade de rebanho, que só poderá ser adquirida com a vacinação. Eles também lamentaram a falta de campanhas informativas sobre a doença e a imunização. Ao afirmarem que o comportamento do presidente Jair Bolsonaro impacta no enfrentamento à pandemia, Natalia Pasternak e Cláudio Maierovitch citaram estudos que apontam que 3 a cada 4 pessoas que morreram de covid poderiam ter sobrevivido se o governo tivesse combatido a pandemia com a vacinação e medidas, como o uso de máscaras, isolamento social, testagem e vacinação. Segundo eles, sem isso o Brasil viverá uma terceira onda ainda pior. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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