Após pressão do Senado, Ernesto Araújo deixa o Ministério das Relações Exteriores — Rádio Senado
Relações Exteriores

Após pressão do Senado, Ernesto Araújo deixa o Ministério das Relações Exteriores

Os senadores avaliam que a saída de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores vai facilitar a compra de vacinas no mercado internacional. Eles citaram que a visão ideológica do chanceler isolou o Brasil no cenário mundial. Jean Paul Prates (PT-RN) e Carlos Viana (PSD-MG) citaram que as teorias conspiratórias do chanceler isolaram o Brasil. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, defendeu publicamente a demissão de Ernesto Araújo pelo papel “aquém” do Itamaraty no momento da piora da pandemia.

29/03/2021, 19h16 - ATUALIZADO EM 29/03/2021, 19h16
Duração de áudio: 03:17
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
LOC: APÓS PRESSÃO DO SENADO, ERNESTO ARAÚJO DEIXA O MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. LOC: SENADORES ARGUMENTAM QUE VISÃO PESSOAL DO CHANCELER IMPEDIU O BRASIL DE TER ACESSO ÀS VACINAS CONTRA A COVID-19. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TÉC: O diplomata Ernesto Araújo não é mais o ministro das Relações Exteriores. Ele pediu demissão em meio à pressão de diversos senadores por uma mudança no Itamaraty. Eles argumentaram que o chanceler isolou o Brasil no cenário internacional ao impor uma visão ideológica nas relações diplomáticas. O senador Jean Paul Prates, do PT do Rio Grande do Norte, responsabilizou Ernesto Araújo pela falta de vacinas no Brasil. (Jean) Uma pessoa que só causou confusão e que na verdade, sempre teve objetivo emplacar teorias completamente díspares da nossa tradição diplomática. E com certeza ajudou a construir um cenário desfavorável para que negociássemos o que é essencial hoje, que são as vacinas, que, infelizmente, o Brasil não produz e depende de insumos de países como a China. REP: Diante do apagão do Itamaraty, o Senado pediu a doação de estoques de vacinas não usadas por outros países. O próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, veio a público algumas vezes defender a troca do chanceler. (Pacheco) O que nos cabe é cobrar ações e fiscalizar as ações de Mistério. E nós consideramos que a política externa do Brasil ainda está falha, ela precisa ser corrigida. É preciso melhorar a relação com os demais países, inclusive com a China que é o maior parceiro comercial que temos do Brasil. REP: Até o vice-líder do governo, senador Carlos Viana, do PSD de Minas Gerais, defendeu a mudança no Itamaraty. Ele ponderou que a diplomacia deve ser pautada pelos interesses do País e não por posicionamentos pessoais. (Carlos Viana) Nós nos perdemos no debate inútil sobre a vacina se chinesa ou não chinesa, se seria boa, se não seria, se seria um vírus chinês ou não. Isso tudo não nos levou a nada, pelo contrário, nos prejudicou muito. O Brasil perdeu a posição de parceiro prioritário. Nós já poderíamos ter uma maior parte da população brasileira vacinada apenas se tivesse nos lembrado disso de que diplomacia é relacionamento entre povos e não entre governos. REP: No final de semana, Ernesto Araújo provocou a presidente da Comissão de Relações Exteriores, Kátia Abreu, do PP do Tocantins, ao insinuar que ela estaria defendendo a tecnologia 5G da China. Por meio de nota, Katia Abreu afirmou que o então ministro queria desviar a atenção da gravidade da pandemia. Ernesto Araújo se envolveu em outras polêmicas ao longo dos dois anos no cargo. Na posse, adotou discurso nacionalista, o que contraria o tom conciliatório do Brasil. Ele chegou a declarar que a pandemia seria “um projeto globalista” e “um novo caminho do comunismo”. Em março do ano passado, o chanceler ficou ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro que acusou a China de espalhar o vírus da covid-19 pelo mundo. Os senadores Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe, e Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, já tinham pronto o pedido de impeachment contra Ernesto Araújo, que seria apresentado à Câmara dos Deputados nesta segunda-feira. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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