Mais da metade das escolas de ensino fundamental não têm coleta de esgoto
O Brasil vai sediar em novembro a 19ª edição do World Toilet Summit, maior evento de saneamento básico do mundo. Dados oficiais apontam que, no Brasil, 48% dos habitantes não possuem coleta de esgoto e cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada no país. Em audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura, o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, alertou que, no país, as escolas têm mais computadores do que banheiros. O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) lamentou a falta de interesse no tema, em um momento de grandes discussões sobre sustentabilidade. O fundador da World Toilet Organization, Jack Sim, também participou da audiência e falou sobre os 19 anos de atuação da organização.
Transcrição
LOC: AS ESCOLAS BRASILEIRAS TÊM MAIS COMPUTADORES DO QUE BANHEIROS. O ALERTA FOI DADO PELO PRESIDENTE DO INSTITUTO TRATA BRASIL EM AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA.
LOC: O BRASIL VAI SEDIAR EM NOVEMBRO A DÉCIMA NONA EDIÇÃO DO WORLD TOILET SUMMIT, MAIOR EVENTO DE SANEAMENTO BÁSICO DO MUNDO. A REPORTAGEM É DE FERNANDA NARDELLI.
TÉC: Entre os dias 17 e 19 de novembro deste ano, São Paulo vai receber a décima nona edição do World Toilet Summit, o maior evento de saneamento básico do mundo. No Brasil, dados oficiais apontam que 48% dos habitantes não possuem coleta de esgoto e cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada no país – número que equivale à população inteira do Canadá. Em audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura, o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, alertou que 59% das escolas fundamentais não contam com coleta de esgoto.
(Edison escolas) Nós temos mais internet nas escolas do que coleta de esgoto. É uma inversão de valores. Nós temos alunos com celular de última geração, que sai da sala de aula e pisa do cocô, porque a escola não tem coleta de esgoto ainda.
(Fernanda) O fundador da World Toilet Organization, Jack Slim, afirmou que a organização atua há 19 anos buscando melhorar as condições sanitárias em todo o mundo. Falando em inglês, ele ressaltou que utiliza o humor para debater o assunto.
(Jack Slim) Porque é um assunto muito desconfortável, nós usamos o humor para fazer com que todo mundo dê risadas, e quando as pessoas dão risadas, elas estão ouvindo.
(Fernanda) O senador Styvenson Valentim, do Podemos do Rio Grande do Norte, lamentou a falta de interesse no tema.
(Styvenson) É um tema que eu não vejo por que não tem interesse pelas pessoas. Porque ela não consegue quando aperta a descarga, como o senhor disse, do toalete, não sabe pra onde aquilo vai. Volta pra natureza. Num momento em que a gente tá tanto discutindo o ecossistema, discutindo a sustentabilidade, o desafio é grande de como você agora vai pegar essas grandes cidades, como trazer de volta à vida um Tietê, pra um rio hoje como o Potengi, no meu estado, onde todos os esgotos desaguam nele, e desaguam no mar.
(Fernanda) Os participantes do debate também falaram sobre privatização no setor. O presidente do Instituto Trata Brasil defendeu que as empresas públicas e privadas atuem juntas e que os serviços contem com um órgão regulador. Da Rádio Senado, Fernanda Nardelli.