Comissão debate aumento da desigualdade social na pandemia — Rádio Senado
Covid-19

Comissão debate aumento da desigualdade social na pandemia

A Comissão da Covid-19 discutiu, nesta sexta-feira (11), os impactos econômicos e sociais da pandemia. O economista Ricardo Paes de Barros criticou a abrangência do auxílio emergencial e defendeu que o foco deveria ser os 11 milhões de brasileiros que ficaram desempregados por causa da crise sanitária. Para o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), é preciso qualificação profissional para a reinserção dessas pessoas no mercado de trabalho. 

11/06/2021, 18h05 - ATUALIZADO EM 11/06/2021, 20h13
Duração de áudio: 02:35
Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
LOC: O AUXÍLIO EMERGENCIAL NÃO É A SOLUÇÃO PARA O AUMENTO DA DESIGUALDADE SOCIAL REGISTRADO DURANTE A PANDEMIA. FOI O QUE APONTARAM ESPECIALISTAS EM AUDIÊNCIA NA COMISSÃO DA COVID-19. LOC: PARA O SENADOR STYVENSON VALENTIM, É PRECISO INVESTIR EM QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL PARA COMBATER O DESEMPREGO. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA TÉC: A comissão da covid-19 discutiu as necessidades da população durante e após a pandemia. Segundo o governo federal, 66 milhões de pessoas receberam diretamente o auxílio emergencial. Considerando o impacto familiar, esse dinheiro teria beneficiado cerca de 60% da população brasileira. Mas para o economista Ricardo Paes de Barros, é importante saber quem são as pessoas que precisam de mais assistência, para não fazer o que chamou de política cega. Segundo Paes de Barros, o foco deveria ser as 11 milhões de pessoas que perderam o emprego durante a pandemia. (Paes de Barros) Embora existam milhões de pobres, cada pobre tem necessidades diferentes. Por isso que o auxílio emergencial é um programa cego. Ele, obviamente, não vai funcionar, porque ele chega a 66 milhões de pessoas, e, obviamente, eu não tenho 66 milhões de famílias pobres no Brasil. Onze milhões não é igual a 60 milhões. E eu preciso saber quem são esses 11 milhões e dar um atendimento fantástico para eles. (REP) O senador Styvenson Valentim, do Podemos do Rio Grande do Norte, disse que é preciso qualificar os trabalhadores para facilitar a reinserção no mercado de trabalho. (Styvenson) Mas que emprego seria esse para uma população que não vai para escola, que tá com índice de evasão altíssima. Que emprego é esse que a gente está falando em uma sociedade tão tecnológica, tão evoluída. Então é difícil quando a gente busca solução dessa distribuição de renda quando a gente não passa por uma educação que coloque essa pessoa realmente no mercado de trabalho. (REP) Segundo o diretor do FGV Social, Marcelo Neri, os efeitos negativos da pandemia foram sentidos principalmente na renda do trabalhador, que chegou a cair 11%. No entanto, Neri argumentou que o auxílio emergencial contribuiu para a diminuição da taxa de pobreza, gerando o que chamou de um grande paradoxo. (Marcelo) Com o auxílio emergencial, ela caiu à metade, lembrando que a meta do milênio era cair à metade em 25 anos; a gente fez isso instantaneamente com a adoção do auxílio. A pobreza caiu muito, foi no maior nível da série histórica, talvez a gente tenha feito demais, no meio de uma pandemia a gente ter o menor nível de pobreza é uma situação muito interessante, mas não sustentável. (REP) Segundo os debatedores, outro impacto forte da pandemia foi no tempo de aula nas escolas, que caiu de 4h para 2 horas e 23 minutos. O principal motivo para não estudar foi o não recebimento de material escolar. A evasão também afetou principalmente as crianças entre cinco e nove anos. Da Rádio Senado, Marcella Cunha

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