CDH debate formas de completar a abolição da escravatura no país — Rádio Senado

CDH debate formas de completar a abolição da escravatura no país

LOC: A DISCUSSÃO SOBRE O QUE DEVE SER FEITO PARA COMPLETAR A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA TROUXE AO SENADO DESCENDENTES DO LÍDER ABOLICIONISTA JOAQUIM NABUCO, PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS E SENADORES. 

LOC: UMA DAS CONSTATAÇÕES É QUE DE CADA 10 ANOS DA HISTÓRIA BRASILEIRA, SETE FORAM SOB O REGIME DA ESCRAVATURA E SEUS EFEITOS AINDA PERDURAM NA SOCIEDADE. REPÓRTER CARLOS PENNA BRESCIANINI. 

(Repórter) Os efeitos da escravidão, mais de 120 anos após a abolição da prática, no Brasil foram discutidos pela Comissão de Direitos Humanos. Senadores e convidados debateram o que deve ser feito para garantir a efetiva inclusão dos negros na sociedade. Temas como cotas nas universidades e no serviço público estiveram na pauta. O senador Cristovam Buarque, do PDT do Distrito Federal, que solicitou e presidiu a audiência pública, lembrou que a Universidade de Brasília antes de implantar as cotas era frequentada por brancos em quase 100%. 

(Cristovam Buarque) Eu quando fui reitor, talvez aí eu comecei a ser um defensor das cotas, to falando de 1986, eu circulei na UnB com uma professora da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Eu perguntei a essa professora o que ela via de diferente no campus da UnB comparado com o campus Stanford. Eu imaginei que ela fosse dizer que não via diferenças. Ela olhou assim, olhou assim e disse: É aqui eu não vi negros. E nos Estados Unidos já tinham.  

(Repórter) O professor Hélio Santos, doutor em economia pela Universidade de São Paulo, explicou que a abolição da escravidão não veio acompanhada da aceitação dos valores, dos costumes e da cultura dos negros. A exclusão econômica dos escravos levou essa parte da população à pobreza e à falta de acesso à educação. Ele destacou que a morte de jovens negros nas periferias não gera a mesma indignação que a morte de jovens brancos em bairros nobres. 

(Hélio Santos) Quando algum jovem da classe média alta morre de maneira absurda, nós vestimos brancos, protestamos e eu protesto junto também. Mas me impressiona a maneira- está inercializado na nossa consciência - a maneira como jovens negros morrem nos finais de semana na Brasil, que é a insensibilização que acabou se tendo em relação àquilo que tá ligado à questão negra. Por que as crianças, as meninas todas negras, só queriam ser brancas e só queriam bonecas loiras? 

(Repórter) Participaram da audiência José Tomas Nabuco Filho, Pedro Nabuco e Clara Nabuco, descendentes do abolicionista Joaquim Nabuco, assim como o professor Augusto de São Bernardo, da Universidade Federal da Bahia, Sionei Leão, jornalista matogrossense e Hamilton Pereira da Silva, representante do governo do Distrito Federal. 
18/08/2014, 08h20 - ATUALIZADO EM 18/08/2014, 08h20
Duração de áudio: 02:28
Ao vivo
00:0000:00