Literatura produzida por indígenas — Rádio Senado
Autores e Livros

Literatura produzida por indígenas

A literatura produzida por indígenas é destaque no Autores e Livros

Nesta semana, o Autores e Livros apresenta escritores indígenas. Poetas, compositores, dramaturgos, esses homens e mulheres de diversos pontos do Brasil trazem no seu texto a resistência e a memória dos povos originários.

No programa, dicas de livros para adultos e crianças escritos por indígenas. E a poesia da escritora, professora e ativista Marcia Kambeba marca presença no Encantos de Verso

Autores no programa: Daniel Munduruku, Kaká Werá Jecupé, Marcia Kambeba, Eliane Potiguara, Edgar Borges.

17/12/2021, 19h04 - ATUALIZADO EM 18/12/2021, 11h05
Duração de áudio: 28:00
Reprodução / Redes Sociais
28:00Literatura produzida por indígenas
1º bloco
12:39

Transcrição OLÁ, BEM-VINDOS AO AUTORES E LIVROS, A REVISTA LITERÁRIA DA RÁDIO SENADO.   BG   SOU ANDERSON MENDANHA E O PROGRAMA DE HOJE É TOTALMENTE DEDICADO AOS AUTORES E A LITERATURA INDÍGENA.   MARCIA KAMBEBA, ELIANE POTIGUAR, EDGAR BORGES, DANIEL MUNDURUKU SÃO ALGUNS DOS NOMES QUE ESTÃO AQUI COM A GENTE.   BG (12”)   OS ESTUDIOSOS CONSIDERAM A DÉCADA DE 1990 COMO UM MARCO PARA A LITERATURA INDÍGENA NO BRASIL. A PRODUÇÃO DE TEXTOS POR INDÍGENAS FLORESCEU E ENTROU O SÉCULO 21 COMO MOVIMENTO LITERÁRIO RECONHECIDO E VAI ALÉM: É UMA FORMA DE MANIFESTAÇÃO POLÍTICA, DE AFIRMAÇÃO DE IDENTIDADE E CIDADANIA.   A PRODUÇÃO TEXTUAL INDÍGENA AJUDA A RECONTAR A HISTÓRIA DO BRASIL A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DIFERENTE DA NARRATIVA OFICIAL, QUE AINDA SEGUE MODELOS EUROPEUS. PARA MUITOS AUTORES, A LITERATURA AJUDA A DIVULGAR A CONTRIBUIÇÃO DOS POVOS NATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA.   DIANTE DA IMENSIDÃO DE ETNIAS E POVOS NATIVOS QUE VIVEM NO BRASIL, O NÚMERO DE ESCRITORES INDÍGENAS PUBLICANDO AINDA É PEQUENO, MAS É CONSISTENTE E ESTÁ DISTRIBUÍDO POR TODO O TERRITÓRIO BRASILEIRO.   ESTE AUTORES E LIVROS VAI APRESENTAR, ENTÃO, ALGUNS DESSES ESCRITORES E ESCRITORAS, QUE MANIFESTAM A ARTE DA ESCRITA EM DIVERSOS GÊNEROS E FORMAS. CONVIDAMOS VOCÊ PARA CONHECER ESSES NARRADORES, CONTISTAS, POETAS, ENSAÍSTAS E COMPOSITORES, HOMENS E MULHERES DE DIVERSOS CANTOS DO BRASIL QUE HONRAM SUA ANCESTRALIDADE E UTILIZAM A LITERATURA PARA TIRAR OS POVOS NATIVOS DA MARGEM DA HISTÓRIA.   COMO DIZ O ESCRITOR KAKÁ WERÁ JECUPÉ, “A LITERATURA É UMA FERRAMENTA DE PROPAGAÇÃO DE VALORES E DE VISÃO DE MUNDO DOS POVOS INDÍGENAS PARA MUITA GENTE, AMPLIANDO O PODER DE DIFUSÃO DE UMA DIVERSIDADE DE SABERES. TORNA-SE, ASSIM, MAIS DO QUE AFIRMAÇÃO DE IDENTIDADE E AUTOESTIMA, UMA FORMA DE PRESERVAR CONHECIMENTOS E DE (RE)EXISTÊNCIA”.   VAMOS JUNTOS ENTÃO CONHECER MAIS DESSA RIQUEZA DA NOSSA LITERATURA.   BG (12”)   A GENTE COMEÇA FALANDO DE DANIEL MUNDURUKU.   ESCRITOR E EDUCADOR, NASCEU EM BELÉM, EM 1964. DURANTE A DÉCADA DE 1970, SOFREU PRECONCEITO E INCOMPREENSÃO E FOI PROIBIDO, NA ESCOLA DE FALAR SUA LÍNGUA ORIGINAL E DE PRATICAR SUA CULTURA.   MAS NADA DISSO O IMPEDIU DE SEGUIR ESTUDANDO. ELE CURSOU HISTÓRIA, FILOSOFIA E PSICOLOGIA, TEM MESTRADO E DOUTORADO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO E UM PÓS-DOUTORADO EM LINGUÍSTICA. SEUS TEXTOS ACADÊMICOS ABORDAM PRINCIPALMENTE QUESTÕES EDUCACIONAIS, IDENTITÁRIAS, CULTURAIS E LINGUÍSTICAS DO POVO MUNDURUKU.   É AUTOR DE 54 LIVROS, SENDO BOA PARTE CLASSIFICADA COMO LITERATURA PARA JOVENS E ADOLESCENTES. TODOS ELES COM TEMÁTICAS INDÍGENAS E DEBATES SOCIAIS IMPORTANTES.   ENTRE AS SUAS OBRAS PARA CRIANÇAS O DESTAQUE FICA PARA O LIVRO “MEU AVÔ APOLINÁRIO”, DE 2001, QUE RESGATA PARTE DA VIDA E DO SEU RELACIONAMENTO COM O VÔ APOLINÁRIO, UM VELHO ÍNDIO DO POVO MUNDURUKU, QUE CONTAVA HISTÓRIAS DOS ESPÍRITOS ANCESTRAIS. AS HISTÓRIAS DESTE LIVRO DESCREVEM A PRÓPRIA TRAJETÓRIA DO AUTOR E A DESCOBERTA DE SUAS RAÍZES INDÍGENAS ATRAVÉS DOS ENSINAMENTOS DE SEU AVÔ.   JÁ RECEBEU VÁRIOS PRÊMIOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS POR SUA OBRA LITERÁRIA, ENTRE ELES O JABUTI E O PRÊMIO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS – ABL. NESTE ANO, DANIEL MUNDURUKU TEVE 3 LIVROS INDICADOS AO PRÊMIO JABUTI, EM DUAS CATEGORIAS DIFERENTES, E CONCORREU A UMA VAGA NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.   