CRA debate política de segurança alimentar — Rádio Senado
Audiência pública

CRA debate política de segurança alimentar

Em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), representantes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO - Brasil), da Ação da Cidadania e da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional debateram sobre a segurança alimentar no país. Segundo o autor do requerimento para realizar a audiência, o presidente do colegiado, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), as contribuições subsidiarão PL que dará ao governo federal alternativas para enfrentamento da fome no Brasil.

13/05/2022, 14h22 - ATUALIZADO EM 13/05/2022, 14h22
Duração de áudio: 03:34
Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
A COMISSÃO DE AGRICULTURA E REFORMA AGRÁRIA DEBATEU A POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM AUDIÊNCIA PÚBLICA. OS PARTICIPANTES DESTACARAM A CAPACIDADE PRODUTIVA DO BRASIL, A IMPORTÂNCIA DE GERAR RENDA E O PAPEL DOS PEQUENOS PRODUTORES NA SEGURANÇA ALIMENTAR DOS BRASILEIROS. A REPORTAGEM É DE BIANCA MINGOTE. A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária debateu em audiência pública a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional que visa promover e garantir o acesso à alimentação adequada e saudável em todo território nacional. O autor do pedido da audiência pública, o senador Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia, disse que a comissão irá fazer uma análise da referida política para entender as causas do retrocesso do país na questão da fome. De acordo com dados apresentados por especialistas, em 2020 quase 60% dos brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar e 20 milhões em situação de fome. Mesmo com aumento na produção de alimentos no Brasil, o país, que tinha saído do Mapa da Fome em 2014, voltou a integrá-lo em 2018. Segundo o relatório mais recente da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, 23,5% da população brasileira vivenciou insegurança alimentar moderada ou severa entre 2018 e 2020 e houve um aumento de 5,2% em comparação com o último período analisado, que foi de 2014 a 2017. Nesse cenário, 49,6 milhões de pessoas, entre elas crianças, deixaram de comer por falta de dinheiro ou tiveram uma redução na qualidade e na quantidade de alimentos ingeridos. Para o senador Acir Gurgacz, é importante analisar de forma criteriosa e sensível a política pública. É de fundamental importância que façamos uma análise dessa política pública com base técnica, sustentada em dados e números, mas também com sensibilidade política para apontarmos os erros e acertos e os novos caminhos que teremos que tomar para não agravarmos o problema da fome, para que possamos ampliar a produção de alimentos, mas, principalmente, para que possamos colocar alimentos na mesa de todos os brasileiros. Sérgio De Zen, representante da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, destacou o aumento da produção de alimentos no país e a capacidade produtiva do Brasil. O Brasil resolveu muito bem o seu problema de oferta de  alimentos. A agricultura brasileira é uma das mais eficientes do mundo. O que a gente produz é um pouco mais de cinquenta e um milhões de hectares. A gente planta sessenta e quatro, sessenta e oito milhões de hectares de lavoura. O que significa isso? Nós produzimos na mesma terra duas lavouras, duas safras. Já o diretor executivo da Ação da Cidadania, Rodrigo Afonso, apontou que a segurança alimentar no Brasil não está no rumo certo. Para ele, é inaceitável o país ser o maior produtor e ter um alto número de brasileiros passando fome ou com insegurança alimentar. Rodrigo Afonso relacionou o alto índice de fome no país com o modelo de produção de alimentos.   Hoje nós temos um celeiro mundial de produção de alimentos que é muito falado, mas que faz o nosso povo brasileiro, infelizmente, passar fome. É claro que tem 400 outras causas, mas uma das causas é a produção de alimentos no Brasil. Olhando um modelo que privilegia a exportação de commodities enquanto os pequenos produtores recebem cada dia menos apoio, será que, de fato, a gente precisa subsidiar tanto a soja, a cana, que são usados para exportação, enquanto a gente deixa de lado quem alimenta de fato o Brasil? Rafael Zavala, representante da FAO no Brasil, destacou que uma das soluções é a garantia de renda, ou seja, gerar empregos que possibitarão às pessoas comprar o alimento, assim como o investimento e a manutenção de programas sociais. Sob a supervisão de Maurício de Santi, da Rádio Senado, Bianca Mingote.

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