Há 70 anos, Brasil perdia a Copa do Mundo no Maracanã — Rádio Senado
Futebol

Há 70 anos, Brasil perdia a Copa do Mundo no Maracanã

Em 1950 uma partida ocorrida em 16 de julho marcou para sempre o imaginário do esporte brasileiro. A derrota do Brasil para o Uruguai na Final da Copa do Mundo completa 70 anos. Mais informações com o repórter Rodrigo Resende.

16/07/2020, 12h12 - ATUALIZADO EM 16/07/2020, 12h23
Duração de áudio: 03:08
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Transcrição
LOC: URUGUAI 2, BRASIL 1. O PLACAR FINAL DO JOGO DE 16 DE JULHO DE 1950 NO MARACANÃ FEZ COM QUE A CELESTE CONQUISTASSE PELA SEGUNDA VEZ A COPA DO MUNDO E O BRASIL ENFRENTASSE UMA DAS MAIORES DERROTAS ESPORTIVAS DE SUA HISTÓRIA. LOC: A PARTIDA COMPLETA 70 ANOS, COMO INFORMA O REPÓRTER RODRIGO RESENDE: (Repórter) A Copa de 1950 organizada no Brasil chegou ao seu ápice em 16 de julho. A partida entre Brasil e Uruguai iria definir o campeão. Quem vencesse, levava a taça. Em caso de empate, vantagem brasileira. O Brasil vinha de duas goleadas, 7 a 1 contra a Suécia e 6 a 1 contra a Espanha. A confiança no título era alta. E aumentou quando no início do segundo tempo, Friaça fez um a zero para o Brasil: Gol de Friaça (Repórter) Mas veio o empate. Após jogada na ponta direita de Gigghia, Schifiano, aos 21 minutos do segundo tempo, escorou o cruzamento e deixou tudo igual no placar: Gol de Schiafino (Repórter) O Maracanã se silenciou pela primeira vez. E a derrota seria consumada em nova jogada de Gigghia. Mas dessa vez, o ponta não cruzou. Chutou para o gol e venceu o goleiro brasileiro, Barbosa. 34 minutos do segundo tempo. 2 a 1 para o Uruguai. O ex-senador Paulo Duque, falecido em 2020 aos 92 anos, foi uma das testemunhas in loco da partida. Em entrevista de 2010, ele lembra o momento do gol de Gigghia: (Paulo Duque) Silêncio absoluto. Sabe o que é um silêncio absoluto? Foi o que aconteceu quando o Gigghia fez o gol. - Gol de Gigghia (Repórter) A atmosfera também é descrita pelo jornalista Mário Filho, em seu livro “O Negro no Futebol Brasileiro”: (Mário Filho) E quando Mr. Reader deu o apito final, o Maracanã transformou-se no maior velório da face da Terra. Todo mundo queria ir embora, desaparecer. Muitos não tinham mais forças para um passo, para um gesto. Ouviam-se gritos de viúvas sicilianas. (Repórter) Uma discussão da época e que muitos carregam até hoje é o direcionamento da culpa pela derrota. Mário Filho lembra que muitos torcedores culparam, injustamente os jogadores negros da seleção, principalmente o goleiro Barbosa: (Mário Filho) E vinham as acusações do brasileiro contra os brasileiros. O brasileiro que acusava os brasileiros naturalmente desabafava para ficar de fora. Ou ver se ficava de fora. “A verdade é que somos uma sub-raça”. (Repórter) Mas, 8 anos depois, em solo europeu, o Brasil, com Pelé, Garrincha, Didi e companhia conquistou o primeiro dos seus cinco títulos mundiais de futebol. Vencíamos ali, menos de uma década depois do Maracanazzo, o nosso complexo de vira-latas, descrito pelo escritor Nelson Rodrigues. Com participação de Marco Antônio Reis e Pedro Pincer na leitura de texto do livro “O Negro no Futebol Brasileiro, de Mário Filho, e narrações de Antônio Cordeiro e Jorge Curi, da Rádio Nacional, da Rádio Senado, Rodrigo Resende.

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