TEC- BG:   OUTRO NOME DE DESTAQUE KAKÁ WERÁ JECUPÉ. DE ORIGEM TAPUIA, ESCRITOR, AMBIENTALISTA E CONFERENCISTA; KAKÁ É FUNDADOR DO INSTITUTO ARAPOTY, ORGANIZAÇÃO VOLTADA PARA A DIFUSÃO DOS VALORES SAGRADOS E ÉTICOS DA CULTURA INDÍGENA.   WERÁ DESENVOLVE UM EXTENSO TRABALHO DE PESQUISA SOBRE A FORMAÇÃO DO BRASIL, NARRANDO DO PONTO DE VISTA DE POVOS INDÍGENAS ANTERIORES À COLONIZAÇÃO EUROPEIA.   É AUTOR DOS LIVROS A TERRA DOS MIL POVOS - HISTÓRIA INDÍGENA DO BRASIL CONTADA POR UM ÍNDIO E AS FABULOSAS FÁBULAS DE IAUARETÊ.   BG (12”)   QUAL É A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INDÍGENA?   O PROGRAMA AUTORES E LIVROS FEZ ESSA PERGUNTA PARA DIVERSOS ESCRITORES. TRÊS DELES, UM HOMEM E DUAS MULHERES, FALAM SOBRE A ESCRITA, IDENTIDADE, VISIBILIDADE E A CONSCIÊNCIA DE QUE CADA ESCRITOR INDÍGENA TRAZ DENTRO DE SI A VOZ DE TODO O SEU POVO.   TEC- BG   MÁRCIA KAMBEBA, DE ETNIA OMÁGUA/KAMBEBA, NASCEU NUMA ALDEIA TICUNA, ONDE VIVEU ATÉ OS OITO ANOS DE IDADE, QUANDO SE MUDOU COM A FAMÍLIA PARA A CIDADE. GRADUOU-SE EM GEOGRAFIA PELA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS. FEZ O MESTRADO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS.   SUA POESIA MOSTRA SEMELHANÇAS COM A LITERATURA DE CORDEL E REFLETE A VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS E OS CONFLITOS TRAZIDOS PELA VIDA NA CIDADE. MARCIA KAMBEBA ACREDITA QUE A LITERATURA INDÍGENA É UMA FERRAMENTA QUE PERMITE A APROXIMAÇÃO ENTRE OS NÃO-INDÍGENAS E OS POVOS ORIGINÁRIOS. (Marcia Kambeba) “Olá eu sou Marcia Kambeba, sou do povo Omagua-Kambeba do Amazonas, estou falando de Castanhal, no Pará onde moro, sou poeta, escritora ativista, compositora e palestrante de assuntos indígenas e ambientais. Eu venho falar sobre a importância da literatura indígena, a importância dos escritores indígenas. Por que nós escrevemos literatura indígena. Nós escrevemos justamente porque é importante que se tenha o olhar daqueles que vivem e sentem essa luta diariamente. É importante que se tenha o olhar daqueles que vivem esse território essa territorialidade diariamente. A literatura indígena é escrita todos os dias, no barulho do rio, no vaivém das canoas, no coaxar do sapo, no barulho das arvores que se movimentam com o vento. Isso é literatura. A nossa literatura é escrita pela memória dos anciões, que nos contam as realidades vividas, as lutas sofridas diariamente para resistirem e para que nós pudéssemos estar aqui hoje fazendo e desenhando essa memória, tornando ela uma memória escrita, traduzida em forma de letra, signo linguístico. Aprendemos o português, a falar o português e a escrever o português, e hoje ele se torna uma ferramenta para a nossa forma de interligar mundos unindo pontes entre aldeia e cidade. Não deixamos de ser quem somos. A nossa essência continua aqui dentro de nós. A nossa língua materna foi ameaçada mas resistiu junto com os nossos corpos e nossos espíritos e nossa presença nesse planeta. Por isso tudo a literatura indígena escrita pelos povos originários é necessária e precisa ser trabalhada em sala de aula do jeito certo, como a gente procura apresentar a sociedade não-indígena. Por tudo isso é importante sim ler, escrever literatura indígena. Eu escrevo estilo poesia, estilo texto literário, texto acadêmico, prosa, enfim, contos, eu escrevo em vários estilos. E a minha literatura, ela tem contribuído muito nas escolas e também nas universidades. Isso é fundamental, porque ao passo que uma criança lê uma poesia, lê um texto, seja ele crônica, seja ele de cunho universitário, artigo, eu também escrevo artigos. É necessário que as pessoas leiam, porque a partir daí gente consegue ter uma conversa entre os mundos, uma reflexão crítica da nossa própria forma, de como nós estamos sentindo, olhando e trabalhando com essa literatura indígena. Como a gente percebe os povos originários, hoje tão sofridos e tão violentados. Então é importante isso, importante escrever, ler e trabalhar essa literatura. Por tudo isso eu agradeço esse espaço de escuta aqui apresentado para nós. Muito grata! ” E VOCÊ VAI TER A CHANCE DE CONHECER MAIS SOBRE A POESIA DE MARCIA KAMBEBA AINDA HOJE, NO QUADRO ENCANTOS DE VERSOS COM MARLUCI RIBEIRO.   