Infecção por coronavírus na gestação preocupa senadores da Comissão da Covid-19 — Rádio Senado
Pandemia

Infecção por coronavírus na gestação preocupa senadores da Comissão da Covid-19

A comissão que acompanha as ações de combate à pandemia ouviu nesta sexta-feira (21) especialistas em medicina fetal, obstetrícia e saúde da mulher. Eles defenderam a retomada da vacinação de todas as gestantes e não apenas das que possuem comorbidades. A imunização foi suspensa após a morte de uma gestante vacinada com a AstraZeneca. Para a senadora Zenaide Maia (PROS-RN), a comprovação de comorbidades precisa ser menos rígida, já que muitos brasileiros não têm acesso a médico. 

21/05/2021, 17h22 - ATUALIZADO EM 21/05/2021, 17h22
Duração de áudio: 02:45
Ari Dias/AEN

Transcrição
LOC: A COMISSÃO DA COVID DISCUTIU OS RISCOS DA DOENÇA NA GESTAÇÃO. O BRASIL JÁ SOMA MAIS DE MIL MORTES MATERNAS EM 2021, NÚMERO MAIOR QUE TODO O ANO PASSADO. LOC: OS ESPECIALISTAS CRITICARAM A SUSPENSÃO DA VACINAÇÃO DE GRÁVIDAS APÓS A MORTE DE UMA GESTANTE IMUNIZADA COM A ASTRAZENECA. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA TÉC: Segundo os especialistas que participaram da audiência, já há evidências científicas sólidas de que gestantes têm risco aumentado de morte após contaminação pelo coronavírus, além de maior chance de internação em UTI. Segundo a médica obstetra Melania Amorim, em 2021 já foram registradas mais mortes de gestantes do que em todo o ano passado. Foram mil e oitenta e oito mulheres até maio, índice dez vezes maior do que o registrado nos Estados Unidos. 59% delas não tinham nenhuma comorbidade. Por isso, a médica defende a retomada da vacinação de todas as gestantes. (Melania) A morte materna não vem sozinha, mas deixa famílias enlutadas, uma legião de órfãos da covid-19. Muitos deles são prematuros que sobrevivem à mãe. E é inadmissível que gestantes e puérperas sigam morrendo de covid-19, quando já existem medidas preventivas de efetividade cientificamente comprovada: distanciamento social e vacinas. (REP) O Ministério da Saúde suspendeu a imunização de gestantes sem comorbidades após uma morte ser associada a pós-vacinação com a Astrazeneca. Mas, segundo os especialistas, os riscos de complicações com a vacina de Oxford são de 4 a cada um milhão de vacinados. Os participantes também pediram que a lista de comorbidades seja revista já que, por ser muito rígida, acaba penalizando mulheres mais pobres que não conseguem comprovar seu histórico de saúde, além de não incluir todas as comorbidades gestacionais. Para a senadora Zenaide Maia, do PROS do Rio Grande do Norte, esta é a realidade da maioria da população. (Zenaide) Essa questão de provar a comorbidade está sendo cruel, não só para as grávidas, para as pessoas que tem hipertensão, diabetes. A maioria das unidades de saúde estão totalmente envolvidas com a Covid e as pessoas não têm acesso a essa declaração de comorbidade. (REP) Evidências científicas também apontam para um maior risco de prematuridade dos bebês de mães infectadas. A especialista em medicina fetal, Adriana Melo, lamentou a ausência de investigação das mortes para comprovar a contaminação, ao destacar que o vírus pode ultrapassar a placenta e infectar o feto. (Adriana) Como pesquisadora me causa angustia quando morre um feto e uma mãe e a gente não tem certeza do que foi a causa dessa morte. Então a falta de exames, a falta de investigação realmente nos causa angústia. (REP) Os especialistas defenderam, ainda, a vacinação de gestantes menores de 18 anos. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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