Especialistas pedem políticas públicas para tratamento da endometriose
A endometriose, uma doença em que a mucosa que reveste o útero (endométrio) cresce em outras partes do corpo, foi debatida em audiência pública promovida pela Procuradoria da Mulher do Senado. A doença afeta cerca de 10 milhões de mulheres no mundo e causa muita dor, além de discriminação e depressão. Os especialistas defenderam políticas públicas para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
Transcrição
LOC: ESPECIALISTAS PEDIRAM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE E O TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE - DOENÇA EM QUE O TECIDO DO ÚTERO CRESCE EM OUTRAS PARTES DO CORPO, CAUSANDO MUITA DOR À MULHER.
LOC: O ASSUNTO FOI DISCUTIDO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA PROMOVIDA PELA PROCURADORIA DA MULHER DO SENADO. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES:
(Repórter) Cerca de dez milhões de mulheres no mundo sofrem com a endometriose. A doença causa muita dor porque o endométrio, que é a mucosa que reveste o útero, cresce em outras partes do corpo, gerando inflamação. Por ser de difícil diagnóstico, as mulheres nem sempre recebem o tratamento adequado. E sofrem preconceito e exclusão, que podem levá-las à depressão e ao suicídio, como relatou Paula Lemos, portadora de endometriose e coordenadora da Endomarcha, caminhada anual que conscientiza sobre a doença.
(Paula Lemos) “Eu acordei pensando ‘eu estou sentindo dor, eu não vou ter mais uma solução para isso, por que eu vou viver? Vou viver de cama, vou viver de dor?’. Não conseguia estudar, sofria preconceito na faculdade, preconceito dos meus chefes porque acreditavam que eu fingia doença”. (Rep): O médico Eduardo do Valle destacou a importância da qualificação dos profissionais de saúde para diagnosticar a doença.
(Eduardo do Valle) “O mais importante de tudo é que os médicos conheçam mais a doença e que o diagnóstico seja feito o mais precoce possível, principalmente o diagnóstico das formas graves. E não deixar acontecer níveis altíssimos de dor, de impossibilidade de trabalho, impossibilidade de vida, que essas pacientes sejam tratadas o quanto antes possível”.
(Repórter) O sucesso do tratamento, disse a representante do Ministério da Saúde, Mônica Neri, depende da integração entre União, estados e municípios em ações pela saúde da mulher.
(Mônica Neri) “O ponto principal, o ponto crucial é a estruturação da rede assistencial para que esta mulher que chegue na rede básica de saúde, que o profissional faça uma suspeita de endometriose, ela tenha para onde ser encaminhada”.
(Repórter) A ex-senadora e presidente do Fórum de Mulheres do Mercosul, Emília Fernandes, elogiou trabalho da Procuradoria da Mulher.
(Emília Fernandes) “É um trabalho que tem que ter continuidade. Isto extrapola governos, extrapola lideranças, presidência desta Casa, porque é um tema de utilidade pública, em que o Congresso Nacional dialoga com a sociedade”.
(Repórter) Uma sugestão de iniciativa popular quer tornar a endometriose uma doença incapacitante. A proposta está na Comissão de Direitos Humanos. Se aprovada, passará a ser discutida no Senado como projeto de lei.