Laboratórios públicos produzirão remédios para doenças que atingem população mais pobre — Rádio Senado
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Laboratórios públicos produzirão remédios para doenças que atingem população mais pobre

A Comissão de Assuntos Econômicos aprovou nesta terça-feira (16) o projeto (PL 5331/2023), que determina que laboratórios públicos nacionais desenvolvam os princípios ativos para tratar as doenças socialmente determinadas, aquelas que atingem a população mais vulnerável, sem acesso a água potável e esgoto. O relator, senador Paulo Paim (PT-RS), defendeu que essas doenças não despertam interesse da indústria farmacêutica porque não dão lucro, por isso, a transferência de tecnologia será fundamental para estimular parcerias. A proposta segue para votação na Comissão de Assuntos Sociais.

16/04/2024, 16h35 - ATUALIZADO EM 16/04/2024, 16h37
Duração de áudio: 02:37
Foto: Pedro França/Agência Senado

Transcrição
OS LABORATÓRIOS PÚBLICOS PODERÃO SER OBRIGADOS A PRODUZIR REMÉDIOS PARA DOENÇAS QUE ATINGEM A POPULAÇÃO VULNERÁVEL, COMO CHAGAS, DENGUE E LEISHMANIOSE. É O QUE APROVOU, NESTA TERÇA-FEIRA, A COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS. REPÓRTER MARCELLA: A Comissão de Assuntos Econômicos aprovou o projeto que obriga laboratórios farmacêuticos públicos que tenham condições técnicas apropriadas a produzir princípios ativos destinados ao tratamento de doenças predominantes na população de baixa renda. Entre elas, estão aquelas que atingem moradores de regiões tropicais e subtropicais que não têm acesso a esgoto tratado, água potável e condições adequadas de higiene e moradia. No Brasil, as mais comuns são doença de Chagas, dengue, esquistossomose, leishmaniose e hanseníase, entre outras. Ao defender a proposta, o senador Otto Alencar, do PSD da Bahia, que é médico, lembrou que muitas podem ser curadas se identitificadas no início: (sen. Otto Alencar) "Essas doenças chamadas negligenciadas são doenças que afetam as pessoas economicamente mais fracas, pobres, e elas cursam ainda, no nosso país, como doenças endêmicas. Portanto, tomar a iniciativa, o país, de ter um laboratório para a produção desses medicamentos, porque são doenças, quando detectadas no início, completamente controladas, algumas delas, de cura total da doença, como é o caso da identificação da doença de Hansen ou da lepra, cura total dela, sem nenhuma dúvida." O relator do projeto, senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, reforçou que, apesar de serem consideradas um problema de saúde global, há um gargalo para o tratamento de doenças negligenciadas. Por isso, defendeu que o poder público deve desenvolver estratégias para o fornecimento dos medicamentos necessários: (sen. Paulo Paim) "As doenças negligenciadas não despertam o interesse da indústria farmacêutica, orientada pelo lucro. O baixo poder aquisitivo e a reduzida influência política das populações mais afetadas desestimularam o investimento privado em pesquisa e desenvolvimento e a própria produção de medicamentos e insumos na escala necessária." Paim também defende que a proposta vai estimular parcerias nacionais e internacionais de transferência de tecnologia e conhecimentos para os laboratórios brasileiros. As despesas com a produção dos fármacos serão financiadas com o orçamento de Seguridade Social previstas no Ministério da Saúde. Segundo a pasta, entre 2017 e 2021, as chamadas "doenças determinadas socialmente" foram responsáveis pela morte de mais de 59 mil pessoas no Brasil. O texto segue para análise da Comissão de Assuntos Sociais. Da Rádio Senado, Marcella Cunha.

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