Especialistas alertam sobre riscos do uso do paracetamol em gestantes — Rádio Senado
Audiência pública

Especialistas alertam sobre riscos do uso do paracetamol em gestantes

Audiência na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) debateu a Declaração de Consenso publicada no periódico Nature Reviews Endocrinology sobre os riscos do uso de paracetamol por gestantes. Especialistas afirmam que apesar de o estudo não ser conclusivo, as evidências justificam o alerta. A iniciativa (REQ 64/2022-CAS) para o debate é do senador Eduardo Girão (Podemos-CE).

15/12/2022, 14h34 - ATUALIZADO EM 15/12/2022, 18h35
Duração de áudio: 02:45
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Transcrição
ESPECIALISTAS ALERTAM SOBRE RISCOS DO PARACETAMOL NA GRAVIDEZ. E REPRESENTANTE DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA AFIRMA QUE APESAR DE OS ESTUDOS NÃO SEREM CONCLUSIVOS, ESTÁ MANTIDA A RECOMENDAÇÃO DO MEDICAMENTO. O ASSUNTO FOI DISCUTIDO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. Segundo alerta feito por pesquisadores dos Estados Unidos, Brasil e países da Europa, o uso do paracetamol em gestantes está associado a maior risco de problemas neurológicos, como Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno do Espectro Autista, dificuldade de linguagem e outras más-formações no bebê. A Declaração de Consenso de Alerta foi baseada em revisão de estudos dos últimos 25 anos e publicada no periódico Nature Reviews Endocrinology no ano passado, como explicou o senador Eduardo Girão, do Podemos cearense, que pediu o debate. Vamos ter daqui a 20 anos uma criança autista em cada núcleo familiar. Neste estudo mostra uma relação do paracetamol com o autismo. O objetivo desta sessão é levar informações para a sociedade, de resguardar vidas, de poupar sofrimentos das pessoas. A gente sabe do poderoso lobby da indústria farmacêutica, isso aí é fato, e aqui no Senado a gente não vai abrir mão de fazer o nosso papel de levar a verdade para as pessoas. Ao explicar que o paracetamol é responsável por mais da metade dos casos de insuficiência hepática aguda, a médica obstétrica Bruna Pitaluga destacou que o medicamento também ultrapassa a barreira que protege o sistema nervoso central e o cérebro do bebê. E esta passagem da barreira hematoencefálica agora expõe não só o fígado fetal, mas também vai expor o cérebro fetal. E Esta é uma condição importantíssima naquilo que nós estamos querendo chamar a atenção. Representando a Associação da Indústria para Autocuidado em Saúde, Marli Sileci citou diversos estudos de organizações ao redor do mundo que questionam as conclusões sobre os danos do paracetamol em gestantes, por isso, recomendam mais pesquisas. Mas para um dos autores do estudo, o professor da Universidade Federal do Paraná, Anderson Andrade, é preciso fazer o alerta.  Existem incertezas em relação a esses dados, mas nós acreditamos que as evidências existentes já são suficientes para que seja dado um alerta, ou seja, alertar gestantes, alertar profissionais de saúde de forma que o paracetamol possa ser usado somente quando necessário, pelo menor tempo possível e com a menor dose possível. Janini Ginani, representante do Ministério da Saúde, destacou que a pasta promove ações em benefício da saúde da gestante, e orienta sobre os perigos da automedicação. Também participaram do debate, representantes do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Ayurveda. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

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