Fracking: técnica de exploração de xisto não tem consenso no país
As Comissões de Meio Ambiente e Agricultura promoveram nesta quarta-feira (14) uma audiência pública conjunta sobre os impactos do fracking, a técnica para extração de gás de xisto capaz de acessar rochas sedimentares no subsolo. Enquanto a campanha Coalisão Não-Fracking Brasil, apresentou dados para comprovar danos para a agricultura, a saúde humana e o meio ambiente, o representante do Governo citou a experiência bem sucedida na Argentina. A presidente da CRA, senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) quer ouvir o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o tema. A reportagem é de Marcella Cunha.
Transcrição
LOC: OS IMPACTOS DO FRACKING OU FRATURAMENTO HIDRÁULICO PARA EXPLORAÇÃO DO GÁS DE XISTO FORAM DEBATIDOS NESTA QUARTA-FEIRA EM AUDIÊNCIA PÚBLICA CONJUNTA DA COMISSÃO DE AGRICULTURA E DE MEIO AMBIENTE.
LOC: DANOS PARA A SAÚDE HUMANA, O MEIO AMBIENTE E A AGRICULTURA FORAM CITADOS POR CRÍTICOS À EXPLORAÇÃO. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA
TÉC: O fracking é uma técnica utilizada para a extração de gás de xisto que faz perfurações no solo com profundidade de mais de 3 mil metros. Ela se difere da técnica convencional, realizada no Brasil desde a década de 80, porque consegue acessar as rochas sedimentares no subsolo. O representante da campanha Coalisão Não Fracking Brasil, Juliano Bueno, apresentou às comissões de Meio Ambiente e Agricultura dados que demonstram os danos causados em países que já utilizam a técnica em grande escala, como Estados Unidos e Argentina. Entre os principais problemas citados estão o alto consumo de água, que pode chegar a 15 milhões de litros cúbicos por poço, a contaminação de lençóis subterrâneos com substâncias de potencial cancerígeno, como formaldeído, e tremores de magnitude de até 5,7 na escala Mw. Juliano defende que o Brasil possui uma matriz diversificada capaz de garantir a segurança energética por décadas e não deve optar pela exploração de gás de xisto.
(Juliano): Devemos deixar esse hidrocarboneto no chão. Quem sabe daqui a 20, 30 anos, mas até lá a tecnologia se mudou. Mas nesse momento não necessitamos disso e o que necessitamos é a garantia da qualidade da água do meio ambiente e de que a produção agrícola desse país não tenha barreiras fitossanitárias.
(REP) Já o representante do Ministério de Minas e Energia, João de Nora Souto, citou o caso da província argentina de Neuquén, onde houve uma reversão do déficit energético e da balança comercial após a exploração de gás natural em jazidas de baixa permeabilidade. Nora Soto citou, ainda, uma perspectiva de 500 mil novos empregos e disse que o Brasil precisa observar os avanços tecnológicos.
(Nora Souto): É importante não descartar completamente recursos não convencionais do Brasil, que essa é uma forma de desenvolvimento Regional e também poderá atrair investimentos para aumentar a produção não só de petróleo e de gás natural nas bacias sedimentares on shore.
(Rep) A presidente da Comissão de Agricultura, senadora Soraya Thronicke, do PSL de Mato Grosso do Sul, ainda quer ouvir o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
(Soraya): Eu vou marcar uma agenda com o Ministro Bento sobre isso. Já vou pedir todos os locais no Brasil onde tem concessão, de norte a sul, de Leste a oeste. E que a gente pelo menos tenha fotos e vídeos da onde prosperou e que conseguiram fazer essa extração em harmonia com o meio ambiente, se isso existe.
(Rep) O representante da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Raphael Neves, disse que a ANP já possui um arcabouço regulatório robusto para o gerenciamento de integridade de poços, caso se opte pela exploração. Da Rádio Senado, Marcella Cunha