Diretores da Anvisa e Butantan divergem sobre suspensão dos testes da CoronaVac — Rádio Senado
Audiência pública

Diretores da Anvisa e Butantan divergem sobre suspensão dos testes da CoronaVac

A comissão mista que acompanha as ações de enfrentamento à covid-19 ouviu nesta sexta-feira (13) o diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres, e do Instituto Butantan, Dimas Covas. Eles foram questionados sobre o processo de suspensão do estudo clínico da CoronaVac no início da semana após a morte de um voluntário. Para o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), a questão gera desconfiança na população ao ser tratada burocraticamente. A reportagem é de Marcella Cunha, da Rádio Senado.

13/11/2020, 13h57 - ATUALIZADO EM 13/11/2020, 16h32
Duração de áudio: 02:30
Presidente da Anvisa e diretor do Instituto Butantã.
Reprodução / TV Senado

Transcrição
LOC: OS DIRETORES DA ANVISA E DO INSTITUTO BUTANTAN DIVERGIRAM NA COMISSÃO DA COVID-19 SOBRE A SUSPENSÃO DO TESTE DA CORONAVAC. LOC: O INSTITUTO CRITICOU A ANVISA PELO ANÚNCIO FEITO VIA IMPRENSA. SENADORES TEMEM QUE SUSPENSÃO TEMPORÁRIA NO ESTUDO GERE DESCRÉDITO SOBRE A VACINA. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA (Repórter) A CoronaVac, que é uma das quatro vacinas em fase de testes no Brasil, teve a produção interrompida no início da semana por decisão da Anvisa após a morte de um dos voluntários. Segundo o Instituto Butantan, que coordena a fabricação e conduz o ensaio clínico no país, o óbito não teve relação com o imunizante. O laudo do IML apontou suicídio. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que foi surpreendido pela notícia de suspensão do estudo e lamentou o ruído na comunicação. (Dimas Covas) Eu não estou colocando aqui deveria ter sido ou não deveria ter sido interrompido. Acho que até faz parte dos estudos as interrupções temporárias na ocorrência de dúvida. O que eu simplesmente mencionei aqui foi o fato de que a interrupção foi anunciada ao Butantan pela imprensa. E isso, obviamente, não é a melhor forma de fazer. Acabou-se criando uma situação até desnecessária, um conflito desnecessário em decorrência disso. (Repórter) Já o diretor da Anvisa, Antônio Barra, esclareceu que a nota no portal da Agência comunicando a suspensão do estudo só foi divulgada 40 minutos após o envio do ofício ao Butantan. E reforçou que o procedimento deve ser visto como rotina. (Antônio Barra) O que eu entendo que pode gerar resistência na população é não tratar a rotina como rotina. Interrupção em protocolo vacinal é rotina, não é caso especial. Aconteceu com a AstraZeneca, aconteceu com a Janssen, agora aconteceu com a Sinovac. E vamos lembrar que a da Sinovac foi o menor intervalo das três. Então, se isso na verdade tivesse sido tratado desde o princípio como um fato do desenvolvimento vacinal, nós não estaríamos agora tendo essa conversa aqui com os eminentes Senadores e a população não estaria preocupada com tudo que está acontecendo. (Repórter) Para o senador Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal, a suspensão dos testes pode levar a um descrédito em relação à vacina. Ele avalia que a Anvisa deveria ter pedido esclarecimentos ao Butatan antes de tomar a decisão. (Izalci Lucas) Esse alarmismo desnecessário a troco de quê? Isso não prejudica a população? Não seria mais justo, mais ético, ligar ou marcar uma reunião para tratar disso? Por que gerar esse clima de desconfiança na população? É uma coisa muito séria para ser tratada burocraticamente. (Repórter) Segundo o Butantan, a CoronaVac tem demonstrado alto perfil de segurança e já foi utilizada em mais de 70 mil chineses e 18 mil brasileiros. Foram ofertadas 100 milhões de doses da vacina para o Ministério da Saúde a serem disponibilizadas até maio.

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