CRE debate desafios para consolidação do Mercosul
A situação do Mercado Comum da América do Sul – Mercosul foi tema de debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, na noite desta segunda-feira (04). A audiência pública tratou dos avanços e dos problemas para a consolidação do bloco. O presidente do colegiado, senador Fernando Collor (PTC-AL), lembrou que a normalização das relações entre o Brasil e a Argentina na década de 90 contribuiu para a criação do Mercosul. O embaixador José Botafogo Gonçalves, que participou das negociações que levaram à criação do bloco, lembrou que o Mercosul realmente tem como protagonistas Argentina e Brasil. Já o professor Luis Afonso Senna, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, criticou o fato da união aduaneira ainda hoje estar incompleta.
Transcrição
LOC: A SITUAÇÃO DO MERCOSUL FOI TEMA DE DEBATE NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES DO SENADO.
LOC: A AUDIÊNCIA PÚBLICA TRATOU DOS AVANÇOS E DOS PROBLEMAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DO BLOCO. REPÓRTER CARLOS PENNA BRESCIANINI.
TÉC: Como parte da série de audiências públicas interativas sobre o Brasil e a nova ordem internacional, a Comissão de Relações Exteriores debateu a situação do Mercosul. O bloco, que une a Argentina, o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e a Venezuela completou 25 anos de existência. O senador Fernando Collor, do PTC de Alagoas, lembrou que a normalização das relações entre o Brasil e a Argentina na década de 90 contribuiu para a criação do Mercosul:
(COLLOR) Havia em 1990, 1991, uma corrida armamentista entre o Brasil e a Argentina, em busca de quem, qual dos dois países primeiro alcançaria o conhecimento da fissão nuclear. O que era naturalmente algo que criava uma instabilidade muito grande nessa parte do nosso continente. Brasil e Argentina assinaram um acordo em que abdicaram de sua corrida armamentista.
(PENNA) O embaixador José Botafogo Gonçalves, que participou das negociações que levaram à criação do bloco, lembrou que o Mercosul realmente tem como protagonistas Argentina e Brasil:
(BOTAFOGO) Para usar uma expressão um pouco exagerada, o Mercosul não existe. Evidentemente é um pouco de brincadeira da minha parte. O Mercosul é o que o Brasil e a Argentina decidiram que o Mercosul tenha sido até hoje. Então nós fizemos o Mercosul, mas o Brasil manteve uma série de ressalvas e proteções que se refletem no resultado que estamos vendo agora, aí.
(PENNA) O professor Luis Afonso Senna, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cobrou a execução de uma política conjunta na área de interligação das ferrovias, rodovias e hidrovias. Ele vê essa falha como muito prejudicial ao desenvolvimento econômico do bloco:
(SENNA) E coloquei como capa desse pequeno texto uma ligação entre Porto Xavier, lá no Rio Grande do Sul, com a Argentina, que a travessia é feita por balsa. Poxa, esse é uma tecnologia do século 19. O que é o Mercosul? Na realidade é uma tentativa de uma união aduaneira, que ainda hoje está incompleta, por uma série de razões.
(PENNA) A próxima audiência pública interativa dessa série de debates acontece no dia 18 de setembro, sobre os BRICS. Da Rádio Senado, Carlos Penna Brescianini.