Relatora avalia que quebras de sigilo vão ajudar nos próximos depoimentos da CPMI — Rádio Senado
8 de janeiro

Relatora avalia que quebras de sigilo vão ajudar nos próximos depoimentos da CPMI

Nos primeiros meses de funcionamento, a CPMI do 8 de Janeiro se dedicou a depoimentos de testemunhas e investigados a respeito de fatos ocorridos antes da invasão à sede dos três Poderes em Brasília. Foram ouvidos o condenado pela tentativa de explosão de uma bomba num caminhão tanque nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília, George Washington, e os peritos da Polícia Civil do Distrito Federal sobre o episódio do dia 24 de dezembro. O coronel da PMDF, Jorge Naime, preso por omissão, disse à CPMI que as Forças Armadas impediram a retirada do acampamento de apoiadores de Bolsonaro. Já o ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasquez negou uso da corporação no segundo turno das eleições em cidades do Nordeste. O coronel do Exército, Jean Lawand Júnior, disse que as mensagens trocadas com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, não eram para defender um golpe de eestado, mas para convencer o então presidente a reconhecer o resultado das eleições e acabar com os acampamentos. Mauro Cid, por sua vez, permaneceu em silêncio. O senador Jorge Seif (PL-SC) disse que o governo, contrário à CPMI, tenta envolver Bolsonaro no 8 de Janeiro. A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), esclareceu que não pode avançar nos depoimentos porque as quebras de sigilo não haviam sido aprovadas.

18/07/2023, 15h30 - ATUALIZADO EM 18/07/2023, 15h31
Duração de áudio: 03:57
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Transcrição
OPOSIÇÃO DIZ QUE GOVERNISTAS USAM DEPOIMENTOS DE TESTEMUNHAS NA CPMI PARA TENTAR ENVOLVER O EX-PRESIDENTE BOLSONARO NOS ATOS DO DIA 8 DE JANEIRO. RELATORA AVALIA QUE QUEBRAS DE SIGILO VÃO AJUDAR NAS PRÓXIMAS OITIVAS A SEREM RETOMADAS EM AGOSTO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN Instalada no dia 25 de maio, a CPMI do 8 de Janeiro realizou oito audiências. Entre elas, três para a votação de requerimentos destinados à convocação de testemunhas e de compartilhamento de informações. Por sugestão da relatora, senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, a CPMI está investigando fatos que ocorreram antes dos ataques às sedes dos três Poderes em Brasília. O primeiro do dia 12 de dezembro do ano passado, quando da diplomação do presidente Lula no Tribunal Superior Eleitoral, se refere à tentativa de invasão à sede da Polícia Federal na Capital Federal após a prisão de um apoiador do ex-presidente Bolsonaro. O segundo do dia 24 de dezembro trata da colocação de uma bomba num caminhão-tanque nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília. Um dos condenados pela tentativa de ataque, George Washington de Oliveira, prestou depoimento à CPMI. Confirmou presença no acampamento de apoiadores de Bolsonaro em Brasília, mas negou relação desse caso com o 8 de Janeiro. O delegado e dois peritos da Polícia Civil do Distrito Federal também foram ouvidos sobre o fato. Já o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, negou o uso da corporação no segundo turno das eleições, quando ônibus com eleitores de Lula foram parados em diversas cidades do Nordeste. À CPMI o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Naime, disse que as Forças Armadas impediram a retirada do acampamento em frente ao Quartel General do Exército. Acusado de omissão, ele está preso desde fevereiro por decisão do STF. Também em depoimento à CPMI, o coronel do Exército, Jean Lawand Júnior, negou ter defendido um golpe de estado ao justificar que as mensagens trocadas com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, foram para que o colega convencesse o então presidente da República a vir à público e defender o resultado das eleições. Já Mauro Cid se valeu de um habeas corpus para não responder às perguntas dos parlamentares. Mas disse que a indicação para o cargo foi das Forças Armadas e que desempenhava papel de um secretário-executivo. O senador Jorge Seif, do PL de Santa Catarina, ressaltou que a base aliada, contrária à criação da CPMI, não conseguiu comprovar o envolvimento do ex-presidente Bolsonaro em nenhum dos episódios. Você lembra do 7 a 1 da Alemanha no Brasil? Hoje nós da oposição é o 7 a 1 porque eles não queriam a CPMI. Após as imagens da CNN, criamos a CPMI. Infelizmente, foi loteada por governistas que só querem realmente trazer essa narrativa mentirosa de que o presidente Bolsonaro é golpista, não sei o quê, não sei o quê. Então, todas as testemunhas que vieram até agora elucidaram e não conseguem nada: só narrativa, só falatório. A relatora Eliziane Gama argumentou que os primeiros depoimentos ocorreram sem a quebra de sigilos, o que impossibilitou o acesso a informações que poderiam ser confrontadas com as testemunhas e investigados. (Eliziane) Foram dois meses iniciais para a gente poder pegar o ritmo. A gente conseguiu aprovar nessa primeira leva agora um volume muito grande de requerimentos de quebras de sigilo, que eles são fundamentais para as oitivas, eles são fundamentais para investigação. Então, eu acho que foi um bom momento, foi uma boa etapa e agora é esperar o retorno para que a gente possa engrenar e com uma intensidade de oitivas e também naturalmente aí com a aprovação de novos requerimentos. Em agosto, os parlamentares terão uma sessão para a votação de mais requerimentos e para a definição dos depoimentos das testemunhas já convocadas, entre elas, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, e do Gabinete de Segurança Institucional de Lula, general G. Dias. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

Ao vivo
00:0000:00