Brasil não está pronto para prevenir acidentes como o do Césio 137, diz senador
LOC: O BRASIL NÃO ESTÁ PREPARADO PARA PREVENIR E CONTER UM ACIDENTE RADIOATIVO COMO O QUE ACONTECEU EM GOIÂNIA. E AINDA TEM UMA DÍVIDA COM AS VÍTIMAS DAQUELA TRAGÉDIA.
LOC: É O QUE PENSA O SENADOR GOIANO CYRO MIRANDA, 25 ANOS DEPOIS DO CASO DO CÉSIO-137. A REPORTAGEM É DE ADRIANO FARIA:
TÉC: Goiânia, 13 de setembro de 1987. Um dono de ferro-velho abriu a marretadas uma cápsula encontrada numa clínica abandonada, no centro da cidade. Da cápsula saiu um pó com brilho azulado, distribuído a vários curiosos que foram ao ferro-velho. O pó era Césio 137, um elemento que emite radiação e que é usado em radioterapia. Começava ali a história do maior acidente radioativo do país e o maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. Milhares de pessoas tiveram contato com o césio. Entre as vítimas, funcionários do governo estadual chamados às pressas para isolar a área contaminada. Um deles foi Pedro Moreira, que trabalhava como motorista do consórcio encarregado das estradas em Goiás. Ele e os colegas chegaram ao local sem nenhum equipamento de proteção.
(PEDRO) Eu fui pra lá às 2h30 da tarde levando os companheiros para jogar areia em cima dos "trem" lá com uma caminhoneta C-10 que nós tínhamos. Para quê? Para neutralizar aquilo lá. Como que nós íamos neutralizar se nós não sabíamos o que era aquilo? Simplesmente alguns jogaram areia no lugar; outros, noutro.
(REPÓRTER) O improviso da época expôs a falta de preparo na prevenção e na contenção de acidentes nucleares. E como está a situação 25 anos depois? Na opinião do senador goiano Cyro Miranda, do PSDB, o País ainda não está preparado.
(CYRO) O Brasil aprendeu muito pouco com isso porque poderá acontecer novamente em qualquer lugar do país. Esses institutos de radiologia que mantêm essas bombas de césio ainda são muito pouco fiscalizados.
(REPÓRTER) Cyro Miranda também alerta que o País tem uma dívida com as vítimas do césio. O motorista Pedro Moreira concorda.
(PEDRO) Temos aí o quê? Abandono, descaso, humilhação... (chora) Eu me revolto quando falo esse trem só de raiva! Por causa desse tipo de coisa que aconteceu com meus colegas, comigo... Hoje eu sou revoltado, principalmente por causa de minha esposa, que está lá doente, aquela coiseira toda... E estamos aí à mercê, lutando.
(REPÓRTER) O Senado já aprovou um projeto de lei que prevê o pagamento de uma pensão a todos os servidores públicos que trabalharam na descontaminação da área. O texto está desde 2008 aguardando votação na Câmara dos Deputados.
LOC: É O QUE PENSA O SENADOR GOIANO CYRO MIRANDA, 25 ANOS DEPOIS DO CASO DO CÉSIO-137. A REPORTAGEM É DE ADRIANO FARIA:
TÉC: Goiânia, 13 de setembro de 1987. Um dono de ferro-velho abriu a marretadas uma cápsula encontrada numa clínica abandonada, no centro da cidade. Da cápsula saiu um pó com brilho azulado, distribuído a vários curiosos que foram ao ferro-velho. O pó era Césio 137, um elemento que emite radiação e que é usado em radioterapia. Começava ali a história do maior acidente radioativo do país e o maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. Milhares de pessoas tiveram contato com o césio. Entre as vítimas, funcionários do governo estadual chamados às pressas para isolar a área contaminada. Um deles foi Pedro Moreira, que trabalhava como motorista do consórcio encarregado das estradas em Goiás. Ele e os colegas chegaram ao local sem nenhum equipamento de proteção.
(PEDRO) Eu fui pra lá às 2h30 da tarde levando os companheiros para jogar areia em cima dos "trem" lá com uma caminhoneta C-10 que nós tínhamos. Para quê? Para neutralizar aquilo lá. Como que nós íamos neutralizar se nós não sabíamos o que era aquilo? Simplesmente alguns jogaram areia no lugar; outros, noutro.
(REPÓRTER) O improviso da época expôs a falta de preparo na prevenção e na contenção de acidentes nucleares. E como está a situação 25 anos depois? Na opinião do senador goiano Cyro Miranda, do PSDB, o País ainda não está preparado.
(CYRO) O Brasil aprendeu muito pouco com isso porque poderá acontecer novamente em qualquer lugar do país. Esses institutos de radiologia que mantêm essas bombas de césio ainda são muito pouco fiscalizados.
(REPÓRTER) Cyro Miranda também alerta que o País tem uma dívida com as vítimas do césio. O motorista Pedro Moreira concorda.
(PEDRO) Temos aí o quê? Abandono, descaso, humilhação... (chora) Eu me revolto quando falo esse trem só de raiva! Por causa desse tipo de coisa que aconteceu com meus colegas, comigo... Hoje eu sou revoltado, principalmente por causa de minha esposa, que está lá doente, aquela coiseira toda... E estamos aí à mercê, lutando.
(REPÓRTER) O Senado já aprovou um projeto de lei que prevê o pagamento de uma pensão a todos os servidores públicos que trabalharam na descontaminação da área. O texto está desde 2008 aguardando votação na Câmara dos Deputados.
