Povo Krahô-Kanela pede agilidade na demarcação de terras indígenas em Tocantins — Rádio Senado
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Povo Krahô-Kanela pede agilidade na demarcação de terras indígenas em Tocantins

Durante reunião na Comissão de Direitos Humanos (CDH) na segunda-feira (9), o povo Krahô-Kanela pediu agilidade na conclusão da demarcação de suas terras em Tocantins. O pedido é para que o território passe a ter 33 mil hectares. Os indígenas alegam que o agronegócio local vem danificando a terra para plantio e que a água está sendo utilizada de forma incorreta. A CDH deve promover novas articulações na tentativa de agilizar o processo de demarcação.

10/07/2018, 18h31 - ATUALIZADO EM 10/07/2018, 22h49
Duração de áudio: 02:27
Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
LOC: A DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS DOS POVOS KRAHÔ-KANELA, NO TOCANTINS, FOI TEMA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS. LOC: DURANTE A REUNIÃO, OS ÍNDIOS PEDIRAM AGILIDADE NO PROCESSO, POIS SEGUNDO ELES PARTE DO TERRITÓRIO VEM SENDO DANIFICADO PELO AGRONEGÓCIO. REPÓRTER LAÍSA LOPES (Repórter) Os Krahô-Kanela pedem a conclusão da ampliação do território em que vivem, de sete mil hectares para 33 mil hectares. Segundo lideranças da tribo, as indústrias ao redor não possuem estudos agrícolas de impacto ambiental, o que vem danificando a terra, além de estarem utilizando a água de forma incorreta. O indígena Wagner Katamy demonstrou preocupação, pois eles vêm perdendo plantações e gado. (Wagner Katamy) Os nossos rios, que é o rio Formoso, Javaé, Urubu e Loroti estão praticamente mortos. E os lagos que tem dentro da nossa terra vários estão se acabando devido a expansão do agronegócio muito grande na nossa região e a pulsação de água para essas lavouras. De janeiro a maio, o nosso território hoje ficou 95% alagado. (Repórter) O processo para a demarcação de terra dura quase onze anos, quando a tribo conseguiu retornar para a região da Mata Alagada, a cerca de 250 quilômetros de Palmas, onde foi expulsa em uma briga judicial com a Ambev, antiga cervejaria Brahma. Apesar disso, o processo continua parado, mesmo possuindo autorização para que o terreno seja demarcado, como explicou o cacique da Krahô-Kanela, Mariano Atxokan. (Mariano) Não tem mais o que se fazer, não tem mais documento a ser feito, não tem mais nada a ser levantando. Todos os procedimentos que a Funai deveria fazer e que a lei deveria exigir, já foram feitos. Hoje o que eles dizem: não tem mais o que fazer, só dizer sim ou não. Não tem nada que contradiga nós recebermos aquela terra. (Repórter) Durante a discussão no Senado, representantes da Funai concordaram com a tribo, afirmando que daqui há alguns anos, com o crescimento da população Krahô-Kanela, não haverá espaço para a construção de novas moradias dentro do atual território demarcado. Além disso, a instituição passa por diminuição orçamentária, o que impede a fiscalização da área. O senador Hélio José, do Pros do Distrito Federal, disse que o povo indígena não pode ser vítima de alegação de falta de recurso, pois eles possuem os mesmos direitos que qualquer cidadão. (Hélio José) Tem recurso para perdoar dívida de grandes devedores, de sonegadores de impostos, tem recurso para poder tentar fazer favor para devedores da Previdência e querer prejudicar o povo e não tem recurso para fazer demarcação das terras indígenas, tem que ter recurso sim. Tem que fazer os poderosos pagarem os impostos. (Repórter). A Comissão de Direitos Humanos deve promover novas articulações na tentativa de agilizar o processo de demarcação. Com supervisão de Celso Cavalcanti, da rádio Senado, Laísa Lopes.

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