Pacheco considera irracional equiparar o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, considerou uma "irracionalidade" sem "o menor cabimento, a menor lógica, a menor razoabilidade" o projeto que equipara ao crime de homicídio o aborto após 22 semanas no caso de estupro. Ele reafirmou que se aprovada pelos deputados a proposta não será votada rapidamente pelo Senado, sendo discutida nas comissões permanentes. Rodrigo Pacheco destacou que vai respeitar a posição da Bancada Feminina, que deve se reunir nesta quarta-feira (19). A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) declarou que a lei já prevê o direito ao aborto nos casos de risco à mãe, de bebê anencéfalo e de estupro. O presidente da Câmara, Arthur Lira, já afirmou que o projeto não será mais votado diretamente no Plenário porque será debatido numa comissão representantiva no segundo semestre.
![](https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2024/06/18/pacheco-considera-irracional-equiparar-o-aborto-apos-22-semanas-ao-crime-de-homicidio/@@images/32d720de-cec1-45ce-933f-8e2f4b960cad.jpeg)
Transcrição
PRESIDENTE DO SENADO CONSIDERA IRRACIONALIDADE EQUIPARAR O ABORTO POR ESTUPRO AO CRIME DE HOMICÍDIO.
BANCADA FEMININA VAI SE REUNIR PARA MANIFESTAR UM POSICIONAMENTO OFICIAL A RESPEITO DO PROJETO QUE PODE CRIMINALIZAR A VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL QUE INTERROMPER A GRAVIDEZ. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN:
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, reafirmou que não será votado rapidamente o projeto em discussão na Câmara dos Deputados, que equipara ao crime de homicídio o aborto após 22 semanas, incluindo o praticado por vítimas de estupro. Ele voltou a declarar que a interrupção da gravidez é considerada crime, exceto nos casos de risco à vida da mãe, estupro e bebê anencéfalo. Rodrigo Pacheco declarou que a legislação penal já prevê que a vítima da violência sexual tem o direito de não levar adiante a gravidez, independentemente da crença religiosa. Apesar de assegurar que o projeto poderá ser debatido no Senado se aprovado pela Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco disse considerá-lo uma irracionalidade
(Rodrigo Pacheco) "Quando se discute a possibilidade de equiparar o aborto, em qualquer momento, a um crime de homicídio, que é definido pela lei penal como matar alguém, isso de fato é, perdoe-me, uma irracionalidade. Não tem o menor cabimento, a menor lógica, a menor razoabilidade se punir, a título de homicídio, que pressupõe matar alguém com vida, gerada após o parto, com o aborto. A lei penal distingue muito claramente o que é aborto e o que é homicídio. Essa inovação muito infeliz, inclusive, coloca em cheque a própria ciência do direito penal. O direito penal é uma ciência, não é uma vontade de nós legisladores simplesmente de fazer aquilo que nós achamos que tem que acontecer."
O presidente do Senado defendeu um debate técnico e não ideológico sobre o tema. E antecipou que vai defender a posição da Bancada Feminina, que se reúne nesta quarta-feira, para discutir o projeto dos deputados que equipara o aborto ao crime de homicídio após 22 semanas. A vice-presidente do bloco, senadora Soraya Thronicke, do Podemos de Mato Grosso do Sul, disse que é humilhante condenar as vítimas de estupro à prisão por não quererem levar adiante a gravidez.
(sen. Soraya Thronicke) "Todos nós aqui somos a favor da vida. A Bancada Feminina é a favor da vida e o aborto é proibido no nosso país, com três exceções. E não é obrigada a abortar quem foi estuprada e por acaso engravidou. Vai quem quer, de acordo com a sua fé, com a sua consciência porque o Estado é laico. E, justamente, quem tanto fala em liberdade quer tolher a liberdade alheia, quer impor a sua fé. Um verdadeiro fundamentalismo."
Os deputados aprovaram a urgência para votação diretamente no Plenário da Câmara od projeto que equipara o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio. Mas o presidente Arthur Lira anunciou que a proposta será debatida por uma comissão representativa antes de ir ao Plenário no segundo semestre. Da Rádio Senado, Hérica Christian.