Presidente do Instituto Butantan afirmou que o Brasil poderia ter 60 milhões de vacinas em dezembro — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Presidente do Instituto Butantan afirmou que o Brasil poderia ter 60 milhões de vacinas em dezembro

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que ofereceu ao Ministério da Saúde em julho do ano passado 60 milhões de doses da coronavac. Ele confirmou o recuo do então ministro Eduardo Pazuello na compra de 100 milhões de doses em outubro, após desautorização do presidente Bolsonaro. Ainda na CPI, Dimas Covas disse que os ataques de integrantes do governo à China atrasaram a produção dos imunizantes devido à demora no envio da matéria-prima. 

27/05/2021, 19h29 - ATUALIZADO EM 27/05/2021, 19h29
Duração de áudio: 03:36
Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
LOC: EM DEPOIMENTO À CPI DA PANDEMIA, DIRETOR DO INSTITUTO BUTANTAN DIZ QUE PRESIDENTE BOLSONARO IMPEDIU A ENTREGA DE 60 MILHÕES DE DOSES DA VACINA CORONAVC EM DEZEMBRO. LOC: GOVERNISTAS AFIRMAM QUE IMUNIZANTES SÓ PODERIAM SER COMPRADOS APÓS AUTORIZAÇÃO DA ANVISA. E OPOSIÇÃO DESTACA QUE ATAQUES DO GOVERNO À CHINA ATRASARAM A PRODUÇÃO DO IMUNIZANTE NO BRASIL. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TÉC: O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o Brasil poderia ter sido o primeiro país a vacinar contra a covid-19 ainda no ano passado. Ele disse à CPI da Pandemia que no dia 30 de julho ofereceu ao Ministério da Saúde a entrega de 60 milhões de doses da coronavac em dezembro. O processo estava adiantado devido a uma parceria com o laboratório chinês Sinovac. Sem resposta, em agosto, o Butantan reforçou a oferta, desta vez de 100 milhões, e pediu apoio para a realização de testes clínicos e a reforma de uma fábrica, dinheiro que não foi repassado. Dimas Covas confirmou que a posição contrária do presidente Jair Bolsonaro em outubro impediu a assinatura do contrato para a produção de 100 milhões de doses um dia após o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciar a compra de 46 milhões de doses. (Dimas) Impediu a vacinação de milhões de pessoas no prazo anterior que começou. Hoje, infelizmente, nós temos a segunda posição no mundo no número de óbitos. Poderia ter sido amenizada? Poderia sim. Obviamente, não era o único pilar, existem outros pilares. Mas é um pilar que poderia ter começado um pouco antes. REP: Na defesa do governo, o senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, negou ingerência de Bolsonaro na demora da compra das vacinas do Butantan. (Marcos) No momento em que o Butantan apresentou uma vacina ao Brasil e ela teve as credenciais, as certificações que são necessárias para o uso, o Ministério da Saúde comprou a vacina. Há um calendário ali, e ele confirmou que houve, de negociações até o momento em que a vacina foi adquirida. Não houve por parte do governo qualquer espécie de impedimento na contratação dessa vacina. REP: Ainda na CPI, Dimas Covas citou que em agosto o presidente Bolsonaro liberou R$ 1,9 bilhões para a compra da vacina da Astrazeneca produzida em parceria com a Fiocruz. E afirmou que o governo só assinou contrato com o Butantan no dia 7 de janeiro deste ano, quando o parceiro chinês já tinha se comprometido com outros países. O senador Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, destacou a afirmação de Dimas Covas de que as declarações de Bolsonaro contrárias à China provocaram o atraso na produção de vacinas. Em maio, apenas 5 milhões das 12 milhões de doses previstas serão entregues em decorrência da demora no envio de matéria-prima pela China. (Alessandro) No momento em que você tem uma escassez na produção e entrega de vacinas ou do insumo para vacinas, manter um bom relacionamento com o fornecedor principal é muito importante. Infelizmente o governo brasileiro optou por em diversas oportunidades agredir o país, que é o maior produtor, que é a China. Isso gera consequências na relação de negócios. Não se trata de um produto que está disponível para qualquer um, é um produto disputado, que está em escassez. E ter bom relacionamento é fundamental e ficou muito claro que a gente não conseguiu construir essa relação. Isso prejudicou os brasileiros lá na ponta com a escassez de vacinas. REP: Dimas Covas disse ainda que o governo federal não fez qualquer investimento na butanvac, vacina totalmente nacional, que requer uma dose e que deverá ser usada como reforço no combate às outras variantes. Segundo ele, até o final do ano o imunizante estará disponível após a liberação da Anvisa. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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