TEC- BG   EDGAR BORGES, ESCRITOR, JORNALISTA E PRODUTOR CULTURAL DE BOA VISTA, CHAMA A ATENÇÃO PARA UM ASPECTO IMPORTANTE DA LITERATURA INDÍGENA: A CAPACIDADE DE REFORMULAR A IMAGEM QUE A SOCIEDADE BRASILEIRA TEM DE SI MESMA.  (Edgar Borges)  “A literatura indígena que vem sendo veiculada  nos últimos anos ela representa muito além de um  fato inspirador, muito além de culturas nativas. Ela representa o fortalecimento da identidade dos povos indígenas. Se a gente levar em conta que por quinhentos e poucos anos ser indígena era algo considerado negativo,  Quando as pessoas começam a se apresentar como representantes nativos, representantes, integrantes de comunidades, olha o que isso representa de maneira geral pra quem é leitor, consumidor. A gente viabiliza uma reformulação da identidade nacional. Isso no sentido amplo. No sentido mais líquido, do livro a livro, digamos assim, a gente consegue levar as histórias dos povos, dos povos que estavam no que hoje é Brasil, para pessoas que talvez nunca soubessem dessas histórias. É um processo árduo, pesado,  dolorido. Aqui em Boa Vista  nós temos algumas pessoas que trabalham mais diretamente com essa temática, que vem produzindo nessa temática, e é muito sofrido, porque se pra quem está na cidade, se autodenomina branco, preto, não-indígena, é um processo difícil editar, imagina pra pessoa da comunidade, como é complicado. Então quando uma voz indígena se levanta e fala das nossas histórias, nossas origens isso é muito importante, em todos os aspectos que a gente considerar, econômico, social, artístico. É fundamental que as pessoas leiam e que as pessoas continuem insistindo em contar essas histórias. BG A GENTE FAZ AGORA UM BREVE INTERVALO E DAQUI A POUCO A GENTE CONTINUA FALANDO DE LITERATURA PRODUZIDA POR INDÍGENAS.

2º bloco
15:22

Transcrição ESTAMOS DE VOLTA, SOU ANDERSON MENDANHA E ESSE É O AUTORES E LIVROS, A REVISTA LITERÁRIA DA RÁDIO SENADO.   HOJE, UM PROGRAMA ESPECIAL DEDICADO À LITERATURA INDÍGENA.   BG (12”)   PROFESSORA, ATIVISTA, CONTADORA DE HISTÓRIAS, EMPREENDEDORA SOCIAL, ELIANE POTIGUARA FOI UMA DAS PRIMEIRAS ESCRITORAS BRASILEIRAS A SE IDENTIFICAR COMO INDÍGENA.   COMO DISSE O EDGAR BORGES, DURANTE QUINHENTOS ANOS, A ORIGEM INDÍGENA ERA ALGO QUE MUITOS PREFERIAM IGNORAR PARA EVITAR O PRECONCEITO E A MARGINALIZAÇÃO. POR ISSO A DECISÃO DE ELIANE VEIO CARREGADA DE SIGNIFICADOS.    FORMADA EM LETRAS E EDUCAÇÃO PELA UFRJ E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, ELA REPRESENTA OS INDÍGENAS DENTRO E FORA DO BRASIL, EM FÓRUNS VOLTADOS PARA A LITERATURA E ATIVISMO POLÍTICO, COMO A PARTICIPAÇÃO NA REDAÇÃO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS POVOS INDÍGENAS DA ONU.   ELIANE EXPLORA VÁRIOS GÊNEROS LITERÁRIOS E DIVULGA SUA ARTE EM DIVERSOS MEIOS: DO TRADICIONAL LIVRO DE PAPEL ÀS MAIS RECENTES REDES SOCIAIS DISPONÍVEIS NA INTERNET. PARA ELIANE POTIGUARA, A LITERATURA É UMA DAS FORMAS DA POPULAÇÃO INDÍGENA DEMONSTRAR SUA RESISTÊNCIA: (Eliane Potiguara – 1 – T: 1’06’’) “A importância dos escritores indígenas é dar visibilidade a questão indígena. Porque a literatura indígena foi pensada no sentido de a gente como nos indígenas brasileiros, tão sacrificados, sem direitos humanos... sem nossa verdadeiro direitos, neh?  A literatura surgiu como um grito de socorro, com a necessidade de mostrar nossa cultura, nossas tradições. Por isso que eu digo que essa literatura é uma literatura de resistência. Isso você vai encontrar em quase todos escritores, vão estar falando isso. E uma literatura no sentido de resistir enquanto etnia indígena, enquanto povos tradicionais, povo originários. PARA ELIANE, O REGISTRO ESCRITO, EM LÍNGUA PORTUGUESA, DAS TRADIÇÕES QUE ERAM DIFUNDIDAS NAS COMUNIDADES POR MEIO DA ORALIDADE, FOI ESSENCIAL PARA A CONSOLIDAÇÃO DA LITERATURA INDÍGENA, NA ATUALIDADE: (Eliane Potiguara -2 – T: 3’08’’) Então essa literatura foi sendo assimilada pelos autores. Cada um escrevendo suas histórias, seus caminhos, muita das vezes contando contos de suas próprias comunidades, não sou muito fã da palavra lenda, mas suas histórias, de origem de vida, muitas comunidades têm origem de vida nas plantas, nos animais. E muitos indígenas escreveram sobre essas origens de vida, sobre as festas, a festa da mandioca, a festa do milho...  