Senado discutirá prazo para implantação do novo acordo ortográfico — Rádio Senado

Senado discutirá prazo para implantação do novo acordo ortográfico

LOC: O SENADO VAI DISCUTIR, EM AUDIÊNCIA PÚBLICA, A AMPLIAÇÃO DO PRAZO PARA A IMPLANTAÇÃO DEFINITIVA DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO, PREVISTA PARA 2013.

LOC: OUTROS PAÍSES RESISTEM À REFORMA, O QUE TEM CRIADO DIFERENÇAS ENTRE O BRASIL E O RESTANTE DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA, A CPLP. SAIBA MAIS COM O REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO. 

(REPÓRTER): Dos oito países que assinaram o acordo ortográfico – Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – apenas Brasil e Portugal implementaram as mudanças. E somente o Brasil tem previsão de, até 2013, efetivar toda a reforma na língua portuguesa, adequando o sistema escolar e as publicações oficiais. Portugal deve manter a fase de transição até 2014, e Angola e Moçambique – que atrás do Brasil têm as maiores populações – ainda nem ratificaram o acordo. No início de 2012, o Senado deve entrar nesse debate, convidando especialistas e representantes do Itamaraty para falar sobre a implantação da nova grafia. O professor Ernani Pimentel, líder do movimento Acordar Melhor, sugeriu o debate aos senadores, denunciando que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira de Letras, não poderia trazer novidades na língua sem aprovação pelo Congresso Nacional. A senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, lembrou que o acordo foi assinado em 1990, em uma época em que o ensino e a velocidade do aprendizado e da comunicação eram diferentes. 

(SENADORA ANA AMÉLIA): Nós estamos numa nova era de comunicação, que é a era digital. Que os próprios adolescentes, os adultos também, estão criando uma nova terminologia, uma nova forma de comunicação. Nessa era digital você escreve “você” simplesmente com duas consoantes, o V e o C. É preciso então rever, e aqui nós vamos fazer uma audiência pública no início do ano de 2012 e mais do que isso, vamos conversar com os governos para tratar disso do ponto de vista diplomático e político também. 

(REPÓRTER): O professor Ernani Pimentel disse que as exceções, no vocabulário elaborado pela ABL, tornaram a língua mais confusa, quando o objetivo era simplificar. 

(Prof. ERNANI PIMENTEL): O principal problema da implantação do novo acordo ortográfico chama-se educação. Nenhum professor de português de nenhum dos oito países signatários é capaz de saber escrever de acordo com o acordo. São tantas as exceções, são tantas as incoerências e as incongruências que é impossível alguém saber escrever. Nós ficamos mais uma vez algemados ao dicionário.

(REPÓRTER): A senadora Ana Amélia disse que a diferença nos calendários dos países está causando prejuízos à indústria gráfica brasileira, que já publica livros na nova ortografia, ainda não aceita por parte dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
28/11/2011, 00h58 - ATUALIZADO EM 28/11/2011, 00h58
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