Viana considera “promíscua” relação entre mineradoras e auditorias — Rádio Senado
CPI de Brumadinho

Viana considera “promíscua” relação entre mineradoras e auditorias

O relator da CPI de Brumadinho, senador Carlos Viana (PSD-MG), chamou de “promíscua” a relação entre mineradoras e empresas de auditoria, ao citar o caso da Vale que trocou a Tractebel Engineering Ltda. pela Tüv Süd após a primeira comunicar alteração nos parâmetros de resistência de materiais da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). A Tüv Süd, por sua vez, atestou a segurança da estrutura em setembro de 2018. A reportagem é de Marcela Diniz.

03/04/2019, 19h50 - ATUALIZADO EM 03/04/2019, 21h32
Duração de áudio: 02:34
CPI de Brumadinho (CPIBRUM) realiza oitiva de funcionários da Vale S.A., Tractebel Engineering e TÜV SÜD Brasil.

Em pronunciamento, à mesa, relator da CPIBRUM, senador Carlos Viana (PSD-MG).

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
LOC: RELATOR DA CPI DE BRUMADINHO CHAMA DE “PROMÍSCUA” A RELAÇÃO ENTRE MINERADORAS E EMPRESAS DE AUDITORIA. LOC: CARLOS VIANA DEFENDE MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO PARA TORNAR FISCALIZAÇÕES INDEPENDENTES. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ. (Repórter) Em depoimento à CPI de Brumadinho, na condição de testemunha, e não de investigada, a engenheira civil Ana Lúcia Yoda, da Tractebel Engineering, empresa contratada pela Vale para auditorias de segurança na barragem do Córrego do Feijão, afirmou que, até junho de 2018, não havia sinais que indicassem perigo de rompimento da estrutura. Em agosto e setembro, a Tractebel foi responsável por uma análise que detectou mudança nos parâmetros de resistência de materiais da construção. Logo depois, foi substituída nas auditorias pela empresa Tüv Süd que, por sua vez, confirmou a estabilidade da barragem. Ana Lúcia Yoda afirmou à CPI que a troca aconteceu por divergência de critérios técnicos, evitando acusar a Vale de ter feito a troca por interesse em passar por cima dos fatores de segurança: (Ana Lúcia) Um fator de segurança de 1,09 não significa a “instabilidade”, significa que é um fator mais baixo do que a gente praticava, de 1,2 e 1,3. Por essa divergência e por entender que a Tüv poderia ter mais informações sobre isso e mais conhecimento, foi optado por essa troca. (Repórter) Mas o relator da CPI, senador Carlos Viana, do PSD de Minas Gerais, classificou a relação entre mineradoras e auditoras como “promíscua” e apontou a necessidade de mudar a legislação para que as fiscalizações passem a ser mediadas pela Agência Nacional de Mineração e feitas por empresas independentes: (Carlos Viana) A relação de contrato entre a empresa, não somente a Vale, mas as mineradoras, e as empresas de auditoria. Eu diria, até, uma relação de certa forma promíscua porque, quando uma empresa de auditoria diz que a barragem não está em segurança, a empresa troca, traz uma outra que atesta que a barragem está em segurança e 310 pessoas morrem. (Repórter) O gerente de geotecnia corporativa da Vale, Alexandre Campanha, negou que a troca tenha sido motivada pelo fato de a Tractebel não estar colaborando com a mineradora e argumentou que a antiga auditoria já havia negado atestados de segurança anteriormente e, mesmo assim, continuou prestando serviços para a Vale: (Alexandre Campanha) Cito, por exemplo, a própria Tractebel que, em 2016, não atestou a estabilidade de algumas barragens e continuou executando esse trabalho de auditoria para a empresa. (Repórter) O relator da CPI, Carlos Viana, também questionou Alexandre Campanha sobre supostas explosões com dinamite que a Vale teria feito nos arredores da barragem B1 e que podem ter causado instabilidade no terreno. Campanha negou conhecimento sobre o caso.

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