Longevidade impõe novos desafios ao planejamento patrimonial
Os desafios do planejamento patrimonial crescem com o aumento da longevidade no Brasil. A advogada Laura Brito alerta que modelos focados apenas na sucessão podem comprometer a segurança financeira na velhice. Com o crescimento de casos de demência, o debate ganha urgência. A proposta é repensar prioridades e colocar o bem-estar do próprio planejador no centro das decisões.

Transcrição
O aumento da longevidade no Brasil traz um alerta importante: um planejamento patrimonial feito apenas para herdeiros pode comprometer a segurança de quem envelhece. O chamado planejamento patrimonial, muito usado para organizar a sucessão de bens, pode se tornar um problema quando ignora as necessidades da velhice, especialmente diante do avanço de doenças como a demência. Quem faz esse alerta é a advogada Laura Brito, especialista em Direito de Família e das Sucessões.
(Laura Brito) "A gente precisa começar a falar em um planejamento patrimonial familiar que não tenha como único foco a sucessão, mas antes disso, um foco no envelhecimento saudável e amparado, inclusive como vantagem para toda a família, porque a próxima geração, se ela puder vivenciar uma velhice de seus pais sem grandes preocupações financeiras, porque todo o planejamento foi feito, isso tem vantagens para toda a família."
Segundo a advogada, mudar essa lógica significa inverter prioridades. Antes de pensar na transmissão do patrimônio, é preciso avaliar se os bens e investimentos vão garantir liquidez e segurança para custear cuidados, tratamentos de saúde e uma velhice com autonomia.
(Laura Brito) “Quando a gente faz essa mudança de um planejamento patrimonial familiar que pensa só na sucessão para um planejamento patrimonial familiar que pensa primeiro no envelhecimento dos planejadores, a gente vai ter algumas mudanças práticas. A primeira delas é de que a transmissão rápida e imediata do patrimônio deixa de ser uma prioridade ou um objetivo absoluto.”
Segundo o IBGE, a população de 60 anos ou mais no paí cresceu de 22 milhões para 34,1 milhões, entre 2012 e 2024, um aumento percentual de 53,3%. A expectativa de vida da população brasileira, hoje, é de 76 anos e 6 meses, a maior da série histórica. Da Rádio Senado, sob supervisão de Ana Beatriz Santos, Júlia Fernandes.

