Conselho de Comunicação Social debate remuneração por conteúdo jornalístico nas plataformas digitais
O Conselho de Comunicação Social discutiu nesta segunda-feira (4) a taxação de plataformas digitais pela veiculação de conteúdo jornalístico. A conselheira Marisa Von Bulow disse que a União Europeia regulamentou esse pagamento em 2019; a Austrália, em 2021; e o Canadá, no ano passado. Marcelo Rech, da Associação Nacional de Jornais, pediu que sejam taxados também os desenvolvedores de inteligência artificial. E outra conselheira, Maria José Braga, defendeu a proposta da Federação Nacional dos Jornalistas de criação de uma Cide como melhor instrumento para taxação do setor.
Transcrição
O CONSELHO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DISCUTIU O PAGAMENTO POR CONTEÚDO JORNALÍSTICO VEICULADO PELAS PLATAFORMAS DIGITAIS.
PROPOSTA DA FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS QUER DESTINAR PARTE DOS RECURSOS ARRECADADOS PARA O FOMENTO DO JORNALISMO. REPÓRTER CESAR MENDES.
A conselheira Marisa Von Bulow disse que o Brasil tem que avançar na regulamentação da remuneração do conteúdo jornalístico pelas plataformas digitais e o tema é cada vez mais relevante e mais complexo. Ela explicou que o ano de 2019 foi um marco nesse debate, em virtude da aprovação de uma diretiva na União Europeia tratando desse tipo de pagamento. Segundo ela, em 2021 a Austrália aprovou a sua lei, o Canadá regulamentou o assunto no ano passado e, há cerca de um mês, foi a vez da Indonésia. Inciativas que servem como referência para combater o que foi chamado pela conselheira de desordem informacional.
'' Desordem informacional porque vai bem além da desinformação, não é? Todo o tema das notícias falsas é absolutamente central, foi central na pandemia, foi central em todos os processos eleitorais do mundo todo, vai continuar sendo, mas vai bem além disso. Tem a ver com o perigo da perda ou da diminuição da qualidade da informação a qual a gente tem acesso.''
O presidente da Associação Nacional de Jornais, Marcelo Rech, defendeu a valorização do jornalismo profissional e pediu atenção especial para os desenvolvedores de inteligência artificial.
'' 30% dos conteúdos deles são originados em jornalismo profissional, portanto deveriam ser incluídos sim numa taxação e ainda superior ao das plataformas. Usam aí um terço quase dos conteúdos, foram extraídos sem autorização, foram ingeridos sem autorização pelos provedores de conteúdos jornalísticos de todas as dimensões.''
Para a conselheira Maria José Braga, é preciso pensar em uma política de Estado para o fomento do jornalismo, já que boa parte da crise dos veículos jornalísticos é resultado da migração dos anunciantes para as plataformas digitais. Maria José apresentou a proposta de taxação elaborada pela Federação Nacional dos Jornalistas.
'' É a proposta da taxação das plataformas digitais por meio da criação de uma Cide e nós estudamos bastante para chegar nessa indicação da Cide. E por que a Cide? Cide é um dispositivo tributário constitucional que não é um imposto, mas é um tributo e que incide sobre setores da economia que interferem em outros setores da economia.''
Ela explicou ainda que os recursos arrecadados com a taxação das plataformas digitais seriam destinados a um fundo público de fomento ao jornalismo. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.