Senado debate uso do biometano pela indústria

Transcrição
A COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA DISCUTIU EM AUDIÊNCIA PÚBLICA O PROJETO DOS COMBUSTÍVEIS DO FUTURO. A MATÉRIA ENGLOBA UMA SÉRIE PROPOSTAS VOLTADAS PARA A DESCARBONIZAÇÃO DA ECONOMIA. REPÓRTER CESAR MENDES: Está em análise na Comissão de Infraestrutura o projeto de autoria do deputado Jerônimo Goergen, do Progressistas gaúcho, que estabelece medidas para a descarbonização da economia brasileira, como incentivos para o uso do biometano pela indústria, criação do programa nacional do combustível sustentável para a aviação e regulamentação da captura e estocagem do dióxido de carbono. Na segunda audiência pública para instruir a votação da matéria, a produção do biometano, gás resultante da decomposição de resíduos orgânicos, dominou os debates. José Nilton Vieira, do Ministério das Minas e Energia, defendeu um amplo diálogo entre produtores e consumidores do biometano, que segundo ele é produzido hoje no país a partir de substratos retirados dos resíduos sólidos e esgotos, nas cidades, e também dos dejetos da agropecuária e da biodigestão da linhaça pelo setor sucroalcooleiro: (José Nilton Vieira) "São projetos espacialmente muito dispersos e que fica difícil desenhar políticas que atendem aos diferentes grupos de produtores. Do outro lado, a gente tem diferentes consumidores que vão desde a energia elétrica, hoje mais de 70% do biogás é queimado no próprio local onde há a geração do biogás para produção de energia elétrica, mas temos o uso crescente em setores específicos, como é o caso do pessoal da química, fertilizantes." Lucien Belmonte, da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, questionou a viabilidade comercial do biometano explicando que o gás é precificado com base na cotação do barril de petróleo, 80 dólares hoje, e que o gás natural brasileiro já custa duas vezes mais caro do que o gás vendido no mercado internacional: (Lucien Belmonte) "O biometano não é viável hoje, competitivo, com o gás natural, se cair para 60 dólares o barril de petróleo, vai ficar como? Porque, no final das contas, a gente não está discutindo só o biometano, eu estou discutindo a sobrevivência da indústria." Mas Davi Bomtempo, da Confederação Nacional da Indústria, explicou que o projeto envolve não apenas o biometano, mas também outras inciativas para a descarbonização do setor industrial: (Davi Bomtempo) "Não existe solução única, não é só o biometano, ele vai contribuir de uma forma complementar com a agenda. Então, a gente trabalha muito com o fortalecimento da política nacional de biocombustíveis, traz a opção também em novas formas de descarbonizar, mais aderente a determinados setores, como a questão da eficiência energética." Renata Isfer, da Associação Brasileira do Biogás, disse que o Brasil tem hoje 885 plantas de biogás, que produzem 4,6 milhões de metros cúbicos por dia além de 20 plantas de biometano produzindo 1 milhão de metros cúbicos diários. Renata explicou que existe uma demanda mundial por descarbonização e que o uso de um certificado que identique os produtos brasileiros que empregam biometano vai garantir vantagens comerciais. (Renata Isfer) " Hoje você tem um problema no Brasil que são os lixões e os resíduos também agropecuários, que também são um problema, né, são um passivo ambiental que causam emissões de metano, que causam um grande problema para a nossa sociedade. E você conseguir fazer o biogás, a viabilização, é uma das formas de você justamente conseguir dar o tratamento adequado ao lixo, né e transformando em algo maravilhoso que é a energia renovável, né." Para a representante da Associação Brasileira do Biogás, o texto aprovado pela Câmara adota o melhor formato possível para incentivar o biometano e promover a descarbonização da economia. Veneziano Vital do Rêgo, do MDB da Paraíba, relator da matéria e autor do requerimento da audiência, disse que vai realizar ainda um terceiro debate antes da votação da proposta pela Comissão de Infraestrutura. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.