E aí ele vai se transcrevendo, passando pro papel uma oralidade que antes não era respeitada pela sociedade. A antropologia até pode ser respeitada, mas a função da  antropologia foi fazer suas teses, escrever  tratados antropológicos, mas nunca no sentido que o movimento indígena, as tradições, a linguagem oral,  oralidade, a espiritualidade, a ancestralidade ela tivesse uma visibilidade, um protagonismo.  Hoje nós somos protagonistas de nossa história. Nós temos muitos escritores, não vou citar porque serei injusta com outros, mas temos muitos escritores que hoje estão escrevendo em diversos gêneros, gênero poético, descritivo, contos, historias, romances, teatro, poesia, como coloquei. Relatos mesmo de vida pessoal, história de vida de cada um. Porque a história de vida de cada um é um testemunho, a história de vida de cada um é testemunha de um povo. E quando a gente fala individualmente como escritor, a nossa escrita é coletiva, não é individual.  Porque ela vai abordar a história daquele povo, da tradicionalidade daquele povo, as histórias dos avós, os fatos históricos que permeiam aquela comunidade.  Ao meu ver a literatura indígena nunca é individualista. O escritor mesmo que ele seja escreva uma história ele sozinho, ele está reportando um lado coletivo, do seu povo. COM 7 LIVROS PUBLICADOS, EM TEMPOS DE PANDEMIA E ISOLAMENTO SOCIAL, ELA APROVEITA PARA DIVULGAR O SEU TRABALHO EM DIFERENTES LINGUAGENS E PLATAFORMAS, SEM DEIXAR DE LADO O ATIVISMO EM DEFESA DOS POVOS ORIGINÁRIOS. (Eliane Potiguara – 3 – T: 3’28’’) Com relação as minhas obras eu tenho 7 livros publicados, como poesia, historias, historias pra crianças, historias criadas, não são histórias recontadas. Eu não faço recontagem de histórias eu faço criação literária. Eu faço poesia, meus textos descritivo, textos políticos também, muito prefácio de livro, muita orelha de livro, que as pessoas me pedem, principalmente o movimento feminista. Tenho escrito até pra pessoas indígenas  prefácio para seus matérias, tenho feito muito material na internet, com produção literária, vídeos com poesia, com pequenos textos, e tenho publicado minha poesia nos feeds com o objetivo de divulga meu trabalho. Muita gente me pede podcast, entrevistas em áudio, papel, tenho trabalhado muito com lives, para muitas  instituições brasileiras, universidades. Trabalho muito amplo, feiras de livros, esse ano foi muito intensa a minha participação, tenho participado de eventos, com falas contundentes sobre direitos humanos, povos indígenas, literatura, meio ambiente, destruição das matas, violação dos direitos, a questão da mulher, racismo, desenvolvimento comunitário, das terras, segurança alimentar. Tenho falado vários temas, vários temas em fim, que tenho abordado... esse ano foi muito ativo, esse ano e o ano passado, com a covid. Também falo muito da covid, tenho mandado mensagens de alerta...  E isso eu sou uma pessoa que tenho a função de trazer informações escritas, verbais visuais para o povo brasileiro, para escolas universidades, praticamente sociedade envolvente. Eu estou trabalhando em um livro de poesias sobre a questão do amor e a questão da  identidade indígena e estou trabalhando em outro livro de crônicas e textos, crônicas verdadeiras, fatos que aconteceram, nas minhas viagens internacionais e textos políticos com o objetivo de uma análise sobre a conjuntura nacional sobre a questão indígena e meio ambiente. Eu estou na luta, continuo na luta, o ano está findando, eu agradeço aos ouvintes, deixo aqui o meu site www.elianepotiguara.org.br atente que a palavra eliane é com “E”. Muito obrigada! LOC: ANOTE O ENDEREÇO DO SITE DA ELIANE: ELIANEPOTIGUARA.ORG.BR. LÁ É POSSÍVEL LER OS SEUS TEXTOS E COMPRAR SUAS OBRAS.     BG   E COMO A GENTE PROMETEU, MARLUCI RIBEIRO TRAZ UM POUCO DA POESIA DE MARCIA KAMBEBA NO ENCANTOS DE VERSOS. BG   O AUTORES & LIVROS DE HOJE VAI FICANDO POR AQUI.   QUER CONHECER MAIS SOBRE OS LIVROS DOS AUTORES CITADOS NO PROGRAMA DE HOJE, ACESSE ENTÃO O INSTAGRAM E USE A #DICASAUTORESELIVROS.   SEMANA QUE VEM, A GENTE CONTINUA FALANDO DE AUTORES INDÍGENAS COM A PARTICIPAÇÃO DE AURITHA TABAJARA, A ENTREVISTA COM EDGAR BORGES E COM DICAS DE LEITURA DE OUTROS ESCRITORES E ESCRITORAS DE ORIGEM INDÍGENA.   AUTORES & LIVROS TEVE APRESENTAÇÃO DE ANDERSON MENDANHA, PRODUÇÃO DE ANA BEATRIZ SANTOS E TRABALHOS TÉCNICOS DE JOSEVALDO SOUZA.    ATÉ A PRÓXIMA. BOA LEITURA!

