Comissão debate os 20 anos do Mercosul
LOC: O MERCOSUL PASSOU E PASSA POR MUITAS DIFICULDADES, MAS PRECISA SER FORTALECIDO. A CONCLUSÃO É DO SENADOR FRANCISCO DORNELLES, DO PP DO RIO DE JANEIRO.
LOC: OS 20 ANOS DO MERCADO COMUM DO SUL FORAM DEBATIDOS NESTA SEGUNDA-FEIRA PELA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES, QUE TAMBÉM ANALISOU A SAÍDA RODOVIÁRIA DO BRASIL PARA O OCEANO PACÍFICO. A REPORTAGEM É DE NILO BAIRROS:
A indústria brasileira ganhou uma nova porta no final do ano passado com a inauguração da rodovia inter-oceânica, que liga o Acre ao Oceano Pacífico. Os 2.600 quilômetros de estradas e pontes também significam o reconhecimento de uma mudança geopolítica no mundo: o Oceano Pacífico cresceu em importância em relação ao Atlântico, considerando o peso do mercado chinês. Essa novidade no cenário sul americano foi elogiada pelos convidados da audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Mas outras mudanças não tiveram unanimidade. É o caso do convite para que Venezuela e Colômbia integrem o MERCOSUL. A Venezuela está mais próxima, porque depende apenas da aprovação do Paraguai. No caso da Colômbia, o governo brasileiro tem defendido seu ingresso no bloco. O Peru é outro aliado que ganha espaço nos fóruns do MERCOSUL. Mas, de acordo com os debatedores presentes nesta segunda-feira no Senado, o problema do MERCOSUL não é a expansão, e sim o nível da integração econômica e social. E o obstáculo mais lembrado foi a falta de respeito às regras fixadas há 20 anos no Tratado de Assunção, que deu origem ao MERCOSUL. Atualmente, apenas 35% dos produtos comercializados entre os quatro países membros estão cobertos pela TEC, a Tarifa Externa Comum. A TEC, que entrou em vigor em 1995, deveria balizar o comércio para combater a reserva de mercado. Mas não é o que acontece. Um dos debatedores, o embaixador Rubens Barbosa, chegou a dizer que a Argentina é um risco ao MERCOSUL por causa de medidas unilaterais e da utilização do Paraguai para triangular exportações ao Brasil. A crise econômica argentina também é motivo de preocupação, já que, segundo opinião geral na audiência, o Brasil precisa de vizinhos fortes para continuar crescendo. Nesse sentido, o resultado do comércio entre os países membros nos últimos 12 anos é uma boa notícia. No período entre 1999 e 2010, o total de exportações do Bloco passou de 49 bilhões para 280 bilhões de dólares. Para o senador Francisco Dornelles, do PP do Rio de Janeiro, isso mostra que o governo brasileiro precisa colocar o MERCOSUL como prioridade permanente: Francisco Dornelles - Fortalecimento do MERCOSUL é fortalecimento do Brasil. Fortalecimento do MERCOSUL dá mais status ao Brasil em todos os fóruns internacionais. Grande parte das exportações de manufaturados do Brasil vai para o MERCOSUL. Nós temos com o MERCOSUL um enorme saldo comercial. Nós precisamos estreitar, ampliar, fortalecer cada vez mais as nossas relações com o MERCOSUL. Rep: Também participaram da audiência desta segunda-feira o empresário Roberto Teixeira da Costa e os professores José Flávio Sombra Saraiva, José Tavares de Araújo e Maria Cláudia Drummond, que também é consultora legislativa do Senado Federal.