Procuradoria debate políticas públicas de saúde voltadas para mulheres indígenas — Rádio Senado
Pautas Femininas

Procuradoria debate políticas públicas de saúde voltadas para mulheres indígenas

28/04/2016, 15h16 - ATUALIZADO EM 28/04/2016, 15h16
Duração de áudio: 02:29
Foto: Pedro França / Agência Senado

Transcrição
LOC: AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE VOLTADAS PARA AS MULHERES INDÍGENAS PRECISAM LEVAR EM CONTA O CONHECIMENTO ACUMULADO PELAS ETNIAS. LOC: A SAÚDE DAS INDÍGENAS FOI TEMA DE DEBATE NO PROJETO “PAUTAS FEMININAS”, DAS PROCURADORIAS DA MULHER DO SENADO E DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. REPÓRTER MARCELA DINIZ: TÉC: Daiara Tukano é indígena, estuda na Universidade de Brasília e faz parte da primeira rádio online indígena do Brasil, a Rádio Yandê. No debate sobre saúde da mulher indígena, Daiara defendeu o respeito à autonomia dos povos originários e aos seus conhecimentos durante a elaboração de políticas públicas voltadas para eles. O parto hospitalar, por exemplo, é considerado mais seguro, do ponto de vista ocidental, mas bate de frente com tradições ancestrais: (Daiara) Na cultura Ashaninka, o parto é uma coisa bastante solitária: a mulher vai pro meio da floresta e tem seu filho. E havia essa mãe, levou a filha no hospital, a menina não aguentou e foi parir no banheiro. Se trancou no banheiro e teve lá sua nenê, muito saudável, por sinal, mas que, infelizmente, estava em um ambiente muito mais insalubre do que a floresta. (REP) Da mesma forma, Daiara denunciou o avanço de áreas urbanas sobre territórios de saberes tradicionais na área da saúde: (Daiara) Aqui em Brasília, mesmo, existe uma aldeia Cariri Xokó, onde tem uma pajé, Cacica Tanoné, que, por quase 30 anos, cultivou no cerrado toda uma farmácia viva que foi derrubada na construção do Setor Noroeste. (REP) De acordo com Viviane Bruno, da Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, as ações coletivas, como as campanhas de vacinação, obtêm mais adesão do que exames individualizados, como o Papanicolau, por exemplo. Isso decorre da própria visão de coletividade das indígenas, que também deve ser levada em conta pelo governo, na hora de elaborar políticas públicas: (Viviane) A gente vê o quanto a nossa sociedade é etnocentrista. E é importante esse momento pra tá refletindo sobre isso. (REP) Na opinião de Bernardino Vitoy, representante da Organização Panamericana de Saúde, OPAS, enquanto prevalecer o viés colonizador, as políticas públicas para os indígenas não terão bons resultados: (Bernardino) Fomos colonizados, introjetamos isso e agora queremos replicar. Então, a gente precisa respeitar o conhecimento, a sabedoria e construir a nossa própria referência. (REP) O Sistema de Atenção à Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, contabiliza 322 mil, 140 mulheres em 688 territórios indígenas no Brasil, em 2016. A população geral, de acordo com o IBGE, é de 700 mil e 69 índios em aldeias. Da Rádio Senado, Marcela Diniz. LOC: O DEBATE SOBRE SAÚDE DA MULHER INDÍGENA CONTOU COM A PRESENÇA DA SENADORA REGINA SOUZA, DO PT DO PIAUÍ.

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