Transcrição
1º bloco
OLÁ, BEM-VINDOS AO AUTORES E LIVROS, A REVISTA LITERÁRIA DA RÁDIO SENADO.   BG   SOU ANDERSON MENDANHA E O PROGRAMA DE HOJE É TOTALMENTE DEDICADO AOS AUTORES E A LITERATURA INDÍGENA.   MARCIA KAMBEBA, ELIANE POTIGUAR, EDGAR BORGES, DANIEL MUNDURUKU SÃO ALGUNS DOS NOMES QUE ESTÃO AQUI COM A GENTE.   BG (12”)   OS ESTUDIOSOS CONSIDERAM A DÉCADA DE 1990 COMO UM MARCO PARA A LITERATURA INDÍGENA NO BRASIL. A PRODUÇÃO DE TEXTOS POR INDÍGENAS FLORESCEU E ENTROU O SÉCULO 21 COMO MOVIMENTO LITERÁRIO RECONHECIDO E VAI ALÉM: É UMA FORMA DE MANIFESTAÇÃO POLÍTICA, DE AFIRMAÇÃO DE IDENTIDADE E CIDADANIA.   A PRODUÇÃO TEXTUAL INDÍGENA AJUDA A RECONTAR A HISTÓRIA DO BRASIL A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DIFERENTE DA NARRATIVA OFICIAL, QUE AINDA SEGUE MODELOS EUROPEUS. PARA MUITOS AUTORES, A LITERATURA AJUDA A DIVULGAR A CONTRIBUIÇÃO DOS POVOS NATIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA.   DIANTE DA IMENSIDÃO DE ETNIAS E POVOS NATIVOS QUE VIVEM NO BRASIL, O NÚMERO DE ESCRITORES INDÍGENAS PUBLICANDO AINDA É PEQUENO, MAS É CONSISTENTE E ESTÁ DISTRIBUÍDO POR TODO O TERRITÓRIO BRASILEIRO.   ESTE AUTORES E LIVROS VAI APRESENTAR, ENTÃO, ALGUNS DESSES ESCRITORES E ESCRITORAS, QUE MANIFESTAM A ARTE DA ESCRITA EM DIVERSOS GÊNEROS E FORMAS. CONVIDAMOS VOCÊ PARA CONHECER ESSES NARRADORES, CONTISTAS, POETAS, ENSAÍSTAS E COMPOSITORES, HOMENS E MULHERES DE DIVERSOS CANTOS DO BRASIL QUE HONRAM SUA ANCESTRALIDADE E UTILIZAM A LITERATURA PARA TIRAR OS POVOS NATIVOS DA MARGEM DA HISTÓRIA.   COMO DIZ O ESCRITOR KAKÁ WERÁ JECUPÉ, “A LITERATURA É UMA FERRAMENTA DE PROPAGAÇÃO DE VALORES E DE VISÃO DE MUNDO DOS POVOS INDÍGENAS PARA MUITA GENTE, AMPLIANDO O PODER DE DIFUSÃO DE UMA DIVERSIDADE DE SABERES. TORNA-SE, ASSIM, MAIS DO QUE AFIRMAÇÃO DE IDENTIDADE E AUTOESTIMA, UMA FORMA DE PRESERVAR CONHECIMENTOS E DE (RE)EXISTÊNCIA”.   VAMOS JUNTOS ENTÃO CONHECER MAIS DESSA RIQUEZA DA NOSSA LITERATURA.   BG (12”)   A GENTE COMEÇA FALANDO DE DANIEL MUNDURUKU.   ESCRITOR E EDUCADOR, NASCEU EM BELÉM, EM 1964. DURANTE A DÉCADA DE 1970, SOFREU PRECONCEITO E INCOMPREENSÃO E FOI PROIBIDO, NA ESCOLA DE FALAR SUA LÍNGUA ORIGINAL E DE PRATICAR SUA CULTURA.   MAS NADA DISSO O IMPEDIU DE SEGUIR ESTUDANDO. ELE CURSOU HISTÓRIA, FILOSOFIA E PSICOLOGIA, TEM MESTRADO E DOUTORADO NA ÁREA DA EDUCAÇÃO E UM PÓS-DOUTORADO EM LINGUÍSTICA. SEUS TEXTOS ACADÊMICOS ABORDAM PRINCIPALMENTE QUESTÕES EDUCACIONAIS, IDENTITÁRIAS, CULTURAIS E LINGUÍSTICAS DO POVO MUNDURUKU.   É AUTOR DE 54 LIVROS, SENDO BOA PARTE CLASSIFICADA COMO LITERATURA PARA JOVENS E ADOLESCENTES. TODOS ELES COM TEMÁTICAS INDÍGENAS E DEBATES SOCIAIS IMPORTANTES.   ENTRE AS SUAS OBRAS PARA CRIANÇAS O DESTAQUE FICA PARA O LIVRO “MEU AVÔ APOLINÁRIO”, DE 2001, QUE RESGATA PARTE DA VIDA E DO SEU RELACIONAMENTO COM O VÔ APOLINÁRIO, UM VELHO ÍNDIO DO POVO MUNDURUKU, QUE CONTAVA HISTÓRIAS DOS ESPÍRITOS ANCESTRAIS. AS HISTÓRIAS DESTE LIVRO DESCREVEM A PRÓPRIA TRAJETÓRIA DO AUTOR E A DESCOBERTA DE SUAS RAÍZES INDÍGENAS ATRAVÉS DOS ENSINAMENTOS DE SEU AVÔ.   JÁ RECEBEU VÁRIOS PRÊMIOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS POR SUA OBRA LITERÁRIA, ENTRE ELES O JABUTI E O PRÊMIO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS – ABL. NESTE ANO, DANIEL MUNDURUKU TEVE 3 LIVROS INDICADOS AO PRÊMIO JABUTI, EM DUAS CATEGORIAS DIFERENTES, E CONCORREU A UMA VAGA NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.   TEC- BG:   OUTRO NOME DE DESTAQUE KAKÁ WERÁ JECUPÉ. DE ORIGEM TAPUIA, ESCRITOR, AMBIENTALISTA E CONFERENCISTA; KAKÁ É FUNDADOR DO INSTITUTO ARAPOTY, ORGANIZAÇÃO VOLTADA PARA A DIFUSÃO DOS VALORES SAGRADOS E ÉTICOS DA CULTURA INDÍGENA.   WERÁ DESENVOLVE UM EXTENSO TRABALHO DE PESQUISA SOBRE A FORMAÇÃO DO BRASIL, NARRANDO DO PONTO DE VISTA DE POVOS INDÍGENAS ANTERIORES À COLONIZAÇÃO EUROPEIA.   É AUTOR DOS LIVROS A TERRA DOS MIL POVOS - HISTÓRIA INDÍGENA DO BRASIL CONTADA POR UM ÍNDIO E AS FABULOSAS FÁBULAS DE IAUARETÊ.   BG (12”)   QUAL É A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INDÍGENA?   