CDH discute violência na ação de desocupação do bairro do Pinheirinho — Rádio Senado

CDH discute violência na ação de desocupação do bairro do Pinheirinho

LOC: A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DISCUTIU A AÇÃO DE DESOCUPAÇÃO DO BAIRRO DO PINHEIRINHO, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, CIDADE QUE FICA A NOVENTA QUILÔMETROS DE SÃO PAULO.

LOC: NO DIA 22 DE JANEIRO OS MORADORES DA ÁREA FORAM SURPREENDIDOS PELA AÇÃO VIOLENTA DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO. DETALHES COM A REPÓRTER ANA BEATRIZ SANTOS.

(REPÓRTER) A área pertence a massa falida da empresa Selecta, do especulador Naji Nahas. Os mais de sete mil moradores foram retirados de suas casas às seis da manhã de um domingo pela Polícia Militar. O líder da ocupação, Valdir Martins de Souza, afirmou que a ação foi um ato de violência contra a população pobre do local.

(VALDIR MARTINS DE SOUZA) O Brasil foi estuprado socialmente quando aconteceu a desocupação de São José dos Campos. Foi o poder do estado mostrando que pobre não tem vez no estado de São Paulo e que pobre tem que ficar esperto porque senão vão fazer de novo.

(REPÓRTER) O secretário de articulação social da Secretaria Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, foi uma das autoridades que presenciou a ação da PM na região do Pinheirinho e no bairro vizinho, o Campo dos Alemães.

(PAULO MALDOS) O dia todo aquela população sofreu de violência policial em estado puro, o dia todo, eram sem razão nenhuma ataques que se aprofundavam cada vez mais nos Campos dos Alemães, eu posso contar doze quarteirões adentro.

(REPÓRTER) O senador Aloísio Nunes Ferreira, do PSDB paulista, defendeu a ação da PM. Na opinião dele, a ordem de reintegração de posse da área foi feita pela Justiça Estadual.

(ALOPISIO NUNES FERREIRA) Essa que é a questão central. É que nos tínhamos uma ordem judicial a ser cumprida. O presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo requisitou a força policial para o cumprimento da ordem.

(REPÓRTER) O senador Eduardo Suplicy, do PT de são Paulo, autor do pedido da audiência, lamentou que os esforços do Governo Federal e dos parlamentares do estado para que a prefeitura, o governo do estado e o Governo Federal negociassem a situação da área tenham sido ignorados pelo Tribunal de Justiça do estado.

(EDUARDO SUPLICY) Faltava pouca coisa, quem sabe aqueles quinze dias seriam suficientes par aos três níveis de governo sentarem-se à mesa.

(REPÓRTER) os senadores ouviram relatos de moradores que foram agredidos, a representante do Ministério das Cidades Inês Magalhães , o deputado federal Ivan Valente do Psol de São Paulo, o deputado estadual Marco Aurélio de Souza, e lideranças comunitárias. Nenhum representante da prefeitura de São José dos Campos, do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo ou da Polícia Militar compareceu à audiência. Os senadores Aloísio Nunes Ferreira e Eduardo Suplicy querem que o assunto volte a ser discutido na comissão no dia primeiro de março.
23/02/2012, 01h56 - ATUALIZADO EM 23/02/2012, 01h56
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