Consciência Negra: vamos relembrar Laélia de Alcântara, 1ª senadora negra — Rádio Senado
Representatividade

Consciência Negra: vamos relembrar Laélia de Alcântara, 1ª senadora negra

Em celebração ao Dia da Consciência Negra (20), relembramos a primeira senadora negra da história do Brasil, Laélia de Alcântra. A senadora foi uma das primeiras parlamentares a trazer ao Congresso Nacional as pautas de igualdade racial e de gênero.

20/11/2023, 17h51 - ATUALIZADO EM 20/11/2023, 17h51
Duração de áudio: 04:38
justicaeleitoral.jus.br/tse-mulheres/

Transcrição
ESTAMOS NO MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA E HOJE VAMOS RELEMBRAR A PRIMEIRA SENADORA NEGRA DA HISTÓRIA DO BRASIL, LAÉLIA ALCÂNTARA. O COMBATE AO RACISMO FOI UM TEMA PRESENTE EM SUA ATUAÇÃO NO PARLAMENTO. REPÓRTER LUANA VIANA: Laélia Alcântara nasceu em Salvador-Bahia em 07 de julho de 1923. Ela se mudou para Rio de Janeiro para fazer a faculdade de medicina, depois de formada, foi trabalhar no Acre, em um momento que tinham apenas 6 médicos na região, sendo a única mulher entre eles. Em 1981, aos 57 anos, assumiu o cargo de senadora pelo PMDB do Acre, quando tomou posse como suplente do senador Adalberto Sena, que havia morrido. Ao longo de sua atuação no Senado, Laélia foi uma voz ativa na defesa do processo de redemocratização. São palavras da senadora em discurso em maio de 1981: LOCUTORA: — Não vejo razão para que os senhores senadores da situação tenham tanto medo de votar num projeto que fala por si só numa democracia, mas numa democracia verdadeira, em que o povo terá sua vez de falar, e não numa democracia forjada. Esse projeto não vai diminuir em nada os desejos do governo, se este realmente tem o desejo de abertura total, e não dessa abertura que até agora só vejo como uma fresta em uma porta. Abertura total seria partir realmente para uma verdadeira democracia. (sobe bg) Como a terceira senadora mulher da história, depois da Princesa Isabel e de Eunice Michelis, Laélia de Alcântra se preocupou em dar voz ao discurso de equidade de gênero. Para a senadora, as desigualdades entre homens e mulheres só diminuiriam se o parlamento criasse mecanismos que diminuíssem a discriminação educacional das meninas e discutissem a igualdade salarial. Sobre a temática, a senadora Teresa Leitão, do PT de Pernambuco, defendeu o pioneirismo de Laélia.  Esse discurso, feito há 40 anos, é profético porque, de fato, a igualdade salarial entre homens e mulheres é um ponto fundamental para vencer as desigualdades e vencer os preconceitos. Autonomia econômica das mulheres é fundamental para a sua autonomia e para a sua Liberdade. E hoje a gente vê que o governo do presidente Lula consolidou em lei essa igualdade salarial entre homens e mulheres. Laélia Alcântara se apresentou como uma forte liderança negra ao defender que o discurso de um país sem racismo e meritocrático era uma farsa e que, por isso, era necessário que a sociedade desse oportunidades reais para os negros e não reservassem a eles apenas posições subalternas. Em evento na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, Laélia disse: LOCUTORA: — Os negros têm tudo para furar a barreira da penúria e da estagnação. Já é tempo de não mais se situarem nos pontos mais críticos dos gráficos, nos índices mais medíocres das estatísticas, nos parágrafos mais soturnos dos relatórios e nos segmentos mais inferiores das pirâmides. A massa de negros em nossa terra não permaneceu de braços cruzados diante da escravidão. Ela reagiu por todos os modos e como pôde. Protestou por meio de quilombos, fugas, rebeliões e até crimes cometidos contra senhores e feitores. Foi sempre altivo e continua a sê-lo. É um erro histórico dar à escravidão brasileira o aspecto de falsa suavidade. O negro é um insubmisso diante de toda forma de arbítrio e opressão. Para Teresa Leitão, do PT de Pernambuco, a história de Laélia, como de outras mulheres negras, enfrentou um processo de invisibilização: Laelia de Alcântara, cumpre um papel fundamental, mulher negra, senadora, em um espaço muito fechado para as mulheres. Isto naquele tempo, há 41 anos, e naquele período, invisibilizar uma mulher era mais fácil do que hoje e realmente toda a coragem, toda a determinação de Laélia não tiveram a visibilidade necessária, mas ela foi muito necessária para a nossa luta como precursora dessa luta. Laélia Alcântara faleceu aos 82 anos, em 2005, no Rio de Janeiro. Sob a supervisão de Marcela Diniz, da Rádio Senado, Luana Viana.

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