O PROGRAMA AUTORES E LIVROS FEZ ESSA PERGUNTA PARA DIVERSOS ESCRITORES. TRÊS DELES, UM HOMEM E DUAS MULHERES, FALAM SOBRE A ESCRITA, IDENTIDADE, VISIBILIDADE E A CONSCIÊNCIA DE QUE CADA ESCRITOR INDÍGENA TRAZ DENTRO DE SI A VOZ DE TODO O SEU POVO.   TEC- BG   MÁRCIA KAMBEBA, DE ETNIA OMÁGUA/KAMBEBA, NASCEU NUMA ALDEIA TICUNA, ONDE VIVEU ATÉ OS OITO ANOS DE IDADE, QUANDO SE MUDOU COM A FAMÍLIA PARA A CIDADE. GRADUOU-SE EM GEOGRAFIA PELA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS. FEZ O MESTRADO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS.   SUA POESIA MOSTRA SEMELHANÇAS COM A LITERATURA DE CORDEL E REFLETE A VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS E OS CONFLITOS TRAZIDOS PELA VIDA NA CIDADE. MARCIA KAMBEBA ACREDITA QUE A LITERATURA INDÍGENA É UMA FERRAMENTA QUE PERMITE A APROXIMAÇÃO ENTRE OS NÃO-INDÍGENAS E OS POVOS ORIGINÁRIOS. (Marcia Kambeba) “Olá eu sou Marcia Kambeba, sou do povo Omagua-Kambeba do Amazonas, estou falando de Castanhal, no Pará onde moro, sou poeta, escritora ativista, compositora e palestrante de assuntos indígenas e ambientais. Eu venho falar sobre a importância da literatura indígena, a importância dos escritores indígenas. Por que nós escrevemos literatura indígena. Nós escrevemos justamente porque é importante que se tenha o olhar daqueles que vivem e sentem essa luta diariamente. É importante que se tenha o olhar daqueles que vivem esse território essa territorialidade diariamente. A literatura indígena é escrita todos os dias, no barulho do rio, no vaivém das canoas, no coaxar do sapo, no barulho das arvores que se movimentam com o vento. Isso é literatura. A nossa literatura é escrita pela memória dos anciões, que nos contam as realidades vividas, as lutas sofridas diariamente para resistirem e para que nós pudéssemos estar aqui hoje fazendo e desenhando essa memória, tornando ela uma memória escrita, traduzida em forma de letra, signo linguístico. Aprendemos o português, a falar o português e a escrever o português, e hoje ele se torna uma ferramenta para a nossa forma de interligar mundos unindo pontes entre aldeia e cidade. Não deixamos de ser quem somos. A nossa essência continua aqui dentro de nós. A nossa língua materna foi ameaçada mas resistiu junto com os nossos corpos e nossos espíritos e nossa presença nesse planeta. Por isso tudo a literatura indígena escrita pelos povos originários é necessária e precisa ser trabalhada em sala de aula do jeito certo, como a gente procura apresentar a sociedade não-indígena. Por tudo isso é importante sim ler, escrever literatura indígena. Eu escrevo estilo poesia, estilo texto literário, texto acadêmico, prosa, enfim, contos, eu escrevo em vários estilos. E a minha literatura, ela tem contribuído muito nas escolas e também nas universidades. Isso é fundamental, porque ao passo que uma criança lê uma poesia, lê um texto, seja ele crônica, seja ele de cunho universitário, artigo, eu também escrevo artigos. É necessário que as pessoas leiam, porque a partir daí gente consegue ter uma conversa entre os mundos, uma reflexão crítica da nossa própria forma, de como nós estamos sentindo, olhando e trabalhando com essa literatura indígena. Como a gente percebe os povos originários, hoje tão sofridos e tão violentados. Então é importante isso, importante escrever, ler e trabalhar essa literatura. Por tudo isso eu agradeço esse espaço de escuta aqui apresentado para nós. Muito grata! ” E VOCÊ VAI TER A CHANCE DE CONHECER MAIS SOBRE A POESIA DE MARCIA KAMBEBA AINDA HOJE, NO QUADRO ENCANTOS DE VERSOS COM MARLUCI RIBEIRO.   TEC- BG   EDGAR BORGES, ESCRITOR, JORNALISTA E PRODUTOR CULTURAL DE BOA VISTA, CHAMA A ATENÇÃO PARA UM ASPECTO IMPORTANTE DA LITERATURA INDÍGENA: A CAPACIDADE DE REFORMULAR A IMAGEM QUE A SOCIEDADE BRASILEIRA TEM DE SI MESMA.  (Edgar Borges)  “A literatura indígena que vem sendo veiculada  nos últimos anos ela representa muito além de um  fato inspirador, muito além de culturas nativas. Ela representa o fortalecimento da identidade dos povos indígenas. Se a gente levar em conta que por quinhentos e poucos anos ser indígena era algo considerado negativo,  Quando as pessoas começam a se apresentar como representantes nativos, representantes, integrantes de comunidades, olha o que isso representa de maneira geral pra quem é leitor, consumidor. A gente viabiliza uma reformulação da identidade nacional. Isso no sentido amplo. No sentido mais líquido, do livro a livro, digamos assim, a gente consegue levar as histórias dos povos, dos povos que estavam no que hoje é Brasil, para pessoas que talvez nunca soubessem dessas histórias. É um processo árduo, pesado,  dolorido. Aqui em Boa Vista  nós temos algumas pessoas que trabalham mais diretamente com essa temática, que vem produzindo nessa temática, e é muito sofrido, porque se pra quem está na cidade, se autodenomina branco, preto, não-indígena, é um processo difícil editar, imagina pra pessoa da comunidade, como é complicado. Então quando uma voz indígena se levanta e fala das nossas histórias, nossas origens isso é muito importante, em todos os aspectos que a gente considerar, econômico, social, artístico. É fundamental que as pessoas leiam e que as pessoas continuem insistindo em contar essas histórias. BG A GENTE FAZ AGORA UM BREVE INTERVALO E DAQUI A POUCO A GENTE CONTINUA FALANDO DE LITERATURA PRODUZIDA POR INDÍGENAS.

2º bloco
ESTAMOS DE VOLTA, SOU ANDERSON MENDANHA E ESSE É O AUTORES E LIVROS, A REVISTA LITERÁRIA DA RÁDIO SENADO.   HOJE, UM PROGRAMA ESPECIAL DEDICADO À LITERATURA INDÍGENA.   BG (12”)   PROFESSORA, ATIVISTA, CONTADORA DE HISTÓRIAS, EMPREENDEDORA SOCIAL, ELIANE POTIGUARA FOI UMA DAS PRIMEIRAS ESCRITORAS BRASILEIRAS A SE IDENTIFICAR COMO INDÍGENA.   COMO DISSE O EDGAR BORGES, DURANTE QUINHENTOS ANOS, A ORIGEM INDÍGENA ERA ALGO QUE MUITOS PREFERIAM IGNORAR PARA EVITAR O PRECONCEITO E A MARGINALIZAÇÃO. POR ISSO A DECISÃO DE ELIANE VEIO CARREGADA DE SIGNIFICADOS.    FORMADA EM LETRAS E EDUCAÇÃO PELA UFRJ E EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, ELA REPRESENTA OS INDÍGENAS DENTRO E FORA DO BRASIL, EM FÓRUNS VOLTADOS PARA A LITERATURA E ATIVISMO POLÍTICO, COMO A PARTICIPAÇÃO NA REDAÇÃO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS POVOS INDÍGENAS DA ONU.   ELIANE EXPLORA VÁRIOS GÊNEROS LITERÁRIOS E DIVULGA SUA ARTE EM DIVERSOS MEIOS: DO TRADICIONAL LIVRO DE PAPEL ÀS MAIS RECENTES REDES SOCIAIS DISPONÍVEIS NA INTERNET. PARA ELIANE POTIGUARA, A LITERATURA É UMA DAS FORMAS DA POPULAÇÃO INDÍGENA DEMONSTRAR SUA RESISTÊNCIA: (Eliane Potiguara – 1 – T: 1’06’’) “A importância dos escritores indígenas é dar visibilidade a questão indígena. Porque a literatura indígena foi pensada no sentido de a gente como nos indígenas brasileiros, tão sacrificados, sem direitos humanos... sem nossa verdadeiro direitos, neh?  A literatura surgiu como um grito de socorro, com a necessidade de mostrar nossa cultura, nossas tradições. Por isso que eu digo que essa literatura é uma literatura de resistência. Isso você vai encontrar em quase todos escritores, vão estar falando isso. E uma literatura no sentido de resistir enquanto etnia indígena, enquanto povos tradicionais, povo originários. PARA ELIANE, O REGISTRO ESCRITO, EM LÍNGUA PORTUGUESA, DAS TRADIÇÕES QUE ERAM DIFUNDIDAS NAS COMUNIDADES POR MEIO DA ORALIDADE, FOI ESSENCIAL PARA A CONSOLIDAÇÃO DA LITERATURA INDÍGENA, NA ATUALIDADE: (Eliane Potiguara -2 – T: 3’08’’) Então essa literatura foi sendo assimilada pelos autores. Cada um escrevendo suas histórias, seus caminhos, muita das vezes contando contos de suas próprias comunidades, não sou muito fã da palavra lenda, mas suas histórias, de origem de vida, muitas comunidades têm origem de vida nas plantas, nos animais. E muitos indígenas escreveram sobre essas origens de vida, sobre as festas, a festa da mandioca, a festa do milho...  E aí ele vai se transcrevendo, passando pro papel uma oralidade que antes não era respeitada pela sociedade. A antropologia até pode ser respeitada, mas a função da  antropologia foi fazer suas teses, escrever  tratados antropológicos, mas nunca no sentido que o movimento indígena, as tradições, a linguagem oral,  oralidade, a espiritualidade, a ancestralidade ela tivesse uma visibilidade, um protagonismo.  