Em depoimento, Anderson Torres ironiza "minuta do golpe" e nega omissão — Rádio Senado
CPMI do 8 de Janeiro

Em depoimento, Anderson Torres ironiza "minuta do golpe" e nega omissão

Em depoimento à CPMI 8 de Janeiro, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, negou o uso político das Polícias Federal e Rodoviária Federal e chamrou de aberração jurídica a chamada minuta do golpe. Anderson Torres negou omissão enquanto secretário de Segurança Pública do DF ao afirmar que só viajou aos Estados Unidos no dia 6 de janeiro após relatos de baixa adesão ao ato convocado para o dia 8. A relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), pediu uma acareação entre Torres e o ex-superintendente da PF na Bahia, Leandro Almada, que confirmou pedidos do ex-ministro da Justiça para atuação da corporação em cidades do Nordeste no segundo turno das eleições. O senador Marcos Rogério (PL-RO) avalia que o depoimento de Anderson Torres reforça a omissão do governo federal nos atos do dia 8 de janeiro.

08/08/2023, 19h55 - ATUALIZADO EM 08/08/2023, 20h00
Duração de áudio: 04:03
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Transcrição
EX-MINISTRO DE BOLSONARO CHAMA “MINUTA DO GOLPE” DE ABSURDO E FANTASIOSA E NEGA OMISSÃO NOS ATAQUES DO DIA 8. RELATORA DA CPMI PEDE ACAREAÇÃO COM DELEGADO DA PF SOBRE INGERÊNCIA POLÍTICA NAS ELEIÇÕES. OPOSIÇÃO DIZ QUE DEPOIMENTO MOSTRA APAGÃO INTENCIONAL DO GOVERNO NO DIA DOS ATAQUES. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN Apesar do habeas corpus, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, que foi secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, respondeu às perguntas dos parlamentares. Negou ingerência dele ou de Bolsonaro nas Polícias Federal e Rodoviária Federal ao justificar que a visita à Superintendência da PF em Salvador não tratou do segundo turno das eleições e ao reforçar que as fiscalizações da PRF no Nordeste foram para combater a compra de votos e não para impedir o deslocamento de eleitores do presidente Lula no segundo turno das eleições. Anderson Torres classificou de fantasioso o documento encontrado na casa dele conhecido como minuta do golpe afirmando ser uma aberração jurídica imprestável para qualquer fim, por isso, não foi levado adiante. Afirmou desconhecer o autor do texto, que foi parar na casa dele junto com outros papeis que seriam analisados, mas que após a leitura, seria descartado. Em relação aos ataques do dia 8 de janeiro, Anderson Torres negou qualquer omissão e declarou que a CPMI deve apurar quem falhou: se a Polícia Militar ou o governo federal. Disse que viajou aos Estados Unidos no dia 6 de janeiro com a consciência tranquila porque após reunião com os envolvidos na segurança pública, foi informado sobre o esvaziamento dos acampamentos dos apoiadores de Bolsonaro e da baixa adesão para o ato chamado para o dia 8. Ele deixou claro que não recebeu informes da Abin alertando para ameaças de invasões. Anderson Torres reforçou que deixou pronto o Protocolo de Ações Integradas.    Quando eu viajei, não havia informação de inteligência. O Protocolo de Ações Integradas, se ele tivesse sido observado à risca, não teria ocorrido os fatos do dia 8 janeiro. Viajei extremamente tranquilo por esses dois fatores: primeiro, as imagens do acampamento daquele dia, e segundo, o PAI, que ficou assinado com as determinações para as instituições e órgãos e agências trabalharem no dia do oito de janeiro. A relatora, Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, ressalta que Anderson Torres admitiu responsabilidade no dia 8/1 ao sair de férias apesar dos alertas de inteligência enviados desde o dia 2 de janeiro pela Abin. Ela anunciou uma acareação entre o ex-ministro e o ex-superintendente da Polícia Federal na Bahia, Leandro Almada, que confirmou em depoimento à PF que Torres teria pedido atuação da corporação no segundo turno das eleições em cidades do Nordeste. Relatado pelo Almada no depoimento à Polícia Federal o ponto específico foi o debate acerca dos pontos de votação, sobretudo, os pontos onde o então candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva teria uma proeminência maior de votos. O Almada coloca isso de forma clara e diz que não foi apenas uma visita para órgãos em construção da Polícia Federal. O Anderson Torres afirma nesta comissão que isso não é verdade. Eu estou protocolando, inclusive, uma acareação entre os dois. Ao ressaltar o Protocolo de Ações Integradas, com roteiro detalhado de ações de segurança no caso de invasão, o senador Marcos Rogério, do PL de Rondônia, declarou que o Ministério da Justiça e o próprio Palácio do Planalto não reagiram aos atos violentos.  Eu acho que houve uma falha sistêmica. A Polícia Militar falhou? Falhou! Não estava aqui. Agora onde estava a Força Nacional? Onde estava a Guarda Presidencial? O que o GSI fez com as informações que a Abin repassou? Por que que não tomou as providências no sentido de guarnecer, de proteger o Palácio do Planalto? Sabendo do que estava para acontecer deixou de agir deliberadamente, por que? Então, acho que esses pontos é que nós temos que avançar com a investigação e esclarecer. A CPMI do 8 de Janeiro deverá ouvir na quinta-feira o hacker Walter Delgatti Neto, preso por tentativa de invasão aos sistemas eletrônicos do Judiciário e de telefones de autoridades. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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