Assassinato do senador gaúcho Pinheiro Machado completa 100 anos nesta terça-feira — Rádio Senado
História

Assassinato do senador gaúcho Pinheiro Machado completa 100 anos nesta terça-feira

08/09/2015, 12h30 - ATUALIZADO EM 08/09/2015, 12h30
Duração de áudio: 03:18
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Transcrição
O ASSASSINATO DO SENADOR GAÚCHO PINHEIRO MACHADO COMPLETA CEM ANOS NESTA TERÇA-FEIRA. PINHEIRO MACHADO FOI UM DOS MAIS INFLUENTES POLÍTICOS NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA. A REPORTAGEM É DE ADRIANO FARIA, COM A COLABORAÇÃO DE SAMARA SADECK: (Repórter) Quarta-feira, 8 de setembro de 1915, quatro e meia da tarde, Hotel dos Estrangeiros, Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, então capital federal. O padeiro desempregado Francisco Manso de Paiva entra no saguão segurando um punhal e segue em direção ao senador gaúcho Pinheiro Machado. Depois de participar de uma sessão no Senado, no antigo Palácio Conde dos Arcos, Pinheiro Machado conversa com dois deputados federais e é surpreendido pelos golpes de Manso de Paiva, que minutos depois entrega à polícia o punhal sujo de sangue. Os investigadores concluíram que o crime não teve motivação política: Manso de Paiva teria agido por conta própria, influenciado pelas críticas dos jornais ao senador. O assassinato de Pinheiro Machado, aos 64 anos, pôs fim à carreira de um dos mais influentes políticos na primeira fase da República brasileira. Natural de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, José Gomes Pinheiro Machado lutou como voluntário na Guerra do Paraguai e se formou em Direito em São Paulo. Em tempos de monarquia, foi um dos fundadores do jornal paulista A República e se tornou um ferrenho opositor do Império. Com a proclamação da República, Pinheiro Machado foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul em 1890. No Senado, tornou-se presidente da poderosa Comissão de Verificação, que tinha a função de definir quais candidatos eleitos pelo voto poderiam tomar posse. A personalidade forte e o espírito combativo renderam a Pinheiro Machado muitos inimigos políticos e a ira de setores da imprensa. Um dos jornais que faziam mais críticas ao senador era o carioca Correio da Manhã, de Edmundo Bittencourt. A rivalidade chegou a tal ponto que os dois marcaram um duelo, em 1906, na Praia de Ipanema, no Rio. A ata que definiu as regras do duelo foi lavrada no Senado, com a presença de testemunhas. E qual foi o resultado? A história foi contada num discurso no Senado em 2010 pelo então senador Paulo Duque, do PMDB do Rio de Janeiro: (Paulo Duque) Quando uma das testemunhas sorteadas contou “um, dois, três”, eles se voltaram. O Edmundo Bittencourt, um pouco nervoso, foi o primeiro a atirar, mas errou o tiro. E o que fez o Pinheiro Machado? Por isso é que ele merece ter uma rua, como tem hoje, lá na minha cidade, com o nome dele. O que fez o Pinheiro Machado? Atirou para o alto. Olhem que gentleman! Atirou para o alto. (Repórter) Mas o duelo não acabou ali, segundo Paulo Duque. Ele contou que Pinheiro Machado e Edmundo Bittencourt decidiram recarregar as armas. Bittencourt, de novo, deu o primeiro tiro e errou. O senador então mirou e acertou o adversário na perna, numa prova de cavalheirismo, nas palavras de Paulo Duque. O médico foi chamado para atender Edmundo Bittencourt e todo mundo foi embora.

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