CPI do BNDES avança e prorroga as investigações sobre empréstimos suspeitos
A Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES iniciará 2018 com o desafio de apurar todos os prejuízos que o país sofreu com operações financeiras bilionárias, como os empréstimos para internacionalização de empresas como a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista e a EBX, de Eike Bastista. O colegiado começou a funcionar em agosto do ano passado e ouviu empresários apoiados pelo banco, como Eike, e o ex-presidente da instituição, Luciano Coutinho. Os trabalhos da CPI foram prorrogados até o dia primeiro de março de 2018.
Transcrição
LOC: A CPI DO BNDES ENCERROU OS TRABALHOS EM 2017 OUVINDO ALGUNS DOS MAIORES EMPRESÁRIOS DO PAÍS APOIADOS PELO BANCO.
LOC: O DESAFIO EM 2018 SERÁ APURAR TODOS OS PREJUÍZOS QUE O PAÍS SOFREU COM OPERAÇÕES FINANCEIRAS BILIONÁRIAS. REPÓRTER FLORIANO FILHO.
TEC: A comissão parlamentar de inquérito do BNDES começou a funcionar em agosto do ano passado. Ao todo, foram 13 reuniões em 2017 para investigar irregularidades nos empréstimos do banco de desenvolvimento para internacionalização de empresas como JBS, dos irmãos Batista, e EBX, de Eike Batista. A CPI também está investigando empréstimos que, em tese, foram utilizados para o desenvolvimento de estados. Um dos principais depoimentos ouvidos pelos senadores foi o de Luciano Coutinho. Presidente do BNDES entre os anos de 2007 e 2015, o economista negou que tenha recebido pedidos ilícitos do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, para atender pedidos de empresas como JBS ou Odebrecht.
(COUTINHO) o Ministro nunca me fez nenhum pedido ilícito que estivesse vinculado a nenhum projeto do banco. (...) Como recebia todo mundo, eu preferia que tratasse do assunto direto comigo, no meu gabinete.
(Rep) O senador Armando Monteiro, do PTB de Pernambuco, defendeu os empréstimos do BNDES para exportação de serviços brasileiros como a construção de obras públicas em outros países. Mas o relator, senador Roberto Rocha, do PSDB do Maranhão, indagou o porquê de o banco financiar tantas obras na Venezuela, Moçambique e Cuba. O senador Lasier Martins, do PSD do Rio Grande do Sul, também considerou esse tipo de empréstimo indevido.
(Lasier) Exportar empregos é uma coisa; agora, mandarmos essa quantidade de recursos para países semiditatoriais, com o risco de não receber, em vez de avançarmos em tantas obras de que nós carecemos, eu tenho uma total discordância. Outro depoente ouvido pela CPI em 2017 foi o empresário Eike Batista, responsável por um dos maiores desastres da história empresarial brasileira. Ele confirmou doações eleitorais para o Partido dos Trabalhadores, mas alegou que os empréstimos do BNDES seguiram as regras do mercado.
(Eike) (...) Todos eles eram garantidos por bancos privados, minhas garantias pessoais, mais a garantida de todos os ativos e recebíveis. Os trabalhos da CPI foram prorrogados até o dia primeiro de março de 2018.