CDH debate o empoderamento feminino de adolescentes entre 13 e 18 anos — Rádio Senado
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CDH debate o empoderamento feminino de adolescentes entre 13 e 18 anos

06/10/2016, 17h17 - ATUALIZADO EM 06/10/2016, 17h17
Duração de áudio: 03:13
Geraldo Magela / Agência Senado

Transcrição
LOC: O EMPODERAMENTO DE MENINAS FOI TEMA DE DEBATE PROMOVIDO PELA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO SENADO EM PARCERIA COM A PROCURADORIA DA MULHER NO SENADO. LOC: O CASAMENTO E A GRAVIDEZ PRECOCES, O TRABALHO INFANTIL DOMÉSTICO E O ABUSO SEXUAL SÃO PROBLEMAS QUE ATINGEM, DE FORMA VIOLENTA, AS MENINAS DO BRASIL. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ: TÉC: 110 milhões de crianças no mundo não vão à escola; dois terços são meninas. 19% dos bebês nascidos no Brasil são filhos de adolescentes com idade entre 14 e 19 anos. Duzentas mil meninas, em sua maioria, negras, são submetidas a trabalho infantil doméstico. Adolescentes entre 13 e 18 anos estão mais vulneráveis a assédio, abuso e exploração sexual. Esses dados foram apresentados por Anette Trompeter, da organização Plan Internacional, durante audiência pública sobre empoderamento das meninas, promovido pela Comissão de Direitos Humanos e pela Procuradoria da Mulher do Senado. Viviana Santiago, outra representante da Plan no debate, enfatizou a importância de ensinar as meninas brasileiras a ampliarem seus horizontes: (Viviana) Eu conheci uma menina em Aracaju e, aos 8 anos de idade, eu perguntei qual o sonho dela e ela me disse que sonhava em ser professora, mas que ela sabia que ia trabalhar em casa de família. E essa não é realidade de uma menina só. É uma sociedade machista, patriarcal, racista, classista, que vai determinando qual o lugar que tu vais ocupar na sociedade. (REP) Uma pesquisa sobre casamento precoce feita pelo Instituto Promundo nos estados do Pará e do Maranhão mostrou que essas uniões, em geral, informais, são vistas pelas adolescentes como uma forma de escapar de situações de miséria, abuso sexual ou violência doméstica. O problema é que, ao se casarem com homens que são, em média, 9 anos mais velhos, as meninas acabam se submetendo a uma relação desigual e, por vezes, deixam de estudar para cuidar da casa e dos filhos. Danielle Araújo, do Instituto Promundo, defendeu que o Brasil enfrente essa questão que, em geral, pensamos pertencer somente a outras culturas: (Danielle) Não é um problema da Índia, não é um problema de algumas regiões da África, é um problema nosso, que acontece aqui. IBGE de 2010, são quase 100 mil adolescentes casadas no Brasil. Somos o 17º no mundo e o 3º da América Latina. (REP) A educação, a rede de proteção à mulher e o esporte foram apontados como vias de empoderamento feminino, desde a infância. Joana Chagas, representante da ONU Mulheres, falou sobre o projeto “Uma vitória leva a outra”, que acontece em 30 países e que, no Brasil, atende meninas da cidade do Rio de Janeiro. Gabriela Moura, do programa “Cidadania dos Adolescentes, promovido pelo UNICEF, falou sobre o trabalho desenvolvido no Centro de Ensino 9, de Ceilândia, no Distrito Federal, escola que foi representada no debate pelas alunas Cecília Maria e Laís Rodrigues. Para a senadora Regina Sousa, do PT do Piauí, o empoderamento das meninas passa pela discussão sobre gênero na escola: (Regina Sousa) Falar “gênero” na escola é proibido porque eles associam “gênero/sexo” – ‘vai conversar coisa que não devem com os meninos, com as meninas – e a gente sabe que nós não temos um professorado que despertou pra esse tema; temos um grupo militante e é muito pequeno o grupo militante que trabalha essas questões. (REP) A audiência pública contou, ainda, com a presença de representantes de diversas entidades de defesa dos direitos da infância e da adolescência e com lideranças jovens do movimento Engajamundo. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

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