Senadores homenageiam o poeta Manoel de Barros, morto aos 97 anos — Rádio Senado

Senadores homenageiam o poeta Manoel de Barros, morto aos 97 anos

LOC: "PODEROSO, PRA MIM, NÃO É AQUELE QUE DESCOBRE OURO. PARA MIM, PODEROSO É AQUELE QUE DESCOBRE AS INSIGNIFICÂNCIAS (DO MUNDO E AS NOSSAS). POR ESSA PEQUENA SENTENÇA ME ELOGIARAM DE IMBECIL. FIQUEI EMOCIONADO E CHOREI". 

LOC: ASSIM FALOU MANOEL DE BARROS EM UM DE SEUS POEMAS. O POETA DA SIMPLICIDADE, DAS ÁRVORES E DOS PÁSSAROS NOS DEIXOU. ELE MORREU NESTA QUINTA-FEIRA, AOS 97 ANOS, EM CAMPO GRANDE. A REPORTAGEM É DE IARA FARIAS BORGES: 

(Repórter) Manoel de Barros estava internado no Proncor de Campo Grande há duas semanas e teve falência múltipla de órgãos. Advogado, fazendeiro e poeta, Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, no Mato Grosso, e passou a infância em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Em seus versos, retratou as belezas da região, conforme ressaltou o senador Ruben Figueiró, do PSDB sul-matogrossense. 

(Ruben Figueiró) “Soube transformar, com sua sensibilidade apurada, não só as belezas daquela vegetação, como o canto dos pássaros. Sua poesia deu um sentido muito profundo da aproximação do homem àquele extraordinário paraíso, onde tem sido possível a convivência, em harmonia, entre o ser humano, os animais e a riqueza dos campos, das cordilheiras, das lagoas, das vazantes e dos rios”. 

(Repórter) A senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, ressaltou que Manoel de Barros foi um grande nome da literatura brasileira. 

(Ana Amélia) Essa figura notável da literatura e um contador de causos, poeta por excelência, Manoel de Barros, quanto mais olhou para a aldeia, mais enxergou o universo. 

(Repórter) O senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, lembrou que o poeta ganhou por duas vezes o Prêmio Jabuti, foi premiado pela Academia Brasileira de Letras e que seus livros foram traduzidos na Espanha, na França e nos Estados Unidos. Barros também ocupou a cadeira número 1 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Suplicy disse que em 2008 o documentário "Só Dez por Cento é Mentira" apresentou entrevistas com artistas que se inspiraram na obra do poeta. 

(Eduardo Suplicy) Uma das poesias dizia 'noventa por cento do que escrevo é invenção; só dez por cento é mentira'. Daí o título do filme. 

(Repórter) A neta de Manoel, Joana Barros, declarou que ele estava muito debilitado, descansou e virou passarinho. "A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio. Falava que os vazios são maiores e até infinitos". O poeta deixou um vazio, mas a sua poesia é maior, e infinita.
13/11/2014, 07h20 - ATUALIZADO EM 13/11/2014, 07h20
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