Hoje nós somos protagonistas de nossa história. Nós temos muitos escritores, não vou citar porque serei injusta com outros, mas temos muitos escritores que hoje estão escrevendo em diversos gêneros, gênero poético, descritivo, contos, historias, romances, teatro, poesia, como coloquei. Relatos mesmo de vida pessoal, história de vida de cada um. Porque a história de vida de cada um é um testemunho, a história de vida de cada um é testemunha de um povo. E quando a gente fala individualmente como escritor, a nossa escrita é coletiva, não é individual.  Porque ela vai abordar a história daquele povo, da tradicionalidade daquele povo, as histórias dos avós, os fatos históricos que permeiam aquela comunidade.  Ao meu ver a literatura indígena nunca é individualista. O escritor mesmo que ele seja escreva uma história ele sozinho, ele está reportando um lado coletivo, do seu povo. COM 7 LIVROS PUBLICADOS, EM TEMPOS DE PANDEMIA E ISOLAMENTO SOCIAL, ELA APROVEITA PARA DIVULGAR O SEU TRABALHO EM DIFERENTES LINGUAGENS E PLATAFORMAS, SEM DEIXAR DE LADO O ATIVISMO EM DEFESA DOS POVOS ORIGINÁRIOS. (Eliane Potiguara – 3 – T: 3’28’’) Com relação as minhas obras eu tenho 7 livros publicados, como poesia, historias, historias pra crianças, historias criadas, não são histórias recontadas. Eu não faço recontagem de histórias eu faço criação literária. Eu faço poesia, meus textos descritivo, textos políticos também, muito prefácio de livro, muita orelha de livro, que as pessoas me pedem, principalmente o movimento feminista. Tenho escrito até pra pessoas indígenas  prefácio para seus matérias, tenho feito muito material na internet, com produção literária, vídeos com poesia, com pequenos textos, e tenho publicado minha poesia nos feeds com o objetivo de divulga meu trabalho. Muita gente me pede podcast, entrevistas em áudio, papel, tenho trabalhado muito com lives, para muitas  instituições brasileiras, universidades. Trabalho muito amplo, feiras de livros, esse ano foi muito intensa a minha participação, tenho participado de eventos, com falas contundentes sobre direitos humanos, povos indígenas, literatura, meio ambiente, destruição das matas, violação dos direitos, a questão da mulher, racismo, desenvolvimento comunitário, das terras, segurança alimentar. Tenho falado vários temas, vários temas em fim, que tenho abordado... esse ano foi muito ativo, esse ano e o ano passado, com a covid. Também falo muito da covid, tenho mandado mensagens de alerta...  E isso eu sou uma pessoa que tenho a função de trazer informações escritas, verbais visuais para o povo brasileiro, para escolas universidades, praticamente sociedade envolvente. Eu estou trabalhando em um livro de poesias sobre a questão do amor e a questão da  identidade indígena e estou trabalhando em outro livro de crônicas e textos, crônicas verdadeiras, fatos que aconteceram, nas minhas viagens internacionais e textos políticos com o objetivo de uma análise sobre a conjuntura nacional sobre a questão indígena e meio ambiente. Eu estou na luta, continuo na luta, o ano está findando, eu agradeço aos ouvintes, deixo aqui o meu site www.elianepotiguara.org.br atente que a palavra eliane é com “E”. Muito obrigada! LOC: ANOTE O ENDEREÇO DO SITE DA ELIANE: ELIANEPOTIGUARA.ORG.BR. LÁ É POSSÍVEL LER OS SEUS TEXTOS E COMPRAR SUAS OBRAS.     BG   E COMO A GENTE PROMETEU, MARLUCI RIBEIRO TRAZ UM POUCO DA POESIA DE MARCIA KAMBEBA NO ENCANTOS DE VERSOS. BG   O AUTORES & LIVROS DE HOJE VAI FICANDO POR AQUI.   QUER CONHECER MAIS SOBRE OS LIVROS DOS AUTORES CITADOS NO PROGRAMA DE HOJE, ACESSE ENTÃO O INSTAGRAM E USE A #DICASAUTORESELIVROS.   SEMANA QUE VEM, A GENTE CONTINUA FALANDO DE AUTORES INDÍGENAS COM A PARTICIPAÇÃO DE AURITHA TABAJARA, A ENTREVISTA COM EDGAR BORGES E COM DICAS DE LEITURA DE OUTROS ESCRITORES E ESCRITORAS DE ORIGEM INDÍGENA.   AUTORES & LIVROS TEVE APRESENTAÇÃO DE ANDERSON MENDANHA, PRODUÇÃO DE ANA BEATRIZ SANTOS E TRABALHOS TÉCNICOS DE JOSEVALDO SOUZA.    ATÉ A PRÓXIMA. BOA LEITURA!

Ao vivo
00:0000:00