Morte do ex-presidente Jânio Quadros completa 25 anos
Transcrição
LOC: MORTE DO EX-PRESIDENTE JÂNIO QUADROS COMPLETA 25 ANOS.
LOC: JÂNIO FICOU CONHECIDO PELO JEITO ÚNICO DE FAZER POLÍTICA, COM ATITUDES POLÊMICAS E IMPREVISÍVEIS. REPÓRTER GUSTAVO AZEVEDO.
(Repórter) Jânio Quadros morreu no dia 16 de fevereiro de 1992, aos 75 anos, após complicações causadas por três derrames cerebrais. Os últimos meses de vida dele, já com saúde debilitada, em nada lembrava o jeito populista e extravagante durante a trajetória política. Apesar de ter nascido em Mato Grosso e ter sido criado no Paraná, a vida política do ex-presidente teve início em São Paulo, onde foi eleito vereador, deputado, prefeito e até governador. À época, a autoria de diversas proposições, projetos de leis e discursos a favor dos trabalhadores lhe rendeu reconhecimento. O senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB de São Paulo, lembra que conheceu Jânio Quadros ainda criança, quando o pai era deputado estadual. Mais tarde, quando Jânio já estava doente, foi visitá-lo.
(Aloysio Nunes Ferreira) Eu logo depois acabei vendo Janio já, depois do seu AVC... Fui visitá-lo. Ele, em uma cadeira de rodas, mal falava... Mas eu ainda fui vê-lo um pouquinho antes de morrer. Dei um abraço nele e ele fez um sinal de que gostava muito de mim e do meu pai.
(Repórter) Quem também se lembra de uma história que envolveu o caráter popular de Jânio é a senadora Ana Amélia, do PP gaúcho:
(Ana Amélia) Certa vez Jânio Quadros pediu a Delfim Netto para lhe explicar por que havia inflação. E aí Delfim, subiu em um banquinho e disse: "A inflação é gerada pelo desequilíbrio entre a oferta e a procura". Subiu Jânio Quadros, com seu populismo e com sua linguagem de falar para o povo, disse: "Olha, minha gente, sabe por que há essa carestia? Sabe por que todo dia aumenta o preço da carne, do feijão, do arroz? Sabe por quê? Porque há roubalheira.
(Repórter) As atitudes polêmicas e incomuns marcaram a trajetória do político, que tomou decisões controversas, como a proibição de brigas de galo, de lança-perfume e até do uso de biquínis nas praias. Já na campanha presidencial, Jânio ficou conhecido como o candidato da vassoura. A principal proposta dele era varrer tudo que havia de errado no país. Essa atitude garantiu uma campanha bem sucedida e a vitória nas eleições presidenciais de 1960 com mais de cinco milhões de votos:
(Jânio Quadros) Senhor Presidente, recebo neste momento de vossas mãos a faixa simbólica do governo de nossa pátria.
(Repórter) Poucos meses após a posse, começaram as dificuldades. Aloysio Nunes destaca que o maior problema de Jânio foi o que ele chama de falta de visão nacional:
(Aloysio Nunes Ferreira) O fato é que ele não teve condições políticas pessoais de se articular bem com o Congresso Nacional. Então, não teve uma marca na presidência... A não ser a marca da frustração daqueles que votaram nele.
(Repórter) Após sete meses de governo, com a baixa popularidade e uma grave crise econômica e política, Jânio Quadros renunciou ao cargo misteriosamente. Na carta de renúncia, disse que forças terríveis se levantaram contra ele.