CDH debate documentos produzidos pela CIA durante o regime militar — Rádio Senado
Audiência pública

CDH debate documentos produzidos pela CIA durante o regime militar

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizou uma audiência pública para discutir um memorando secreto, produzido pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) durante o regime militar. O documento, de 1974, afirma que o ex-presidente Ernesto Geisel aprovou a continuidade das torturas e execuções de militantes políticos na ditadura. Durante o debate, os convidados pediram a revisão da Lei da Anistia.  As informações são da repórter Marciana Alves, da Rádio Senado.

24/05/2018, 18h43 - ATUALIZADO EM 24/05/2018, 18h43
Duração de áudio: 02:03
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência pública interativa para "analisar as informações decorrentes dos documentos produzidos pela Agência Central de Inteligência (CIA) do governo norte-americano durante o regime militar que foram abertos ao público recentemente". 

Mesa: 
ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles; 
ex-membro da Comissão Nacional da Verdade, Luiz Claudio Cunha; 
presidente da CDH, senadora Regina Sousa (PT-PI); 
representante da Comissão de familiares de mortos e desaparecidos políticos, Iara Xavier; 
jornalista e pesquisador, Eumano Silva.

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Marcos Oliveira/Agência Senado

Transcrição
LOC: A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS PROMOVEU UM DEBATE SOBRE OS DOCUMENTOS PRODUZIDOS PELA AGÊNCIA CENTRAL DE INTELIGÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS, A CIA, DURANTE O REGIME MILITAR. LOC: OS ARQUIVOS RELATAM REUNIÕES ENTRE O ENTÃO PRESIDENTE, ERNESTO GEISEL E OS GENERAIS MILTON TAVARES, CONFÚCIO DANTON DE PAULA E JOÃO FIGUEIREDO, SOBRE A CONTINUIDADE DE TORTURAS E EXECUÇÕES DE MILITANTES POLÍTICOS. REPÓRTER MARCIANA ALVES. (Repórter) Para a representante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos Iara Xavier, o documento não traz nenhuma novidade, mas reacende a discussão sobre a ditadura. Ela também criticou a Lei da Anistia, que reverteu as punições da época do regime militar. Iara Xavier teve o marido e dois irmãos mortos durante o período e, até hoje, ninguém foi responsabilizado pelos crimes: (Iara Xavier) Tive os três processos estabelecidos pelo Ministério Público, e quando chega no judiciário, eles são arquivados porque a Lei de Anistia impediria que ele desse prosseguimento a ação. (Repórter) A senadora Fátima Bezerra, do PT do Rio Grande do Norte, defendeu a revisão da Lei da Anistia, em respeito às vítimas: (Fátima Bezerra) Defender o debate sobre a revisão da Lei da Anistia não se trata de revanchismo. Se trata de identificar os agentes públicos que são acusados pelos familiares dessas graves violações de direitos humanos. (Repórter) Segundo o ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles, a sociedade ainda tem conceitos equivocados do que foi a ditadura e, por isso, o debate é importante para esclarecer o que esse período significa para a história do Brasil: (Cláudio Fonteles) Não há dois lados. Não há lado algum. Há servidores públicos, que mancharam as instituições a que serviam. E, por isso, essas pessoas tem que ser processadas. (Repórter) O memorando elaborado pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, em 1974, afirma que o ex-presidente Ernesto Geisel aprovou a continuidade das torturas e execuções de militantes políticos durante o regime militar. O documento era secreto, mas foi liberado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. LEI 6.683/1979

Ao vivo
00:0000:00