Executivo da Pfizer confirma que ofereceu ao governo 70 milhões de doses de vacina ainda em agosto — Rádio Senado
Depoimento

Executivo da Pfizer confirma que ofereceu ao governo 70 milhões de doses de vacina ainda em agosto

Em depoimento à CPI da Pandemia, o presidente regional da Pfizer, Carlos Murillo, disse que desde maio começou a negociar com o governo brasileiro a venda de vacinas com oferta de 70 milhões de doses. Segundo ele, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello citou problemas de logística e de segurança jurídica para não assinar o contrato. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) destacou que a aquisição de 100 milhões de doses em março ocorreu após a liberação da Anvisa e a aprovação de uma lei para o governo assumir as responsabilidades civis. Mas o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) argumentou que desde novembro o Palácio do Planalto poderia ter resolvido a insegurança jurídica e garantido a entrega de 14,5 milhões até junho.

13/05/2021, 19h40 - ATUALIZADO EM 14/05/2021, 17h05
Duração de áudio: 04:15
Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
LOC: EXECUTIVO DO LABORATÓRIO PFIZER CONFIRMA QUE OFERECEU A VENDA 30 E 70 MILHÕES DE DOSES DA VACINA AO GOVERNO BRASILEIRO AINDA NO ANO PASSADO. LOC: SENADORES AVALIAM QUE A DEMORA DIFICULTOU TODO O PROCESSO DE IMUNIZAÇÃO QUE PODERIA TER EVITADO MILHARES DE MORTES. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TÉC: Em depoimento à CPI da Pandemia, o executivo da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que as negociações com o governo brasileiro começaram em maio do ano passado. Desde então, foram oferecidas entre 30 milhões e 70 milhões de doses com entrega parcial em dezembro. Carlos Murillo informou que se reuniu em novembro por duas vezes com o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a logística de distribuição do imunizante e sobre a possibilidade da entrega de mais doses. Ao afirmar que as tratativas foram feitas mais com assessores, o executivo da Pfizer citou a participação rápida do vereador Carlos Bolsonaro em uma reunião da assessoria jurídica da empresa no Palácio do Planalto. E disse que a carta com a oferta de vacinas para o governo ficou sem resposta por pelo menos dois meses. O executivo da Pfizer afirmou que apenas em 19 de março o Brasil assinou o primeiro contrato da compra de 100 milhões de doses. Ele esclareceu que a Pfizer ofereceu sua vacina a diversos países com as mesmas cláusulas contratuais, entre elas, a que transferia a responsabilidade de ações judiciais por efeitos adversos. (Carlos) Dada a situação da pandemia, dado nosso processo de desenvolvimento da vacina, essas foram as condições negociadas e aceitas pelos 110 países com quem hoje a Pfizer tem assinado contrato. REP: O senador Marcos Rogério, do Democratas de Rondônia, afirmou que desde maio houve reuniões técnicas e trocas de informações entre o governo e a Pfizer. Sobre a carta, disse que o presidente Jair Bolsonaro ao ter conhecimento encaminhou o documento ao Ministério da Saúde. Ao negar recusa do governo na compra das vacinas da Pfizer, ele argumentou que a Anvisa só liberou o imunizante no dia 23/2 e que a própria Pfizer não se sentia segura em assinar um contrato antes da aprovação de uma lei pelo Congresso Nacional em março deste ano. (Marcos Rogério) Não podia haver a vacinação de brasileiros em dezembro porque não havia aprovação da Anvisa. A contratação, se a condição jurídica permitisse, poderia ter acontecido. Por que que outros laboratórios conseguiram contratar antes? Certamente, porque as cláusulas contratuais não chegam nem perto daquelas apresentadas pela Pfizer, simplesmente por esta razão. Mas eles sustentaram a manutenção do contrato naqueles termos e houve a necessidade de adequar a legislação brasileira para que assim fosse firmado o contrato. REP: Ao rebater os argumentos do governo, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, disse que mais de 100 países assinaram o mesmo contrato da Pfizer. Citou pareceres da Advocacia Geral da União e da Controladoria Geral da União a favor de o governo federal assumir as responsabilidades civis, ou seja, ações judiciais por eventuais efeitos colaterais. Randolfe Rodrigues comentou que esse artigo foi retirado da MP dos R$ 20 bilhões para a compra das vacinas e rejeitado na Câmara por recomendação do Palácio do Planalto. E ponderou que a lei da aquisição dos imunizantes foi uma iniciativa do Congresso Nacional e não proposta pelo governo, que em novembro havia imposto esta condição para a Pfizer. (Randolfe) Não precisaria de lei porque em 66 países, a vacina foi comprada e não se precisou. No dia 17 de dezembro, costa-riquenhos, chilenos e mexicanos, e não vou falar de Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, já começaram a ser vacinados com os imunizantes da Pfizer. Até essa data, já tinha tido 5 propostas para o governo brasileiro e nenhuma foi aceita. E mesmo as cláusulas de segurança jurídica, que resolveriam o problema, foram negadas. REP: Em seu depoimento à CPI da Pandemia, Carlos Murillo disse que a Pfizer tem conseguido entregar as vacinas no prazo. Segundo ele, se o Brasil tivesse assinado o contrato no ano passado teria recebido 14,5 milhões de doses até junho. Entre abril e maio, o Brasil recebeu 2,2 milhões de vacinas da Pfizer de um total de 200 milhões contratados.

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