Senado aprova tratamento diferenciado para vítimas de crimes sexuais — Rádio Senado
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Senado aprova tratamento diferenciado para vítimas de crimes sexuais

O Plenário do Senado aprovou o projeto que vai garantir atendimento digno às vítimas de violência sexual. De autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), a proposta surgiu após Mariana Ferrer ter sido humilhada no julgamento de André Aranha, que acabou absolvido do crime de estupro. Pelo projeto, a vítima de crime sexual terá um atendimento com profissionais capacitados e não será exposta durante a investigação. A relatora, senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), incluiu a proibição de perguntas sobre o comportamento sexual da vítima numa tentativa de culpá-la pelo crime. Aprovada pelo Senado, a proposta segue para a Câmara dos Deputados. As informações são da repórter Hérica Christian.

09/12/2020, 21h22 - ATUALIZADO EM 09/12/2020, 21h22
Duração de áudio: 02:43
Sessão Deliberativa Remota (SDR) do Senado Federal realizada a partir da sala de controle da Secretaria de Tecnologia da Informação (Prodasen). 

Na ordem do dia: PDL 510/2020 (tramitação conjunta: PDL 511/2020) - susta os efeitos da Portaria n° 189/2020, que estabelece as diretrizes para a seleção das personalidades notáveis negras, nacionais ou estrangeiras, a serem divulgadas no sítio eletrônico da Fundação Cultural Palmares; RQS 2.861/2020 que solicita a realização de sessão de debates temáticos a fim de discutir a apresentação do Plano de Vacinação do Governo Federal e dos Governos Estaduais contra a Covid-19; PL 4.139/2020 que destina os recursos alocados pelo Tesouro Nacional a todos os programas emergenciais de crédito durante o período do estado de calamidade pública relacionado à Covid-19, mas não utilizados até 31 de dezembro de 2020, para garantir operações no âmbito do Pronampe; PL 5.117/2020 que altera o Código de Processo Penal para garantir tratamento digno à vítima de crime contra a dignidade sexual; e PL 3.480/2019 que determina que a proteção ao patrimônio turístico e paisagístico seja verificada na outorga de recursos hídricos para aproveitamento dos potenciais hidrelétricos. 

Em pronunciamento via videoconferência, relatora do PL 5.117/2020, senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) . 

Participam presencialmente: 
vice-presidente do Senado Federal, senador Antonio Anastasia (PSD-MG) - preside sessão; 
relator do PDL 510/2020, senador Fabiano Contarato (Rede-ES). 

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Transcrição
LOC: SENADORES APROVAM TRATAMENTO DIGNO ÀS VÍTIMAS DE CRIMES SEXUAIS, QUE SERÃO ATENDIDAS POR PROFISSIONAIS CAPACITADOS. LOC: O PROJETO PROÍBE PERGUNTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DA MULHER NUMA TENTATIVA DE INOCENTAR O ACUSADO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TÉC: Em resposta à humilhação sofrida por Mariana Ferrer, vítima de estupro, durante o julgamento de André Aranha, em Santa Catarina, o Senado aprovou um projeto para oferecer um tratamento digno às vítimas de crimes sexuais. Na audiência, o advogado Cláudio da Rosa Filho insinuou que Mariana teria provocado o algoz. No depoimento, ela revelou ser virgem e denunciou ter sido dopada por André Aranha. O juiz Rudson Marcos e o promotor Thiago de Oliveira nada fizeram diante dos excessos do advogado do acusado, que acabou absolvido. De autoria do senador Fabiano Contarato, da Rede Sustentabilidade do Espírito Santo, o projeto garante à vítima de crime sexual um atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores previamente capacitados, preferencialmente do sexo feminino. Pela proposta, a inquirição da vítima e das testemunhas não deve resultar em qualquer exposição física, psíquica e emocional de nenhuma delas, que não terão contato direto com os acusados. O projeto estabelece ainda que a oitiva será feita num recinto especialmente projetado, conduzida por um profissional especializado e gravada para fazer parte do inquérito. Fabiano Contarato destacou que a vítima não pode ser responsabilizada pelo crime. (Fabiano) E aí você vem numa sala de audiência onde essa vítima de um crime hediondo deveria ser acolhida pelo Estado, e ela ali é revitimizada. Ela é obrigada a lembrar daquele bárbaro crime e ainda é coagida, compelida, forçada a acreditar que ela foi culpada por aquele bárbaro crime. REP: A relatora, senadora Rose de Freitas, do Podemos do Espírito Santo, incluiu no projeto a proibição do policial, advogado, promotor ou juiz questionar a vítima sobre seu comportamento sexual numa tentativa de responsabilizá-la pelo crime. (Rose) A revitimização de mulheres que sofrem violência sexual infelizmente ainda é uma prática bastante comum no nosso País. Para eximir o agressor da responsabilidade e culpabilizar as vítimas a exemplo de Mariana parte-se da premissa de que a violência sexual ocorreu somente devido ao comportamento prévio da mulher seja pelo modo que se vestia, falava ou se comportava. É inconcebível que argumentos dessa natureza continuem sendo usados para defender agressores sexuais. REP: Aprovado pelo Senado, o projeto que garante o atendimento digno às vítimas de crimes sexuais segue para votação na Câmara dos Deputados. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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